Ayrton Senna foi um grande esportista brasileiro. Em todo o primeiro de maio a sociedade se pergunta: “ Por que Ayrton morreu?”, “ Não havia como evitar a catástrofe?”. Mesmo hoje nosso povo ainda tenta regressar à aquela data. Corrigir o erro e refazer o passado.
O piloto era também uma grande pessoa, mas fica a pergunta: Por que Ayrton Senna ocupa lugar tão vasto no ideário brasileiro?
Ayrton Senna pode ser o maior, mas não é o único. Longa fila de esportistas ocupa espaço enorme no imaginário de nossa sociedade. Ronaldo Fenômeno, Rivaldo, Pelé, Guga. E não são apenas atletas. Já dizia um americano, cujo nome esqueci, que num país onde os nomes políticos não são alçados a qualidade de heróis, por numerosas razões, o seu povo elenca outros, como artistas e jogadores de futebol.
Na França um dos nomes mais reconhecidos foi o de Joana D´Arc; nos Estados Unidos muitos filmes fazem referência à Abraham Lincoln ou George Whashington. Outros exemplos vem de democracias bem estabelecidas. Eles apontam figuras que ajudaram o seu país, desempenharam atos de heroísmo e mudaram a vida de milhares. No Brasil nossos “ heróis “ são os citados anteriormente e tantos outros, que não tiveram um papel importante para o seu país como os primeiros.
Ayrton Senna continua sendo um ser humano especial, mas é sobre as escolhas dos brasileiros de que falamos. Uma nação bem estabelecida, que reconhece a sua cultura e tem consciência de sua história, elenca como maiores heróis aqueles que com a vida melhoraram as condições de toda uma sociedade. No Canadá, por exemplo, um dos nomes mais valorizados foi do cidadão responsável pela criação do sistema de saúde de seu país.
“Uma nação bem estabelecida, que reconhece a sua cultura e tem consciência de sua história, elenca como heróis aqueles que com a vida melhoraram as condições de toda uma sociedade.”
O brasileiro não conhece a sua história. Da mesma forma, não luta por seus direitos. Não procura mudar seu destino. O movimento das ruas de 2013 não é um diagnóstico definitivo. Nos faltam líderes, e recorremos aos esportistas. Um dos grandes nomes da política, Lula, está preso por crimes que muito provavelmente cometeu. Teve um grande papel, mas se foi sem deixar sucessores. Por isso, com tantos problemas, as ruas estão vazias. Por isso cresce o apoio delirante da volta de regimes nefastos com a ditadura militar.
Nosso país deve crescer com os próprios pés, conhecer a sua história e brigar por um futuro melhor
Referências:
http://www.gentedanossaterra.com.br/nossos_herois.html
GIULIANOTTI, R. (1999). Football: a sociology of global game. Cambridge: Polity Press.
- HELAL, R. (1998). Mídia, construção da derrota e o mito do herói. Motus Corporis, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 141-155. •
CARRANO, P. (2000) Futebol: paixão e política. Rio de Janeiro: DP&A,
- FUZO, A. (s.d.). Goleador por profissão, animal por natureza.
- GUEDES, S. (1998). O Brasil no campo de futebol: estudos antropológicos sobre os significados do futebol brasileiro. Niterói: EDUFF. • RUBIO, K. (2001). O atleta e o mito do herói. São Paulo: Casa do Psicólogo.