“Os ingressos caros visam selecionar o público alvo, quem tem poder de compra”. Essa é a opinião do fotógrafo e torcedor são-paulino, Charles Trigueiro. A opinião dele vai justamente ao encontro da declaração do presidente do Flamengo, Bandeira de Mello, que disse na ESPN que o torcedor que não pode pagar não deve ir aos estádios. “Não existe maldade em excluir o torcedor que não pode pagar”, afirmou o mandatário do rubro-negro.
Se antes essa higienização das arquibancadas ela velada, hoje vemos e ouvimos declarações cada vez mais claras dos nossos dirigentes. Para o desenvolvedor de softwares e corinthiano, Leandro Bergamim, os setores mais caros são fruto da ingerência dos cartolas. “Creio que sejam fruto da incapacidade dos dirigentes do futebol brasileiro em analisar o perfil dos torcedores, bem como a dinâmica de ocupação de seus estádios.”
Para o radialista e corinthiano Ginaldo de Vasconcelos, os planos de sócios torcedores tiraram dos estádios os torcedores que apoiam o time. “Essa nova modalidade de torcida não se vê como parte do espetáculo, mas como público ou cliente. Eles estão ali apenas para aplaudir ou vaiar”. Para Bergamim, que também foi presidente da República Popular do Corinthians, a elitização do futebol não é um caminho sem volta: “Isso é resultado do mau planejamento dos preços do estádio, pois o ‘clube’ prefere menos gente pagando mais, que mais gente pagando menos.”
Na visão de Trigueiro o torcedor mais pobre só é lembrado pelos dirigentes nos momentos ruins dentro de campo: “Olha a diretoria do SPFC, em 2013: o time quase caiu, mas a força do torcedor empurrou, com o Morumbi sempre cheio com ingressos a R$20,00 e crianças grátis”.
Assim sendo, fica nítido que os donos do futebol brasileiro não têm interesse em lotar os estádios e deixar o famoso povão fazer a festa. “A elitização é o fato de se tentar mudar o perfil do torcedor que vive o futebol, é forçar a exclusão de pessoas por meio da opressão financeira”, finalizou Leandro Bergamim.
Texto: Vinicius Lucio
Uma resposta
Infelizmente, o Corinthians atual está se afastando cada vez mais dos ideais de seus fundadores e da sua concepção original. Que time do povo é esse que inviabiliza que o povo assista aos jogos, que para tentar pagar o palácio de mármore substituiu o torcedor que apoia pelo cliente que só cobra, vaia e xinga? Como o povo vai fazer o time, se ele é marginalizado e excluído por aqueles que se apropriaram do Corinthians e usam o clube em seus próprios interesses?
Já passou da hora dos torcedores, organizados e não organizados, unirem-se em prol do resgate do Corinthians e do corinthianismo autêntico. Se o Corinthians não é um time que tem uma torcida, mas uma torcida que tem um time, vamos buscar o time, libertando-o daqueles que o usurparam de seus verdadeiros donos. Vamos fazer valer a declaração do nosso primeiro presidente. Honremos a memória de Miguel Bataglia.
O CORINTHIANS É O TIME DO POVO, E É O POVO QUE VAI FAZER O TIME