Por Jaqueline
Ayanna tem 10 anos, e mora na região metropolitana de Recife em Pernambuco. É uma menina de muitos talentos e um deles é a superação.
A menina frequentava uma escola de desenvolvimentos artísticos, não bolsista. A escola faz parceria entre funcionários de várias empresas.
Em Outubro de 2018, após a eleição, um colega de classe da mesma idade chega até Ayanna e diz que em 2019 a menina não poderia frequentar a escola, já que é negra e o novo governo prometeu resolver essa mistura. O colega ainda fez uma ameaça expondo que se a família dela resistisse, os pais dele resolveria com balas.
Ayanna, muito triste, fala para os pais o problema e relata que além dessa ameaça, sofreu alguns outros comentários, de que era bolsista, que não tinha capacidade, entre outras ofensas, todas vindo do mesmo colega.
Hoje, passados alguns meses a menina superou o problema com ajuda dos pais e familiares. A mãe é professora e doutoranda na área da Educação e engajada nos temas sobre racismo.
A mãe Josivânia foi criada em ambiente que valoriza a raça negra e indígena já que há as duas raças na família, portanto desde criança Josivânia teve força para lutar contra o racismo e orgulho de ser quem é. Sendo assim passou essa mesma força e orgulho para Ayanna.
Essa conscientização precisa ser valorizada e ensinada desde o ventre, como também é papel da escola e educadores trazer para discussão em sala esses assuntos, para que nossas crianças respeitem as diferenças e diversidades seja ela de que raça, gênero ou classe que pertençam. Essa compreensão foi bem trabalhada pela escola em que as crianças faziam o curso extracurricular, contudo esse trabalho não depende apenas da escola, dependem também do trabalho da família, comunidade, sociedade e instituições públicas.
As duas crianças não estudam mais na escola onde tudo ocorreu, pois o curso era de curto prazo, portanto Ayanna está mais forte e a família mais engajada. Almejo que o menino e a família tenham revisto seus conceitos e estejam bem.
O papel da escola, professor, família e comunidade nos conflitos que aparecem em sala ou na escola é de extrema importância para nossa sociedade, para que vivamos em mais harmonia.
Um grupo chamado “Flores da resistência” soube de toda a história na época do ocorrido, através do site que a Josivânia deu entrevista. Esse grupo presenteia, com flores e poesia, pessoas que sofreram algum racismo ou preconceito e resolveram presentear a garota.
Como o nome Ayanna é origem indígena com mistura afro e significa linda flor, escolheram a flor gérberas pelo significado, que fazem parte da família Asteraceae (também conhecida como Compostas). Por serem da mesma família que o girassol e margarida, as suas flores apresentam algumas semelhanças. A gérbera simboliza a pureza e inocência das crianças, e também a beleza da vida e energia positiva da natureza.
A própria flor e seu significado já é uma poesia, no entanto foi feito uma poesia para a menina guerreira pérola negra, como é chamada pela família. Que tenham mais escolas engajadas nessa diversidade.
Segue abaixo a poesia entregue, que tenham mais escolas engajadas nessa diversidade.
Ai Ana
As flores pequenas
Também temem
Ai Ana
As pedras pequenas
Também existem
Mas uma flor
Não teme as pedras
Nem a dor
De ciranda em ciranda
A rodopiar por aí
De cantiga em cantiga
A cantarolar por aqui
Verás que as pedras
Não resistem à flor
Ai Ana
Sei que é cedo
Ai Ana
A resistência
A luta pela existência
Não tem idade
Nem cidade
Agora tem nome:
Ayanna
Por Professora Jaqueline Rodrigues