Ontem no Rio de Janeiro torcidas do Flamengo e do Botafogo protagonizaram cenas lamentáveis de confrontos entre torcidas. O clima no Rio já era tenso com movimentações de greve de policiais. Autoridades chegaram a cogitar a hipótese de não haver jogo.
O fato é que a partida foi confirmada e as torcidas resolveram entrar em confronto. O desespero dos torcedores que se encontravam no local foi com o barulho de tiros. Depois veio a constatação de que Diogo Silva dos Santos, de 28 anos faleceu e que Jean Marques Ferreira Rocha, de 22 anos, e Pedro Henrique da Silva Rego, de 20, foram atingidos no braço esquerdo. Segundo a Secretaria da Saúde, oito pessoas deram entrada no hospital, incluindo os três baleados e uma está em estado grave.
É só mais um que morreu ou vamos levar isso a sério? Ouvi uma declaração de um dirigente do Flamengo que afirmou “uma morte não tem CNPJ e sim um CPF” e que iria “colaborar com a investigação”, com a intenção clara de individualizar o ocorrido e se eximir de qualquer culpa.
O fato é que nesse caso, os tiros partiram de um carro e atingiram pessoas que não pertenciam a torcidas organizadas, segundo apuração do Jornal Extra. Mas isso não isenta a parcela de responsabilidade de todos os envolvidos. Em um evento desse porte, Campeonato Carioca, qualquer fato ocorrido envolve diversas empresas e órgãos públicos, que no mundo corporativo são chamados de Stakeholders, que nada mais são do que pessoa ou grupo que possui participação, investimento ou ações e que possui interesse em uma determinada empresa ou negócio.
Nesse “negócio” de nome futebol, temos o governo do estado, como chefe da polícia, o município, responsável pelo transporte, as Federações como organizadoras do evento, os clubes como participantes, as torcidas também como participantes e o Judiciário como regulador, as TVs que transmitem o campeonato como investidoras e TODOS os patrocinadores que de alguma forma tem retorno com as imagens. Todos eles devem estar envolvidos em busca de uma solução para a violência nos estádios. Individualizar ações em grupo só servem para se eximir de culpa e tratar os atos como fatos isolados.
Enquanto isso, mais uma família chora. O futebol deveria estar de luto. Mas não está! Vida que segue, até o próximo confronto!