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LIVRO-CD SOBRE CAPOEIRA GANHA SEGUNDA EDIÇÃO, APÓS TRÊS ANOS FORA DAS PRATELEIRAS

Num tronco de Iroko vi a Iúna cantar, livro-CD infantojuvenil escrito por Erika Balbino e ilustrado pelo grafiteiro Alexandre Keto, esgotou rapidamente sua primeira edição após um ano de lançamento e trouxe muitas surpresas para os autores.

O título levou o tema da capoeira para as feiras internacionais do livro que aconteceram no primeiro trimestre de 2015. Foi selecionado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) para o Catálogo de Bologna 2015, em que o Brasil apresentou ao mundo o melhor de sua produção para crianças e jovens (para baixar a versão eletrônica, clique em Bolonha2015_miolo_WEB_2.pdf). A obra também teve destaque durante o Salão do Livro de Paris, que teve o Brasil como país homenageado, e o grafiteiro Alexandre Keto, em sua primeira incursão no formato livro, foi selecionado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) para a Bienal Internacional de Bratislava – BIB, que ocorreu entre 4 de setembro e 25 de outubro de 2015 na Eslováquia.

Mas não se trata de sucesso “para inglês ver”. No Brasil, o livro foi gingando na sua mandinga e criando laços de leitura e afeto nas rodas de capoeira, bibliotecas, salas de aula, coletivos, centros culturais e saraus, conquistando adultos e crianças.  A página no Facebook, com mais de 8 mil curtidas, é atualizada mensalmente, desde o lançamento, com fotos, recados e depoimentos de leitores de todas as idades (https://www.facebook.com/Num-tronco-de-Iroko-vi-a-I%C3%BAna-cantar-627321230676112/).

Na ocasião do lançamento, em maio de 2014, plataformas de conteúdo sobre cultura afro-brasileira ou sobre questões de raça e gênero, direitos sociais e especiais sobre literatura e universo infantil deram ampla visibilidade ao título. A repercussão na imprensa aberta mostrou que, para além do mérito de sintetizar e valorizar a cultura afro-brasileira e a capoeira, o livro conquistou e encantou uma ciranda de leitores. É o que evidenciam as matérias jornalísticas publicadas em veículos de grande mídia nas principais capitais brasileiras e em revistas especializadas de todos os gêneros.

“Ao longo da sua trajetória, o livro sofreu barreiras em função de seus protagonistas serem Cosme, Damião e Doum. No entanto, com ampla cobertura positiva da imprensa, do boca a boca de profissionais da capoeira, do povo dos terreiros, dos especialistas em literatura infantojuvenil e dos contadores de história, em um ano e meio o livro se esgotou. Apesar da Editora Peirópolis ter disponibilizado uma versão online, as pessoas queriam o livro, pois ele vem com um CD de contação na íntegra de todo o conteúdo, além de músicas. Quando a editora me informou que uma nova leva impressa estava para sair do forno, fiquei muito feliz. E isso foi em setembro, mês dos festejos dos erês”, afirma Erika Balbino.

 

“Após 3 mil exemplares vendidos mano a mano, boca a boca, Num Tronco de Iroko Vi a Iúna Cantar está de novo na roda com toda a sua ginga para driblar preconceitos e promover a tolerância. Trata-se de uma história que promove o afeto e a descoberta. Acho que não havia momento mais oportuno para esse título dar a volta ao mundo, como a gente diz na capoeira”, complementa a autora.

 

FICHA TÉCNICA

Título: Num Tronco de Iroko Vi a Iúna Cantar

Autora: Erika Balbino

Ilustrador: Alexandre Keto

Páginas: 80

Formato: 21×26 cm

ISBN: 978-85-7596-329-6

Preço: R$ 59,00

Prefácio: professor Dennis de Oliveira

Orelha: Nirlando Beirão

MAIS SOBRE O LIVRO

A história aproxima as crianças da capoeira por meio de figuras lendárias das religiões de matriz africana que marcaram profundamente o desenvolvimento da cultura brasileira. Narra a história dos irmãos Cosme, Damião e do pequeno e levado Doum, que, um dia, encontram com um menino chamado Pererê e, por meio dele e de muitos outros amigos que vão se juntar a eles nessa fábula, percorrem caminhos mágicos e descobrem os segredos e artimanhas da arte chamada de capoeira. Com Pererê, a índia Potyra, Vovô Joaquim e outros seres lendários das culturas cabocla, negra e indígena, os três vão ao encontro do grande guerreiro Ogum Rompe-Mata, capaz de ajudá-los a combater Ariokô e aqueles que ameaçam a Mãe-Terra tremer de dor pelo desmatamento. Erika Balbino revela a força de sua narrativa ao descrever com maestria o encantamento e o deslumbramento dos protagonistas meninos ao desvendarem os poderes e os mistérios da capoeira e de como essa prática é agregadora: uma luta, uma dança, um jogo, uma arte.

No prefácio, o professor de Jornalismo da USP, coordenador do CELACC (Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação) e integrante do NEINB (Núcleo de Pesquisas e Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro), Dennis de Oliveira, traça uma analogia da invisibilidade da cultura negra com a brincadeira de esconde-esconde, afirmando que é necessário retirar a venda do preconceito dos olhos – que nos impede de ver o outro – para descobrir o que está escondido ao nosso redor.

Segundo a autora, a capoeira, apesar de estar presente em momentos históricos importantes, tem seu reconhecimento só no papel, assim como várias políticas públicas em favor da cultura afro-brasileira e periférica.  “A capoeira foi declarada Patrimônio Cultural do País em 2008 e ainda hoje está mais presente nas escolas particulares do que nas públicas, exceto naquelas que abrem espaço para programas sociais de final de semana e nas quais o profissional da capoeira não é remunerado”, afirma Erika. Combatendo esse paradigma, a publicação introduz uma série de elementos dessa cultura para o público infantojuvenil. “A cultura afro-brasileira ainda é invisível. Seu ensino foi aprovado por lei (Lei 10.639/030 em 2003), mas permanecemos no campo do aprendizado da cultura europeia, replicando valores já ultrapassados. Continuamos no campo do folclore, como se o negro e até mesmo o índio, ou povos originários, fossem objeto de uma vitrine, utilizada para fazer figuração em momentos oportunos. A literatura pode nos libertar dessas amarras. Acredito que esta seja minha pequena contribuição”, conclui Erika.

As ilustrações de Alexandre Keto, artista urbano conhecido na periferia de São Paulo com trabalho reconhecido na França e na Bélgica e educador social no Senegal, são lúdicas e dinâmicas e harmonizam-se com a linguagem proposta por Erika Balbino, refletindo a força e a riqueza do imaginário plural brasileiro.

Encartado na obra, há um CD com a narração da história pela própria autora e cantos de capoeira e pontos de Umbanda, com a participação do percussionista Dalua, dos cantores Silvia Maria e Rodrigo Sá, além dos Mestres Catitu, Jamaica e Caranguejo, grandes nomes da cultura popular, esse último tendo exercido a profissão de Mestre de Capoeira por quase 20 anos na Fundação Casa. No final do livro há um glossário com todos os termos utilizados no livro que possam ser desconhecidos do público em geral. Além disso, a contracapa do livro conta com um QR Code que pode ser acessado por qualquer smartphone e permite ouvir todas as músicas do CD.

Apaixonante, “Num Tronco de Iroko Vi a Iúna Cantar” é uma fábula sobre amizade, descoberta e fé e nos mostra que o conhecimento pode estar muito perto e, no entanto, damos uma volta ao mundo para encontrar o que buscamos. Com outro olhar e sem vendar os olhos, percebemos novos significados em coisas que, desde sempre, estavam ao nosso alcance. Como escreve o escritor e jornalista Nirlando Beirão na apresentação do livro, “Erika dá uma rasteira no preconceito em prol desta cultura que o Brasil reluta em aceitar investigando, na ginga dos negros, a rica relação entre corpo e música, entre combate e dança, e nos presenteando com sua arte mandingueira uma obra capaz de enfeitiçar gente pequena assim como adulto teimoso”.

 

Erika Balbino

Nasceu na cidade de São Paulo. Formou-se em Cinema com especialização em Roteiro na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e é pós-graduada em Mídia, Informação e Cultura pelo Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (CELACC), da Universidade de São Paulo (USP). Além de seu envolvimento com a cultura afro-brasileira e a Umbanda, jogou capoeira por quase 15 anos e desenvolve projeto de pesquisa sobre essa prática na capital paulista.

É autora do romance “O Osso Poder e Permissão”, publicado em novembro de 2017 pela Editora Cosmos, obra em que capoeira também permeia alguns capítulos.

 

Alexandre Keto

Nascido na capital paulista, seus primeiros contatos com a cultura Hip Hop ocorreram em oficinas que ocorriam no bairro em que morava. Logo virou um multiplicador e passou a espalhar o Hip Hop por diversos guetos mundo afora por meio de projetos sociais. Usa o trabalho artístico como uma ferramenta de transformação social, principalmente em países africanos, onde desenvolve projetos comunitários e de intercâmbio.

Sobre a Editora Peirópolis

Criada em 1994, a Editora Peirópolis tem como missão contribuir para a construção de um mundo mais solidário, justo e harmônico, publicando literatura que ofereça novas perspectivas para a compreensão do ser humano e do seu papel no planeta. Suas linhas editoriais oferecem formas renovadas de trabalhar temas como ética, cidadania, pluralidade cultural, desenvolvimento social, ecologia e meio ambiente – por meio de uma visão transdisciplinar e integrada. Além disso, é pioneira em coleções dedicadas à literatura indígena, à mitologia africana e ao folclore brasileiro. Para saber mais sobre a Peirópolis, acesse www.editorapeiropolis.com.br

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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