Milágrimas de sonho e um ano de Jornal Empoderado

Quantas milágrimas são necessárias para se afogar um sofrimento?

Com quantas recusas, se forma uma frustração? Em uma vida onde a luta é verbo, quantos “nãos” ouvidos, o recrudescimento intelectual precisa para assassinar o verso? Até quando…

Até quando vai ficar vendo o classismo, o seletivismo, e todo o elitismo acabar com tudo que você sonha? Basta!

Chega um momento na vida que o “Não” a ser dito, precisa vir para afirmar um outro estado espírito, um novo canto, uma nova ordem social. É a hora que o povo acorda, que o tambor toca, que a rima vocifera e os sons de instrumentos de samba e luta, ecoam a fúria santa e vital que surge para dar voz para a periferia.

Tudo isso aconteceu ha um ano atrás. Tudo isso aconteceu quando Anderson Moraes criou o Jornal Empoderado.

Um projeto ousado nascido do sonho de um jovem que vejam só… Ousou dar voz e espaço para a produção de autores qualificados que não têm espaço em mídias tradicionais. Que teve coragem de criar um lugar para a abordagem de temas que abrangem a cultura popular numa perspectiva diferente da abordagem massificada pela indústria cultural. Um jornal do povo, feito pelo povo, para dar visibilidade aos que são invisíveis aos olhos de uma grande parte da mídia interessada em outros fins, os quais essa gente, passa ao léu.

Semana passada esse jornal fez um ano. Anderson me convidou para a festa na Galeria Olido no centro de São Paulo e então fui até la. Chegando, o vi bonito, de terno, gravata e um brilho no olho que iluminou toda a cidade naquela noite que, sabedora da presença de Anderson e o seu Jornal, decidiu ser bela, se apresentou lunimosa, com uma lua de um milhão de amores.

Porque até ela, a lua, quis saudar Anderson Moraes.

Com os olhos de brilho, com um sorriso de vários Zé Kéti’s, numa classe de Coltrane e com toda a emoção de um milhão de Otelos, Anderson contou em seu discurso, como fez, de como faz e como sobrevive o seu sonho de ter um jornal para todas as Gentes falarem e participarem. Da luta do dia a dia, dos sabores de viver, dos dissabores desse mesmo viver e do quanto tudo tem valido a pena.

Dado momento ele se emocionou e da minha poltrona o ouvindo, chorei com ele emocionado, porém amiúde ali, quietinho. Era hora de todos ouvirem Anderson, todos ouviram.

Falar desse um ano para mim, não teria cabimento se eu não falasse desse menino.

Em um mundo cada vez mais duro, num tempo onde a ordem é o ódio, a truculência e a ignorância, são Grandes os que ousam lutar e mais, os que lutam por um sonho, por uma poesia, por uma grandeza épica que é poder viver a vida de maneira plena.

Isso era para ser uma matéria de cobertura como tantas que já fiz, todavia, em se tratando de um jornal como o Empoderado, ela não faria sentido algum. Porque ela não teria Anderson…

Parabéns ao Jornal Empoderado, parabéns às pessoas que o fazem e parabéns ao responsável por tudo isso acontecer:

Anderson Moraes, eu sou seu fã…