Por Luisa Medeiros
Obra reúne retratos da população da vila de Assempanye, em Ghana, na África em meio ao seu dia a dia. Os clicks foram registrados pelo autor Bruno Sophia durante 8 semanas de trabalho voluntário na reforma de uma escola pela instituição IVHQ durante o primeiro semestre deste ano. Entre as fotos estão registros de mulheres com funções sociais e religiosas importantes para aquela comunidade, como a sacerdotiza Yorubá que descende do povo “Tá bom” que era formado por escravos nascidos no Brasil que regressaram para o seu continente de origem. Outra imagem de destaque na produção é o retrato da Dona Rebekah, uma das matriarcas da vila, com quase 100 anos que nunca antes tinha se visto em uma fotografia. Completam as temáticas a rotina de transporte, lazer e trabalho na comunidade.
O lucro obtido com a venda do título (R$70,00) será integralmente revertido para a continuidade dos trabalhos promovidos pela instituição no país. O título conta ainda com crônicas que mostram um pouco do olhar de um obroni (estrangeiro em Twi) em terras ganesas e variam entre textos em prosa com linguagem descontraída e descritiva, rica em detalhes, e outros em verso com um ar mais poético. Bruno Sophia é arquiteto por formação e sempre teve a fotografia como lazer. Recentemente, em 2016, após ser desligado de seu emprego em sua área de formação decidiu se dedicar a esta nova ocupação, a transição de carreira se consolida com o lançamento do livro ‘Retratos de Viagem: Ghana’. A noite de autógrafos acontece na próxima terça-feira, dia 05, no stand da editora Book Express, no setor verde do Rio Centro, onde acontece a Bienal do Livro do Rio de Janeiro 2017.
Serviço:
Título: Retratos de Viagem: Ghana
Autor: Bruno Sophia
Págs: 60
Valor R$70,00
Editora: Book Express
Lançamento: dia 05/09 de 17:00 às 20:00 Stand Book Express, pavilhão Verde, Rio Centro
Bruno Sophia um autor de primeira viagem que estreia na Bienal do Livro do Rio 2017
Era uma Chevrolet D-20 já meio abatida de guerra, daquelas com a caçamba fechada. Acho que o modelo naquela época se chamava Veraneio mas não tenho certeza. Ou talvez fosse uma Ford, minha memória falha nesses detalhes. Aquela velha caminhonete foi personagem coadjuvante de diversas histórias, inclusive uma que envolve uma chuva torrencial, goteiras no teto e a gente jogando água pra fora pela janela com auxílio de uma lata de batata frita americana, como num desenho animado. Mas isso é uma outra narrativa, fica para um chopp qualquer dia desses.
No dia em questão, íamos uns nove ou dez adolescentes amontoados na D-20, conduzidos pelo saudoso e sempre paciente Tio Sérgio rumo à distante Curicica. Nosso destino era a Meca dos Nerds: a Bienal do Livro no Riocentro. Milhares de metros quadrados com as maiores editoras do país, lançamentos, edições especiais, autores famosos autografando… um paraíso para os apaixonados por literatura.
Lembro que meu contato mais forte com livros começou com a antiga Série Vaga-Lume com histórias de mistério juvenil. Daí migrei para a coleção da minha mãe da Agatha Christie. Não esqueço da estante cheia de livros na sala e de que nunca encontrei um que a coroa já não tivesse para lhe dar de aniversário. Dos bigodes de Hercule Poirot para o indefectível cachimbo do personagem de Conan Doyle foi uma evolução natural e “Um Estudo em Vermelho” ainda é um dos meus romances prediletos! Viajei nas aventuras fantásticas de Verne, quase abandonei toda a esperança com as estrofes de Dante, me perdi pela Catedral de Victor Hugo, enfrentei os moinhos de Cervantes e duelei com os espadachins de Dumas. Mais tarde vieram os clássicos da Literatura Gótica com Shelley, Stoker, Stevenson e na época dessa Bienal eu deveria estar no meu quarto ou quinto romance da Anne Rice e no segundo horror do Lovecraft.
Ir à Bienal era um programa tão aguardado para nós naquela época quanto ir a um festival de rock desses muito famosos e livros eram bens tão preciosos que enchiam com destaque e orgulho nossas prateleiras. Porém os anos passaram, o tempo se tornou escasso assim como o espaço de casa. Romances e aventura cederam lugar para livros técnicos, de administração ou de finanças. Duas ou três mudanças de casa depois já não havia espaço para tipografia impressa na estante e longos textos precisavam se tornar relatórios sucintos. Minha sombra desistiu de fugir, esqueci de virar na segunda estrela, parei de voar, cresci.
Nunca me imaginei autor. Na verdade, até um ano atrás eu só escrevia e-mails de trabalho, na maioria das vezes tão malcriados quanto um conto do Velho Bukowski. É incrível a capacidade que a vida tem de mudar completamente nossa história, como um plot twist do mundo real, tão repentino como um virar de páginas. Esse meu último ano de Fogg e Passepartout foi surpreendente e a maior das surpresas é estar de volta depois de tantos anos à Bienal, desta vez como um contador de histórias. Como um certo pequeno Bolseiro sobre qual eu li uma vez, estou partindo numa aventura! Que seja épica essa minha jornada como a de Campbell, talvez um pouco surreal como um conto de Gaiman e que me renda várias histórias para contar.
No dia em questão, íamos uns nove ou dez adolescentes amontoados na D-20, conduzidos pelo saudoso e sempre paciente Tio Sérgio rumo à distante Curicica. Nosso destino era a Meca dos Nerds: a Bienal do Livro no Riocentro. Milhares de metros quadrados com as maiores editoras do país, lançamentos, edições especiais, autores famosos autografando… um paraíso para os apaixonados por literatura.
Lembro que meu contato mais forte com livros começou com a antiga Série Vaga-Lume com histórias de mistério juvenil. Daí migrei para a coleção da minha mãe da Agatha Christie. Não esqueço da estante cheia de livros na sala e de que nunca encontrei um que a coroa já não tivesse para lhe dar de aniversário. Dos bigodes de Hercule Poirot para o indefectível cachimbo do personagem de Conan Doyle foi uma evolução natural e “Um Estudo em Vermelho” ainda é um dos meus romances prediletos! Viajei nas aventuras fantásticas de Verne, quase abandonei toda a esperança com as estrofes de Dante, me perdi pela Catedral de Victor Hugo, enfrentei os moinhos de Cervantes e duelei com os espadachins de Dumas. Mais tarde vieram os clássicos da Literatura Gótica com Shelley, Stoker, Stevenson e na época dessa Bienal eu deveria estar no meu quarto ou quinto romance da Anne Rice e no segundo horror do Lovecraft.
Ir à Bienal era um programa tão aguardado para nós naquela época quanto ir a um festival de rock desses muito famosos e livros eram bens tão preciosos que enchiam com destaque e orgulho nossas prateleiras. Porém os anos passaram, o tempo se tornou escasso assim como o espaço de casa. Romances e aventura cederam lugar para livros técnicos, de administração ou de finanças. Duas ou três mudanças de casa depois já não havia espaço para tipografia impressa na estante e longos textos precisavam se tornar relatórios sucintos. Minha sombra desistiu de fugir, esqueci de virar na segunda estrela, parei de voar, cresci.
Nunca me imaginei autor. Na verdade, até um ano atrás eu só escrevia e-mails de trabalho, na maioria das vezes tão malcriados quanto um conto do Velho Bukowski. É incrível a capacidade que a vida tem de mudar completamente nossa história, como um plot twist do mundo real, tão repentino como um virar de páginas. Esse meu último ano de Fogg e Passepartout foi surpreendente e a maior das surpresas é estar de volta depois de tantos anos à Bienal, desta vez como um contador de histórias. Como um certo pequeno Bolseiro sobre qual eu li uma vez, estou partindo numa aventura! Que seja épica essa minha jornada como a de Campbell, talvez um pouco surreal como um conto de Gaiman e que me renda várias histórias para contar.
Fotos: Bruno Sophia
Contatos:
Luísa Medeiros
Fone: (21) 3387-0620 e (21) 97986-5029
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Nota: Texto de responsabilidade da jornalista, Luiza Medeiros.