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Instalação de arte Mítcax homenageia 50 mulheres das periferias de São Paulo

Fotos hiper dimensionadas celebram mulheres de mais de 50 anos que foram e são precursoras de transformação e crescimento de suas comunidades.

Os muros da Vila Nova Cachoeirinha, periferia da Zona Norte de São Paulo, de Paraisópolis, na Zona Sul e dos Campos Elísios, no Centro ficaram estampados com fotos hiper dimensionadas de mulheres que foram e são precursoras de transformação e crescimento nessas comunidades.

Trata-se do projeto MÍTICAX – UM RECADO ÀS MULHERES QUE VIRÃO: uma instalação de arte urbana, com depoimentos em texto, que celebra mães, avós, trabalhadoras, donas de casas, mulheres fortes da quebrada. A ideia é transformar as periferias de bairros das cinco zonas da cidade de São Paulo em uma galeria a céu aberto onde 50 mulheres potências, com mais de 50 anos, são homenageadas.

Neste sábado (15) é a vez dos muros do Butantã, na Zona Oeste receberem suas fotos. E por último, a exposição urbana será em Itaquera, na Zona Leste.

Utilizando a arquitetura urbana das regiões como suporte para uma exposição fotográfica que altera a paisagem e reage com o público, a proposta é de uma obra onde as histórias, fotos, cidade e espectadores se confundam.

O projeto Míticax foi idealizado e é coordenado por Michelle Serra, que falou sobre o objetivo da exposição. “Quebrando as barreiras entre a arte, antropologia visual e intervenção urbana, com o nosso projeto esperamos impactar tanto as mulheres que foram retratadas, valorizando e destacando suas conquistas e jornadas, como as outras gerações de mulheres destas comunidades, que podem se identificar e perceber que essa luta começou há muito tempo e que o caminho ainda será longo, mas que elas não estão sozinhas: em cada casa da quebrada há uma mulher mítica lutando, resistindo e conquistando, pouco a pouco, mais direitos, mais espaço, mais reconhecimento e mais liberdade. Na era onde se valoriza muito o agora, reconhecer a força e o caminhar do passado é criar laços e bases mais fortes para um futuro ainda melhor.”

Cinco agitadoras culturais, que são moradoras e atuantes socialmente em cada uma das comunidades, foram convidadas para serem as produtoras locais e captadoras de nomes e histórias. Mulheres que cresceram nessas comunidades e foram impactadas diretamente pelo legado das homenageadas.

Para a escolha das participantes, três critérios foram estabelecidos: que elas tenham mais de 50 anos, estejam vivas e que seus nomes fossem reconhecidos nas ruas. As 50 selecionadas foram visitadas uma a uma em suas casas, para a sessão de fotos e com as entrevistas registradas em vídeos e publicadas no canal Místicax do Youtube.

Entre elas, estão mulheres referência que estouraram a bolha das periferias e são reconhecidas pela população geral, como Carmem Silva, moradora do Centro e Coordenadora do MTST. Ou Laura Baia, também do Centro, que tem forte engajamento nas redes sociais falando sobre reciclagem.

Há mulheres que têm presença na política como Dora Gomes, da Zona Sul, que foi assessora política e pré-candidata a vereadora. Outras, como Morena, do Centro, que é referência entre as famílias da população carcerária.

Mulheres de acolhimento na alimentação, como Eva do Leite, da Zona Sul; educação, como Ayra Ribeiro, da Zona Oeste; saúde, como Dona Zina, da Zona Norte; assistência na Cracolândia, como Carmen Lopes, do Centro; nos esportes, como Vanda do Renascença, da Zona Sul; em eventos culturais, como Josy Oliveira, na Zona Leste. Mulheres plurais. Todas são referência.

As 50 mulheres periféricas, que fizeram e fazem a diferença nas suas comunidades, representam as particularidades de suas regiões, mas também retratam a força de tantas outras mulheres que não se conformam com a falta de acesso imposta por um sistema e lutam por uma vida mais decente onde o Estado não atua. Ao fim da entrevista, a pergunta tema do projeto é feita: Qual o recado que você deixa para as mulheres do amanhã/futuro? E as respostas sempre envolvem luta, força, dignidade, respeito, liberdade e esperança.

Confira os endereços das exposições na cidade de São Paulo

Em andamento:

Zona Norte: CEI Jardim Centenário – Av. Parada Pinto, 259 – Vila Nova Cachoeirinha

Zona Sul: Rua Doutor Francisco Tomás de Carvalho, 788 – Paraisópolis.

Centro: Alameda Cleveland, 331 – Campos Elísios.

Próximas exposições:

Zona Oeste: Rua dos Piemonteses, 150 – Jardim do Lago. Estreia no sábado (15) às 10h.

Zona Leste: E.E. Prof Joaquim Silverio Gomes dos Reis – Rua Guilherme Valência, nº 45 – Conjunto José Bonifácio – Itaquera. Estreia no sábado (22) às 10h.

Sobre as mulheres homenageadas

ZONA NORTE

Dona Zina – 88 anos. Voluntária em ações sociais em hospitais públicos ha mais de 50 anos

Tonha – 78 anos. Referência alimentar, é dona da vendinha na comunidade do Boi Malhado – Vende frutas e verduras e preços de custo e distribui comida para moradores da favela

Adirce Moreira – 85 anos. Auxiliar de enfermagem no hospital da comunidade do Boi Malhado

Alveci Deorato – 74 anos. Coordenadora da Associação do Moradores de Favelas do Jardim Cachoeirinha, responsável por ações sociais e fundadora de diversas favelas na região.

Maria dos Anjos – 67 anos. Líder comunitária da comunidade do Boi Malhado, esteve à frente da formação da favela do Boi Malhado e na conquista de mais de 350 apartamentos populares na região.

Elenice Molina – 68 anos. Voluntária do Hospital Geral Nova Cachoeirinha

Vó Tutú – 72 anos. Trabalho voluntário na Brasilândia, distribui mais de 5000 pães gratuitamente todos os dias e tem projetos sociais em sua casa.

Neuza Diogo – 73 anos. Professora de educação infantil, acompanhou várias gerações de crianças e famílias na Brasilândia

Endeboaquenã – 61 anos. Zeladora, Mãe de Santo, gestora de acolhimento social na Brasilândia

Selma – 62 anos. Coordenadora pedagógica – Coordena uma das Emeis modelos da Região Norte

Shirley Barros – 52 anos. Voluntária e coordenadora de ações sociais em favelas com foco em alimentação e acolhimento para crianças e idosos.

ZONA SUL

Maria Betânia – 65 anos. Líder comunitária, uma das 11 mulheres que fundaram Paraisópolis, sendo por 08 vezes eleita presidente da associação de moradores de Paraisópolis. É a maior referência da favela.

Vanda Nunes Costa – 59 anos. Doméstica, promotora de festa para crianças na favela, onde acolhe e dá lazer para mais de 1000 crianças.

Dora Gomes – 72 anos. Uma das 11 mulheres que fundaram Paraisópolis, sendo por 3 vezes eleita presidente da Associação de Moradores. Grande referência da favela. Foi assessora política e pré candidata a vereadora.

Fatinha – 69 anos; Costureira, uma das 11 mulheres que fundaram Paraisópolis. Costura roupas gratuitamente para moradores e para projetos sociais em países africanos.

Dona Lourdes – 75 anos. Babalorixá – Líder religiosa referência em Paraisópolis

Dorinha – 66 anos. Salgadeira, uma das 11 mulheres que fundaram Paraisópolis

Vanda do Renascença – 75 anos. Presidente de clube de futebol de várzea – A primeira mulher presidente e proprietária de Clube de Futebol de Várzea em São Paulo e uma das primeiras do Brasil

Florenice Cunha – 53 anos. Auxiliar de enfermagem, é coordenadora de ações sociais para idosos

Eva do Leite – 65 anos. Coordenadora de ações sociais, uma das 11 mulheres que fundaram Paraisópolis. Distribui mais de 5 toneladas de leite por mês para mães e idosos moradores da comunidade

Tana – 55 anos. Vendedora, uma maiores especialistas em comércio varejo e atacado, além de já ter sido coordenadora e gestora de times de futebol de várzea em Paraisópolis

ZONA CENTRO

Carmen Silva – 63 anos. Liderança comunitária, coordenadora do MSTC.

Tia Niltes – 67 anos. Coordenadora de ações sociais. Referência na escola de Samba Vai Vai e distribui leite para mulheres e famílias carentes moradoras do Bixiga há mais de 30 anos.

Laura Baia – 62 anos. Coordenadora de ações de reciclagem

Nega Raquel Blaque – 45 anos. Cozinheira e coletora, gestora de ações de reaproveitamento alimentar e coletadora de móveis e objetos.

Tia Nice – 62 anos. Cozinheira, moradora de ocupação do MSTC e coordenadora da cozinha comunitária e eventos da ocupação Nove de Julho

Míria Carvalho – 52 anos. Porteira, moradora de ocupação do MTST e voluntária em ações sociais 

Dadá – 68 anos. Costureira, moradora de ocupação do MTST e voluntária em ações sociais

Marilene (Tia) – 61 anos. Copeira, referência para vários homens e mulheres do Bixiga. Morou a vida toda na região. 

Carmen Lopes – 53 anos. Coordenadora do coletivo Tem Sentimento. Coordenadora de ações sociais com mulheres oriundas da Cracolândia.

Morena – 52 anos. Camelô, tem um barraca na frente de uma prisão em São Paulo e é referência para as esposas, mães e filhas de homens que se encontram presos

Rosa Forones – 77 anos. Agente de organização escolar, voluntária na gestão de escolas públicas no Bom Retiro.

Dona Íria – 81 anos. Inspetora de alunos, trabalhou 50 anos em escola pública e acompanhou várias gerações de alunos

Ana Maria – 72 anos. Uma das mais antigas professoras do Bom Retiro, adorada pelos alunos 

ZONA LESTE

Lúcia – 72 anos. Dona de Casa, uma das primeiras moradoras das COHABs de Itaquera

Josy Oliveira – 62 anos. Produtora Cultural, ligada a festas e shows de samba e pagode em Itaquera.

Solineide – 56 anos. Faxineira, trabalhou na Zona Leste a vida toda e limpou a casa e prédio de várias gerações durante o crescimento da região

Zenaide Vila Nova – 54 anos. Coordenadora uma ong e diversos trabalhos assistenciais e sociais na Zona Leste.

Neuza Ferreira – 58 anos. Costureira, uma das primeiras moradoras das COHABs de Itaquera

Maria Lígia – 58 anos. Naturopata, mulher negra com diversas graduações e trabalhos sociais na área de alimentação. Tem uma história de vida incrível, diferente de todas as outras do projeto. 

Edy Santos – 61 anos. Dona de Casa, coordenadora do Centro Espírita, já coordenou orfanato em Itaquera e vários projetos de acolhimento de crianças na região.

Marlei Madelanea – 63 anos. Coordenadora e pesquisadora da Irmandade da Boa Morte na Bahia e em Minas Gerais. Trabalha em diversos trabalhos sociais e culturais em Itaquera e é difusora, propagadora e pesquisadora da cultura negra no Brasil e em São Paulo.

Marines Cardoso – 50 anos. Diarista, trabalhou na Zona Leste a vida toda e limpou a casa e prédio de várias gerações durante o crescimento da Zona Leste.

Roseli Pavan – 72 anos. Coordenadora de ong e de projetos sociais em Itaquera ligados a cultura e emprego e terceira idade – Gestora da Abas Vitoriosas.

ZONA OESTE

Carina Padilha – 44 anos. Exceção de idade, é babá e coordena diverso projetos sociais e assistenciais (sem nenhuma ajuda do governo) em 11 comunidades/favelas no Butantã.

Katia Souza – 49 anos. Exceção da idade, é lLiderança comunitária e coordenadora de projetos sociais. Gesta e coordena o projeto Déboras, que desenvolve ações sociais e comunitárias para jovens e mulheres (sem nenhuma ajuda do governo) em 03 comunidades/favelas no Butantã.

Adriana Dadelha – 40 anos. Exceção de idade, é pastora e coordena ações sociais e de acolhimento feminino em duas favelas das extremidades da Zona Oeste. Favelas que surgiram há pouco tempo. Uma das histórias de vida e violência feminina mais intensa do projeto.

Ayra Ribeiro – 63 anos. Professora, uma das primeiras moradoras dos conjuntos da Zona Oeste e participa de várias conselhos e atividades de assistência social, infância e adolescência e violência feminina. É referência para a comunidade sobre estes assuntos.

Lili – 59 anos. Costureira, coordenadora de projetos sociais ligados e crianças e o melhor exemplo de etários e discriminação com mulheres que conseguiram se graduar e estudar com mais de 50.

Sisi do Desapego – 52 anos. Coordena uma loja de roupas e objetos usados em uma favela da Zona Oeste, onde compra roupas e objetos usados e vende a baixo custo, além de doar para moradores de rua. Trabalho simples e lindo e o acolhimento e dignidade a moradores de rua e pessoas em situação de extrema vulnerabilidade.

Carmen Geraldi – 58 anos. Gestora de projetos, coordena a distribuição de mais de 2 toneladas por semana de doações de alimentos para projetos sociais em 11 favelas da Zona Oeste. Referência em todas as favelas que fomos.

Débora Antunes – 51 anos. Diarista e líder social, coordena projetos sociais em favelas e de acolhimento e empoderamento de mulheres egressa do sistema prisional.

Diva da Cohab Raposo – 72 anos. Assistente Social, coordenadora de projetos sociais e participante de vários conselhos de políticas públicas.

IVA – 49 anos. Líder Comunitária, gestora de vários projetos assistenciais na região da Cohab Raposo Tavares e referência social na região.

Texto: Assessoria de Comunicação Míticax.

Revisão e edição: Tatiana Oliveira Botosso

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