Considerado o Oscar das historias em quadrinhos(HQ), o Prêmio Will Eisner é a referencia e glória para todo profissional de HQ. Marcelo D´Salete, que já tem uma criação a espetacular, “Angola Janga”, agora leva para sua estante um troféu Eisner na categoria Melhor Edição Americana de Material Estrangeiro com a obra “CUMBE“, ambos da Editora Veneta. O artista soube da vitória ontem de madrugada, como confidenciou hoje ao JE.
Marcelo figurará como mais um artista a ter essa honraria. Para o Jornal Empoderado é uma dupla felicidade, pois além de talentoso artista nacional, ele é negro. E nada melhor que acordar e ver um dos nossos brilhando e mostrando. Como disse o ex-presidente Barack Obama: “Sim, Nós Podemos!”.
“Cumbe” fala de um período não romântico de um Brasil que por 300 anos manteve escravizados seres humanos e até hoje insiste no tal Mito da Democracia Racial e que aqui todos são iguais. Fazendo com que livros escolares “ensinem” uma historia que não dialoga de forma real com esse que foi um período de tanto sofrimento e crueldade.
E não será com esse discurso que ainda perdura de “somos todos iguais” que o país irá mudar. Pois sabemos que a população negra ainda sofre, entre outros, com a falta de oportunidades iguais. E só haverá mudança quando existirem mais politicas publicas que reparem toda a crueldade das centenas de anos de escravidão que lemos em “Cumbe” e “Angola Janga”.
Já Marcelo, com seu traço forte e sua narrativa cirúrgica, expõe a ferida e mostra que o Brasil ainda tem uma dívida enorme com os 54% de pretos e pretas que aqui vivem.
E “Cumbe” desempenha com muita facilidade e qualidade o papel que deveria ser do estado: ensinar historia. Assim navegou por inúmeros países que desejaram conhecer mais sobre o período escravagista do Brasil.