Retomamos nossa jornada sobre os três conceitos básicos para entender o mercado financeiro. Vai aplicar na poupança ou Tesouro Direto? Fazer uma compra na internet com cartão de crédito? A relação entre Liquidez, Juros e Risco estará lá. Liquidez, como dito antes, é a disponibilidade de capital e o custo para a obtenção de Liquidez se chama Juros.
Origem dos Juros
Juros são pagos quando contratamos crédito, seja cheque especial ou no cartão. Neste contrato assumimos um compromisso: ao fim do período determinado, teremos moeda disponível para pagar a dívida. Assim, a moeda tem de ser obtida com nosso patrimônio. Seja através do salário guardado, da venda de um carro ou uma casa.
Importante notar: um empréstimo feito, ou qualquer forma de contrato de crédito, não gera patrimônio. Dessa forma, o valor que ganhamos no empréstimo não é nosso e será devolvido, voluntariamente ou por força da lei. Crédito gera somente disponibilidade de moeda. Ou seja, crédito é uma operação de Liquidez, somente.
O banco, por sua vez, prestou um serviço: gerou a Liquidez que precisávamos. Para esse serviço, a taxa de Juros é cobrada. O mesmo ocorre na compra parcelada: não está explícito, mas a loja nos adianta o bem desejado sem termos a moeda disponível. Por esse adiantamento há também cobrança da taxa de Juros. Logo, quando pagamos Juros nosso patrimônio diminui.
Porém temos outra opção. Em nossas vidas podemos colocar os Juros a nosso favor ou contra nós. Claro que nem sempre a situação permite, mas quando possível precisamos fazer a melhor escolha e colocar os Juros ao nosso favor. E como podemos fazer isso? Oferecemos nossa Liquidez.
Poupança ou Tesouro Direto?
A poupança é a forma mais simples. Consiste em “emprestar” nosso dinheiro ao banco em troca de Juros. O rendimento mensal não é mágica, é o pagamento que recebemos ao prestar o serviço de disponibilizar moeda. Como o Juros da poupança é extremamente baixo, é um ótimo negócio para o banco que pode utilizar o dinheiro depositado para gerar operações muito mais rentáveis. A especialidade dos bancos é encontrar o equilíbrio entre utilizar para si o dinheiro dos clientes mas se afetar a garantia de Liquidez de suas contas. Quando o cliente tenta sacar seu dinheiro e não consegue – pois o banco não manteve o equilíbrio – o impacto pode ser colossal. Grosso modo, a crise mais recente gerada dessa forma foi a de 2008, a chamada Crise dos Subprime.
O Tesouro Direto é também outra maneira de ganharmos Juros. Em vez do banco, emprestamos dinheiro ao Governo Federal. Em geral as taxas oferecidas são muito maiores em relação à poupança e por um motivo, dentre vários: a poupança tem Liquidez imediata. Mesmo em um domingo posso movimentar o saldo. Já no Tesouro Direto o dinheiro que emprestamos fica retido em um contrato de vários anos. É possível retirar o dinheiro antecipadamente, mas esse é assunto para outro momento, pois estão em jogo as operações de venda a preço de mercado.
Portanto cabe analisar a situação e decidir: caso precisemos de Liquidez, o foco deve estar na poupança. Se a Liquidez está controlada, podemos emprestar o valor a longo prazo no Tesouro Direto e obter melhores Juros.
Uma Lição:
A lição obtida é que, em termos financeiros, é sempre uma melhor estratégia receber Juros. O dinheiro aplicado na poupança ou Tesouro Direto aumenta o patrimônio, enquanto uma compra parcelada diminui. Se possível escolher, a aquisição de um bem deve ser sempre à vista, pois numa corrida entre o Juros recebido e o Juros pago, o Juros pago vencerá.
Ainda mais, outros fatores importantes dos Juros são a taxa e o tempo. Por exemplo, a taxa de Juros mais importante é a Taxa Selic, a taxa básica. Ela serve de base para a economia do país e nossas próprias economias. Junto com a taxa, o tempo aplicado compõe os Juros Compostos e entender sua dinâmica é essencial para entendermos a corrida entre Juros pago e Juros recebido. Por isso, não fique de olho para semana que vem!