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Cortes na carne, de quem??

marquezelli

Primeiramente, como trata-se de minha crônica de estreia no Jornal Empoderado, gostaria imensamente de agradecer ao Anderson Moraes, que muito honrosamente me convidou para participar deste projeto, que teve minha simpatia desde a sua concepção.

Dito isto, vamos ao nosso tema. Vejam, vivemos no Brasil um momento gravíssimo. Instigados sim, por uma inegável crise econômica e política, advinda sim, de erros graves de comando e de alianças escusas feitas pelo poder. É inegável que o PT fez uma perigosíssima opção, aliando-se (em nome da “governabilidade”) a setores neoliberais e até, em certa medida, conservadores da política nacional, tais como: PMDB, PP, PR, PSD e seus derivados. Não era preciso ser “vidente” para prever o final dessa história, um prejuízo incalculável para o partido e para a imagem da esquerda ante grande parte da população (até pela manipulação imposta pelos veículos de mídia de massa, controlados pelas classes dominantes) que fez com que Michel Temer e toda horda de (no mínimo) neoliberais que o rodeiam, chegassem ao poder. E em nome da “necessidade de cortes na carne’” para a recuperação da política econômica do país, impõem a população, um cenário que se anuncia catastrófico. E o pior, de forma silenciosa e com total aceite destas mesmas, classes dominantes, que acabam moldando a opinião da sociedade.

 

Vimos na surdina, após a aprovação em 2º turno na Câmara da PEC 241, que vai limitar por 20 anos os gastos públicos, inclusive na área da Educação, o aumento de salário de servidores de carreira, com reajustes de até 37% em diversas carreiras. Não que seja uma medida injusta, mas fica claro com isso a intenção de Temer de “agradar” os que o rodeiam, nota-se isso no recente aumento para o judiciário e para o MPU.

Nota-se portanto o mais grave em tudo isso. O governo corta verba pública, visa reduzir a participação do Estado na economia, sobretudo com a desobrigação da participação da Petrobrás nas operações do Pré-sal, o que demandaria sim a curto prazo um investimento, mas que poderia trazer importantes lucros a médio e longo prazo. Além claro, do impacto a médio e longo prazo que esta PEC 241 terá sobre áreas fundamentais para a população como: Educação, Saúde e Segurança, além do fim do aumento real do salário mínimo. Reformas Trabalhista Previdenciária que não se atentam as especificidades de cada caso, e sobretudo na Trabalhista, as demandas de cada carreira. Ou seja, temos um governo que administra o país como se este fosse uma empresa, sem pensar nas demandas de cada setor da sociedade, sem ouvir esta sociedade.

 

Quero crer que todos tem consciência que o país vive um momento difícil e há de fato, uma demanda por ajustes, a própria ex-Presidenta Dilma Rousseff admitia e planejava alguns destes, mas certamente, analisando as peculiaridades de um país plural como é o Brasil. Um trabalhador braçal não pode ser obrigado a trabalhar por 50 anos, é “mais fácil” nesta lógica irracional e sem nenhum respeito pela população, decretar que este será desassistido pelo Estado, uma vez que sabemos, que ele não chegará produtivo a idade mínima para a aposentadoria, se é que chegará vivo.

 

Portanto, a reflexão que temos de ter em mente é que mais do que erros que levaram a ascensão das forças que hoje estão no poder. Crimes muito mais graves contra a classe trabalhadora estão sendo arquitetados e em plena execução, as informações chegam rarefeitas e direcionadas a população, que acaba aceitando isso passivamente, sem aperceber-se da gravidade do quadro que se avizinha.

 

A grande mídia instigou e apoiou as manifestações que fomentaram a deposição da ex-Presidenta Dilma não por “civismo” e sim por interesses que haviam por trás disso. Temer muito criticou os gastos com publicidade e os elevou, na contramão de seus discursos. Ou seja, não podemos ficar de braços cruzados esperando que a grande mídia informe e instigue a população a lutar contra esses verdadeiros atentados contra a classe trabalhadora.

É preciso um grande levante popular, é preciso que a população volte a se enxergar como o que realmente é, e não da forma como tem sido conduzida a pensar ser. É preciso portanto, que a população tome consciência de que é PROLETARIADO, nós fazemos parte dos 99% (e olha que grandes corporações estão dentro desse percentual) da população mundial, que detém apenas 1% da riqueza, enquanto 99% da população, evidentemente, detém apenas 1%. Essa é a nossa luta e a nossa condição. Enquanto as pessoas seguirem sendo manipuladas, crendo que por terem um carro e uma TV “16K” a prestações a perder de vista, são “Classe dominante”. Essas manobras contra a população, seguirão em pleno curso.

 

NOTA

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