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Conheça Viviane Zaila Malika Tau, Coordenadora do Coletivo “Espelho, Espelho Meu”

Fotos: Divulgação

“Ser mulher no Brasil é ser uma Candace – uma guerreira”

Viviane Zaila Malika Tau, de 36 anos, coordena o Coletivo “Espelho, Espelho Meu” ao lado de Siméia de Mello Araújo, Michelle Souza Freitas e Luana Maria Ferreira Martins. Militante, luta para superar as adversidades de ser uma mulher negra, periférica e resiliente.

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Conversamos com Vivi, e a militante nos contou como é sua luta contra o racismo e o machismo nos dias atuais. Confira!

 

Vivi organizou manifestação contra Xenofobia, na Avenida Paulista
Vivi organizou manifestação contra Xenofobia, na Avenida Paulista

JE – Vivi, o que é o Coletivo “Espelho, Espelho Meu”?

VIVI – É um projeto voltado à criança negra, procura minimizar ou diminuir os registros de uma sociedade eurocentrada e, consequentemente, racista desde a infância, permitindo, portanto, que esta tenha a possibilidade de se desenvolver enquanto sujeito de forma plena.

Conheça mais em: O que é o Coletivo “Espelho, Espelho Meu”?

JE – Qual a importância de focar um projeto nas crianças e não nos adultos?

VIVI – O coletivo trabalha, a partir do lúdico, a autoestima, combatendo o racismo estrutural, pois entende que este se manifesta desde os primeiros anos de vida, marcando a infância, estigmatizando a criança negra e perpetuando-se na sua vida adulta.

JE – Como nasceu a sua participação em militância?

VIVI – Me descobri Negra aos 22 anos, onde existiu a necessidade de restaurar a minha identidade, fui estudar sobre a minha ancestralidade, minha cultura, e quando percebi já estava mais que envolvida no MN de São Paulo

JE – Quem é “Viviane Zaila Malika Tau”?

VIVI – Vika, como os amigos íntimos me chamam, é uma mulher que se recria todos os dias superando todas as adversidades, mulher preta, periférica e resiliente.

JE – Como é ser mulher num mundo ainda tão dominado pelo pensamento machista?

VIVI – É insalubre.

JE – Cite 5 mulheres que são referências para você e por quê?

VIVI – Todas que irei citar é pela representatividade: Simeia Mello, Patricia Santos de Jesus, Djamila Ribeiro, Monica Conceição e Michelle Obama.

JE – Fale o que foi a compra de materiais para Comunidade Pantanal?

VIVI – Realizo ações sociais em comunidades a 3 anos. Levanto a necessidade emergencial e realizo campanhas entre os amigos. Após levantar os valores, realizo a compra dos materiais, faço a entrega e a prestação de contas.

JE – Como foi ter uma mulher presidente?

VIVI – Representatividade Total. Sou suspeita em falar…rs

JE – Você se sente representada na política atual? Por quê?

VIVI – Não, pelo simples fato de não contemplar meus iguais

JE – Racismo, Cota e Visibilidade?

VIVI – Acredito que exista o racismo, pois trabalho com a sua desconstrução, e sou a favor das Cotas.

JE – Fale sobre a reforma do ensino médio e sua opinião:

VIVI – Sou contra, a Reforma do Ensino Médio favorecerá ainda mais escolas particulares, visto que elas não serão obrigadas a seguir essa regra. O governo precisará de menos professores de várias matérias e provavelmente superlotará as salas de aula.

Sem contar que um jovem de 14/15 anos nem sempre tem maturidade de fazer tal escolha para o seu futuro.

Primeiro, o retrocesso de eliminar avanços na área da educação sobre trazer luz sobre a contribuição dos povos africanos na construção do Brasil, ou seja, a construção da identidade e da cultura brasileira. Essa ação vinha fortalecendo e muito a identidade de jovens negras e negros pelo Brasil inteiro, mudando a perspectiva e atuação dentro das escolas.

Segundo, a retirada da obrigatoriedade do ensino de educação física e filosófica, sociologia do ensino resultará no agravante de não se pensar de maneira mais correta os conceitos fundamentais da sociedade Ocidental. Pois diversos temas e conceitos são construído pelo pensamentos e questionamentos dessas duas áreas do conhecimento.

Quantos corpos dos jovens deixarão de ter uma educação adequada pela falta de exercícios. A construção dessas atividades dentro da escola era importante para introduzir noções de disciplina de maneira empírica.

Terceiro e mais agravante,  trazer de volta o ensino técnico, mas sem conexão com o pensamento das universidades, baseado na indústria brasileira obsoleta e ultrapassada. Criando, assim, um legado de jovens como ferreiros, mecânicos, coisa que não emprega mais ninguém. Num pátio de fábrica todo modernizado, cheio de maquinário sendo inutilizado virando ferro veio e obsoleto. Levando esses jovens a um processo de uma educação aventureira e não responsável para com o futuro.

JE – Fale como foi o primeiro evento de encontro de coletivos promovido pelo JE que você participou:

VIVI – Foi excelente, gostei da iniciativa, mas acredito que precisamos de mais divulgação.

JE – Projeto prevê multa a comercial que objetifica a mulher. Qual sua opinião sobre o a forma que é retratada a mulher na mídia?

VIVI – Agente tende achar que a mídia é um órgão independente, mas os meios de comunicação estão sujeitos à sociedade. Então, aos interesses dessa sociedade, se existem propagandas que objetificam o corpo da mulher, é porque a sociedade é racista e machista, transfóbica, tudo depende da resposta da sociedade. Preto na mídia é afroexótico, independente de homem ou mulher, eles colocam a imagem que querem e não abordam nada com a devida profundidade: Afroesteriótipo e afroconveniência. Estamos na superficialidade da diversidade, não fazem nada realmente significativo.

Serviço:

Facebook: Coletivo Espelho Espelho Meu

 Ligar (11) 96196-0045

 

 

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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