São três os conceitos básicos para entender o mercado financeiro. Liquidez, Juros e Risco. Seja nas políticas econômicas do governo ou nas compras online, esses três conceitos estão presentes. Desde a taxa Selic e inflação até o cartão de crédito ou empréstimo consignado. Mas, antes de tudo, vamos entender o que é o mercado financeiro.
Como todo mercado, está em jogo uma relação de compra e venda. Alguém oferece um bem e outra pessoa paga para o possuir. No nosso caso, esse bem é a própria moeda. Ou, melhor dizendo, capital: recurso utilizado para investir e comprar outros bens. Não necessariamente a moeda em si, materializada em saldos bancários ou carteiras.
O capital (e a moeda) é um recurso limitado e, por isso, existe demanda para o adquirir. Mas nem sempre há oferta. Para dar conta desse desequilíbrio, por incrível que pareça, é muito comum pagar para adquirir moeda. Para entender como isso funciona, precisamos do primeiro conceito.
O que é Liquidez?
Todo patrimônio conta quando falamos de Liquidez. Imóveis, veículos ou um par de chinelos. Tudo que possuímos é patrimônio e pode ser convertido em capital, ao ser trocado por dinheiro ou por outros bens. No entanto, desprezamos patrimônios com pouco valor e pouca Liquidez, como o par de chinelos.
Por que fazemos isso? Liquidez é a possibilidade de converter patrimônio em capital. Ou, em outros termos, quão fácil e rápido é a conversão entre patrimônio em dinheiro. Claro, o par de chinelos pode ser vendido ou trocado – mas será uma negociação bem difícil. Poucas pessoas terão interesse nessa troca. Então, podemos dizer que chinelos usados têm pouca Liquidez. E, ainda, após uma difícil negociação, não nos trará muito capital. Por isso os desprezamos. Diferente, por exemplo, dos imóveis.
Uma casa também tem pouca Liquidez. Existe inclusive corretores de imóveis. Profissionais que se dedicam exclusivamente à conversão de imóveis em dinheiro, tão baixa é a Liquidez. Mas, diferente dos chinelos, ainda consideramos imóveis um bom patrimônio para investir pois possui muito valor. Como outro exemplo, há o mercado de ações. Este mercado possui alta Liquidez. Hoje é muito rápido o processo entre a venda de uma ação e a disponibilidade do dinheiro na conta. Outro investimento de alta Liquidez é a poupança. É possível transferir o saldo da poupança para a conta-corrente na mesma hora.
Por que Liquidez é importante?
Como capital é um recurso limitado, nem sempre temos acesso. É neste momento que surgem operações de crédito. Empréstimos, cheques especiais, cartão de crédito ou empréstimo consignado. Essas operações são aquisição de Liquidez. Ou seja, compramos a disponibilidade imediata de moeda. Imagine um gasto emergencial hospitalar. Mesmo que tenhamos 15 imóveis em nosso patrimônio, o dinheiro é necessário com urgência. Então pagamos o hospital com o cartão de crédito. Dessa forma, temos tempo hábil para vender os imóveis e os converter em dinheiro até pagar a fatura do cartão.
No caso de empresas, é muito comum o endividamento com empréstimos. Isso ocorre pois a empresa acredita que é melhor gastar para comprar moeda hoje e expandir sua produção. A empresa pode ter patrimônio bilionário, mas ainda precisa contratar crédito pois seu patrimônio é de baixa Liquidez. Afinal, não é todo dia que se vende uma planta industrial completa.
Nas nossas vidas, precisamos aprender algo com as empresas. Temos momentos e objetivos diferentes. Cada momento exige níveis diferentes de Liquidez. Claro que adquirir imóvel é uma grande conquista para muitos. Porém, se gastamos toda a poupança no imóvel, não temos recursos disponíveis para emergências. Por outro lado, se compramos um bem parcelado realizamos uma operação de crédito. Assim temos garantia de Liquidez, mas temos de levar em conta que pagamos muito caro para a possuir. O preço que pagamos por Liquidez se chama Juros e será o tema do nosso próximo texto!
