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Entrevista com Estevão Ribeiro

Foto: https://www.umsabadoqualquer.com

No dia 30 de janeiro de 1869, Angelo Asgostini publicou na Revista Vida Fluminense, aquela que é considerada a Primeira História em Quadrinhos do Brasil: “As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte. E por este feito a partir de 1984, ficou instituído, através da “Associação dos Quadrinistas e Cartunistas do Estado de São Paulo” (AQC-ESP), que todo o dia 30 de janeiro se comemoraria o Dia do Quadrinho Nacional e desde 84 se faz o Prêmio Angelo Agostini, para prestigiar esta turma que faz histoprias em quadrinhos.

 

  

E para celebrar esta data tão importante vamos conversar com Estevão Ribeiro que além de publicar quadrinhos tem uma editora, a Aquarius.

Empoderado – Como nasce seu gosto por quadrinhos?
Estevão –  Eu sou o caçula da casa (num total de 6 filhos, sendo 3 homens e 3 mulheres) e meus irmãos mais velhos gostavam de quadrinhos, assim como a minha mãe, que antes de se tornar evangélica, gostava de ler Mandrake e Fantasma. Já eles liam quadrinhos de heróis e Disney enquanto eu lia Turma da Mônica. Com o tempo eu fui herdando os quadrinhos e a paixão dos meus irmãos e da minha mãe. 
 
Empoderado – Você tem muitas obras públicadas, mas qual tem mais carinho?
Estevão –  Eu tenho um carinho especial com o Tristão, personagem que ganhou destaque entre 2000 e 2001, e ainda vejo muito potencial nele. Se ele tivesse sido lançado há alguns anos e não há 18 anos, talvez hoje ele estaria estrelando uma série. “Pequenos Heróis” me enche de orgulho porque foi uma obra que contei com a colaboração e tanta gente boa e hoje tão importante para o mercado que é impossível de não ser lembrada. A adaptação de “Da Terra à Lua (2015)” foi minha prova de fogo, primeira obra grande em que eu escrevi, desenhei, pintei… E acabou de ser adotada pelo PNLD, então é um trabalho importante para mim. Mas “Os Passarinhos” e a nova filha, “Rê Tinta”, têm propósitos bem claros: convidar o povo a pensar de forma divertida. 
Tristão, personagem criado em 1999
Renata Tinta da Silva, Rê Tinta, é uma menina de dez anos que vem trazer a luz debates sobre questões sociais, raciais e da cultura negra. Mas sempre com bom humor.
“Os Passarinhos” é uma tira que ja foi publicada em vários países, além do Brasil. E tem como protagonistas o escritor escritor carismático Hector e seu amigo ácido e pessimista, o Afonso.

Empoderado – Fale suas obras que mais se destacaram: Os passarinhos e agora Rê Tinta.

Estevão – Eu acabei falado nas partes preferidas rs! Mas quero falar sobre Os Passarinhos, que é um material que tenho orgulho pacas porque a tirinha está presente em 29 mil bibliotecas de escolas públicas e em dezenas de livros escolares. Já a Rê Tinta é uma menina preta e empoderada que não fica calada ao ver velhos costumes. A tira nasceu depois da ida a um evento de quadrinhos e constatar que nós, artistas negros, éramos minoria entre os expositores, e quando famílias negras se aproximavam e nos reconheciam como iguais, se sentiam representado do outro lado da mesa. Mas eu não tinha uma personagem-ícone para empoderar as meninas que lá chegavam. Daí nasceu a Rê Tinta.

 
Empoderado – O que vc costuma ler?
Estevão –  Atualmente tenho lido roteiros de audiovisual e livros teóricos para novos passos na carreira, que é trabalhar com TV e Cinema, além de algumas biografias para um projeto vindouro…
 
Empoderado –HQ nacional e feita por um cara preto. È mais dificil conquistar espaço? Ja foi mais dificil?
Estevão – O quadrinho nacional como um todo é difícil emplacar, mas para um negro, o caminho para chegar ao um quadrinho pronto é mais penoso, porque desde dentro de casa há uma pressão para você fazer algo que dê dinheiro, que arte é coisa de branco, coisa de rico. As chances de termos um João Montanaro – o mais novo chargista da Folha – negro são impossíveis, porque a gente precisa de um suporte familiar que incentive uma criança preta a desenhar desde cedo. Quem vai comprar uma mesa para essa criança desenhar? Materiais de desenho? Ele fará curso? Quem paga? Vai ter que ir para um curso voluntário. Onde existe um curso assim? Quer um exemplo contemporâneo? Assista o programa The Voice Kids. Muitas das crianças brancas que querem cantar têm aula de música. As crianças negras aprendem com os parentes ou em programas sociais. E muitas das vezes as crianças brancas estão bem mais preparadas. Assim é também o mercado de quadrinhos. Chegamos à mesa para vender nossos trabalhos já burros velhos, mas ainda iniciantes.  
 
Empoderado – Fale um pouco sobre sua Editora a “Aquário “. 
Estevão – A Aquário sofreu um baque grande e não consigo publicar do mesmo jeito que no começo, pois ela foi criada em 2015 e em 2016 morreram meu sogro, minha mãe e nasceram as gêmeas, então a editora como produtora de projetos próprios ficou em segundo plano, mas no primeiro ano publicamos 10 títulos, entre quadrinhos e antologias de fantasia.
 
Empoderado – Como é ser pai e profissional da area de HQ?  
Estevão – Como eu trabalho em casa, eu que cuido delas na maior parte do tempo e estou entregando essa entrevista às 22h.
 

Ainda sobre HQ Brazucas!

A imagem pode conter: 3 pessoas, incluindo Manoel de Souza

Manoel de Souza, da Revista Mundo dos Super-Herois falou o que representa esta data: “Acho bacana um dia para todos se lembrarem da importância de alguém como Angelo Agostini e como os quadrinhos são uma linguagem rica que ainda consegue encantar muita gente nesses tempos de internet.”.

E ainda nos contou um pouco sobre seu novo projeto, um livro que conta a trajetória da Editora Abril nos quadrinhos: “Estou editando um livro sobre os quadrinhos da Editora Abril para realizar um sonho antigo: homenagear a empresa que lançou tantas revistas que fizeram minha cabeça. As publicações da Abril me encantaram a ponto de influenciar minha escolha de viver editando revistas.”

Foto: http://www.universohq.com

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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