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Campeão Pan-Americano em 1987 e hoje técnico do Mogi das Cruzes, Jorge Guerra, o Guerrinha, cedeu alguns minutos de seu precioso tempo, para um bate papo com o Jornal Empoderado. Campeão Paulista e Sul Americano na temporada 2016/2017 e atual vice campeão brasileiro com o Mogi Basquete, o treinador respondeu a diversos temas, como: política, preconceito, futuro do basquete e sobre os preparativos e perspectivas de sua equipe neste inicio e projetando a mesma para o decorrer da temporada. Confira abaixo a entrevista exclusiva de Guerrinha para o JE.

JE: Como chega o time do Mogi essa temporada?
Guerrinha: Bom, nós chegamos totalmente diferente das últimas temporadas, nós perdemos a base, houve uma reformulação de 80% do elenco, pelas circunstancias da valorização dos jogadores da equipe e o mercado esse ano obteve muitas trocas, algumas equipes investiram muito mais e com isso aconteceu uma troca geral, então vem bastante reformulada, mas dentro dessa reformulado, acredito que, tivemos ganhos
também, não só perca e ganhamos bastante em termos de um time mais homogêneo, um time que tem mais o passe extra, que joga mais coletivamente e bem mais rápido no ataque.

JE: Como tem sido a adaptação dos novos jogadores ao elenco atual?
Guerrinha: Tranquila, tranquila. Hoje não só jogadores que chegam aqui, como chegam também em outras equipes, os treinadores brasileiros e as equipes já tem uma estrutura muito parecidas. Antigamente chegava um jogador totalmente fora de forma, hoje já chegam na pré temporada praticamente, prontos para jogar, sendo necessário, somente, ajustes de conceitos, de filosofia de jogo, que, são coisas que levam um pouco mais de tempo.

JE: O que a torcida pode esperar de um time que perdeu nomes como: Tyrone, Jimmy, Larry Taylor, entre outros, e por outro lado trouxe Gui Deodato, JP Batista, Arthur Pecos, para essa temporada?
Guerrinha: Bom, acho que tem que esperar a mesma coisa que os outros que estavam aqui. Muito comprometimento, muita participação como um todo, pois, é uma comunidade que participa muito com o time, então, não tem outra forma do jogador jogar em Mogi e se doar ao máximo.

JE: O time começou oscilando no campeonato com duas derrotas, depois emplacou uma grande sequencia de 5 vitórias, até a derrota em casa para o Pinheiros e novamente vitórias contra São José e LSB. Qual o tempo ideal para esse elenco, estar 100% entrosado?
Guerrinha: Olha, nunca está 100% eu acredito. Mas, o time evoluiu demais em um mês, um mês e meio de competição. Se você analisar as duas primeiras partidas e as últimas partidas nossa, se nota nitidamente uma evolução tática na parte de defesa, de ataque, de entendimento entre eles, então, é lógico que o lado coletivo ainda vai ter um pouco de falta, porque, muitos jogadores, nunca jogaram juntos e principalmente conceitos diferentes, mas, eu acredito, não gosto de mensurar em porcentagem, mas, o time está mais de 50% encaminhado para a temporada e pode evoluir muito, principalmente, na parte de defesa.

JE: O Brasil conquistou recentemente o campeonato sul americano de basquete na categoria sub 21 e de forma invicta, o que mostra que o esporte que já vem numa nova crescente e também vem se preparando para o futuro. Qual o balanço que você faz do basquete entre presente e futuro?
Guerrinha: Pergunta dificil. São realidades diferentes, cada um no seu momento. Não adiantar falar que o Neymar é melhor ou pior que o Pelé, a seleção de 82 é melhor que outra, de futebol ou de basquete, acho que tudo tem seu momento, faltam muitos resultados, nós temos que separar o basquete doméstico feito no Brasil do basquetebol que é representação da seleção brasileira e isso é muito difícil também, porque, hoje no mundo com a NBA fazendo o que a Fómula 1 fez, pulverizando pro mundo inteiro, todos os países tem equipes, competitivas. Então um time como a Turquia, que é vice campeão Mundial e no ano seguinte, não disputa nem o Europeu, nem Olimpíada, nem o próximo Mundial, a gente vê que, são muitas equipes, quase de 20 a 30 equipes, Estados Unidos, está um pouco acima, então dependemos muito de geração. Nós estamos acostumados a ver que seleção, quando tem uma Hortencia, Paula ou um Oscar, Marcel, Amaury, Wlamir, a chance de ter resultados diferenciados é bem maior, agora quando tem uma geração normal, ela terá um resultado normal.

JE: Após as olimpíadas seu nome foi cotado para o cargo de treinador da seleção profissional, que acabou fechando com o croata Aleksandar Petrovic. Na sua visão, até que ponto o estilo europeu pode agregar dentro e fora da quadra?
Guerrinha: Acho que nada. Acho que hoje o basquetebol é mundial, nós vemos técnicos de todos os lugares, mas nós temos excelentes técnicos aqui. Por exemplo: o Neto (José Neto ex técnico do Flamengo), que está indo para o Japão, poderia estar trabalhando com a seleção brasileira, Gustavinho (ex Paulistano e atual técnico do Flamengo), Demétrius (técnico do Bauru) qualquer um desses técnicos que estão disputando o NBB (Novo Basquete Brasil), tem mostrado alta qualidade. O Neto foi para o Japão, por falta de mercado no Brasil. Currículo super bom, acostumado com esquipes de potencial, estava inclusive, na seleção brasileira. Não vejo necessidade, com todo respeito com o Aleksandar (Aleksandar Petrovic, técnico da seleção brasileira), que faz um trabalho sério, como o Magnano (Rubén Magnano ex técnico da Seleção Brasileira) também fez, mas eu acho que o Brasil hoje, tem sim, técnicos capacitados e desenvolvimento, conhecendo mais a cultura do jogador brasileiro, nós nunca vamos jogar igual um jogador europeu ou caribenho. Nós temos a nossa cultura. O Brasil tem uma filosofia, já obteve a nível mundial muitos resultados e eu acho que tem que resgatar mais esse lado; não só querer jogar como espanhol, querer jogar como não sei quem, pois, tem o DNA que é diferente.

JE: Essa será a décima primeira edição do NBB que cresce a cada temporada, com públicos grandes nos jogos, jogadores querendo jogar aqui, atrações como o jogo das estrelas, estruturas dos ginásios no Brasil. No que mais podemos melhorar?
Guerrinha: Fortalecer os clubes. Toda essa estrutura da liga é fantástica, os clubes tentam fazer o máximo possível, mas, são muito frágeis, dependendo de patrocinadores. A gente vê que a grande receita dos clubes NBA, Europa, tirando os clubes de futebol, como: Real Madrid e Barcelona, na própria Argentina, que tem uma receita muito boa, vem dos jogos televisionados, então essa receita, tinha que ser maior para os clubes se fortalecerem e não depender só de patrocínios pontuais. Patrocinador é importante, os clubes estão se organizando para vender, apesar de o mercado financeiro hoje ainda o Brasil passa por uma crise muito grande, sustentar time com receitas de camisetas, souvenires, ingressos, é difícil, isso é para despesas extras. Acho que deveria ter mais receita pros clubes, não diria, uma lei de incentivo, porque é mais uma coisa para envolvermos o governo e acho que tem coisas mais importantes para o governo, como: educação, a própria saúde e nós sim ter meios dentro da parte privada de conseguir mais receitas paras os clubes.

JE: Infelizmente ainda temos que lhe dar com diversos casos de preconceito no esporte em geral. De que forma as pessoas que exercem cargos de liderança como o seu no meio, pode interferir para evitar esses fatos?
Guerrinha: Eu acho que quanto menos falar das coisas. Tem que posicionar, tem que ter atitude, mas, ficar valorizando muito, o cara é branco, negro, pobre, rico, isso e aquilo, eu acho que cada vez, ser mais natural, fazer os trabalhos sociais que as equipes fazem, que o esporte na minha opinião, não é um elemento de inclusão, e sim transformador. Ele transforma todo mundo, até quem tem e quem não tem, ele passa te mostrar a real verdade de você perder a ganhar, como na vida, a gente tem situações difíceis. Então, usar o esporte mais como transformador do que ficar preocupado em citar isso ou aquilo de preconceitos.

JE: Estamos em ano de eleições e o país vive um verdadeiro caos na política. O que você espera para o futuro da nação? Que tipo de melhoria política você espera para o esporte de modo geral?
Guerrinha: Bem, eu sou um brasileiro e brasileiro sempre tem esperança, está na nossa bandeira e no nosso hino, mas, não vejo perspectiva se não mudar esse sistema atual. O sistema atrapalha qualquer um, qualquer pessoa que queira fazer alguma coisa, é emperrada nesse sistema de congresso, de legislativos, sistemas de judiciário nosso, eu acho que deveria ter uma reforma geral de varias coisas, reforma política, reforma tributaria, reforma de pessoas e se Deus quiser, aparecer pessoas que não façam um governo para próprio uso, mas, sim para a população, para o que deve realmente ser usado. Mas no momento estou muito desiludido nessa questão, porém, sempre acreditando que pode ter mudanças, sim. Por que não? O Brasil é um país continental, com potencial incrível e com pouco tempo a gente pode obter uma evolução fantástica, mas passa pela educação; escola, escola, como a Coréia do Sul, poderia adotar o modelo deles, que eu acho que, em 15, 20 anos o Brasil seria uma potência.

JE: Guerrinha, obrigado por atender o Jornal Empoderado, um projeto novo que, tem a missão de dar voz aos invisíveis. Obrigado por contribuir conosco nos atendendo de forma muito gentil. Poderia deixar um recado aos leitores e colunistas que acompanham o basquete e o esporte de modo geral do jornal?
Guerrinha: Obrigado a vocês. Poderia deixar a mensagem do próprio basquetebol, que é um jogo que termina, mas, não acaba. Então, a gente tem que acreditar, quando a bola está no ar, mesmo quando já saiu de sua mão, que o cronometro esteja zerado, ainda pode se decidir muitas coisas, uma vitória pro seu time, um título, então acho que a gente tem que ter essa esperança e sonhos. Obrigado!!

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