Muitas pessoas deixaram as reclamações das dívidas de lado e optaram por fazer esse trabalho como um “a mais” no orçamento mensal
Janeiro é um mês realmente complicado na questão financeira. IPVA, seguros, mensalidades, material escolar, cartões com as compras das festas de final de ano, viagens e mais uma lista de débitos que só tende a aumentar. E nem sempre o orçamento consegue sanar essas contas, ainda que durante todo o ano anterior seja reservada uma quantia mensalmente.
Para muitos, a televisão é apenas um meio de entretenimento. Entretanto, muitas pessoas viram nela a oportunidade de ganhar um dinheiro extra. Fazer figuração se tornou uma maneira de ocupar dias da semana de folga, finais de semana de descanso ou até madrugadas. Sim, o mundo da publicidade “funciona” 24 horas.
Ruan Firmino, que trabalha como corretor de imóveis, nunca pensou em ser ator, mas descobriu nas figurações um jeitinho de dar um “up” nas rendas. “Além de eu ganhar o cachê, conheço lugares diferentes, faço novas amizades e ainda me divirto sem gastar, o que nessa situação em que estou é excelente”.
Foi por meio de um amigo, que é ator, que ele descobriu esse “universo”. E não parou mais. “Todas as vezes que sei da minha folga durante a semana já ligo alguns dias antes para as agências e vejo se terá algum job. Nem que seja de madrugada, vou com o maior prazer”, conta. “Job” é o termo usado para se referir aos trabalhos desse meio.
Segundo ele, com esses “bicos” já conseguiu faturar mais de R$ 400 em um só mês. “Poderia conseguir mais se não tivesse o meu trabalho fixo. Mas como eu preciso ter um orçamento certo e não tenho pretensões de seguir carreira, levo esse hobby como uma espécie de renda extra, que tem me ajudado bastante!”, comemora.
Novelas, comerciais, seriados e afins!
Em grande parte das produções há a presença dos figurantes. Sabe aquela cena da novela que se passa em uma padaria e existem pessoas sentadas em outras mesas, algumas andando pelo local e até mesmo fora dele? Esses são os figurantes, que preenchem os espaços do cenário, sem falas, closes ou destaques.
Ainda há os carros, os quais muitas vezes são “encomendados” em diversos modelos, cores e anos, para ocupar ruas, avenidas e tudo o que for necessário para os “takes”.
“Eu faço esses trabalhos pelo dinheiro, não ligo de não aparecer, embora a minha família fique esperando”, explica Cínthia Nogueira, que participa de diversas figurações em novelas, seriados e até comerciais de TV.
Desempregada, ela achou nesses jobs uma oportunidade de não passar o mês “em branco”, pois segundo ela os boletos não param. “As empresas de luz, de água, de gás e todas as outras não querem saber se estou trabalhando, né? As contam vêm e preciso pagar. Portanto, mesmo que seja um cachê baixo, é melhor que ficar em casa sem fazer nada”, revela.
Na média de R$ 50 a R$ 250, os valores variam para mais ou para menos de acordo com a abrangência e exclusividade, porcentagens das agências, estilo dos trabalhos e até mesmo das datas do pagamento. Muitos acertam o cachê no dia, enquanto outros pedem de 30 a 45 dias, principalmente quando são gravações para comerciais de TV.
Se a Cínthia cogita a possibilidade de se profissionalizar? Talvez. “Posso dizer que minha profissão, que é de fisioterapeuta, não tem me dado muito retorno. Às vezes penso que ter descoberto as figurações e gostar disso possa ser um sinal para eu fazer um curso de teatro e buscar me aprimorar mais nessa área”, revela.
Como não cair em armadilhas?
Geórgia Abdalla, mãe da bailarina Ana Elisa Abdalla, ressalta que já caiu em uma cilada por conta do sonho da filha. “Na agência me disseram que só trabalhavam com fotos feitas por eles, pois ao enviar para as produtoras existe um padrão das imagens. E me cobraram R$ 1200 por um book. Senti que era enganação, porém, era o sonho da minha filha em jogo. Fizemos as fotos e até hoje ela não foi chamada nem para testes”.
E isso é comum de acontecer: gravações de videobooks, fotos exclusivas e mais alguns itens que só possam ser adquiridos nas agências podem ser golpes. “Amigas da minha filha fizeram cadastros em agências com fotos normais, sem nem ao menos serem de estúdios, e conseguiram fazer figurações, testes para desfiles e até para propagandas. O coração de mãe não se engana, por isso, fica o alerta!”, relata Geórgia.
Os especialistas sugerem que as pessoas sempre pesquisem a idoneidade das agências e produtoras antes de investir qualquer quantia. “Realmente há olheiros que abordam as pessoas com perfis interessantes, pois para uma agência ter diversas opções para enviar aos clientes é uma vantagem. Contudo, se prometerem que ela será a futura Gisele Bündchen, corra, pois não existe garantia alguma nesse mundo”, adverte a produtora e assessora Vanessa Abdar.
Com o advento da internet é mais fácil pesquisar: confira a agência em sites de denúncias, como o “Reclame Aqui”, veja as redes sociais e os comentários (como Fan Page, Instagram, Google + e blog, os quais permitem que as pessoas postem suas opiniões) e duvide de promessas absurdas (há muitos talentos pelo mundo, então, não se sinta a celebridade instantânea que acabou de ser “achada”).
Também vale perguntar aos conhecidos do meio se já tiverem experiências boas com essas empresas. Caso não conheça muita gente, alguns grupos do Facebook destinados a figurações também são ótimas alternativas para saber de trabalhos e até mesmo se as postagens com testes e gravações vêm de pessoas ou agências reais.
As oportunidades podem surgir do nada, saiba tirar proveito!
Eu mesma fui “vítima” do mundo da televisão. Estava passeando pelo bairro de Santana, em São Paulo, e caí em uma das pegadinhas da RedeTV!, da qual não posso dar muitos detalhes por ainda não ter sido televisionada.
Se eu fiquei brava na hora? Sim, claro. Mas o lado bom de tudo é quando sabemos ver ensejos até nos momentos inesperados. Fiz contatos com as pessoas da produção, com a proprietária do local que foi feita a pegadinha e disso tudo posso ter conseguido bons contatos na emissora e até uma grande parceira para eventos ou uma cliente de assessoria de imprensa (não posso falar muito dos envolvidos no quadro por questões de confidencialidade).
Então, se você está reclamando que a carteira está vazia e a conta bancária mais vermelha do que nunca, saiba que a televisão pode ir além de um instrumento para assistir novelas ou filmes. Você pode “estar” nela e ainda lucrar com isso. Fica a dica!