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Conheça o “Movimento Escolas Antirracistas”

O Brasil nunca foi tão combativo contra o racismo que é sim o maior mal da humanidade. E para fechar este ano de tanta luta o  Jornal Empoderado falou com algumas mães que deram os motivos que a fizeram lutar por uma escola antirracista e a importância de um movimento das Escolas Antirracista. São Elas: Leia Damacena, Caterina Rino, Mildred, Rosa Maria Andrade, Caio e com o órgão criado para discutir uma escola sem racismo e com mais inclusão, o Movimento Escolas Antirracistas.

Movimento Escolas Antirracistas

“O Movimento Escolas Antirracistas foi criado na época dos protestos pela morte de George Floyd nos EUA. Alguns de nós nos perguntávamos porque nada acontecia no Brasil, onde temos alguns George Floyds por dia, e chegamos à conclusão de que estávamos, nós também, entre os que se indignavam e não faziam nada.
Embora o racismo esteja presente em tudo o que nos cerca, entendemos que o ambiente das escolas particulares era especialmente propício por dois motivos:

1- nossas crianças estudam em escolas particulares, onde o racismo é ainda mais profundo e se reflete na sub-representação gigantesca da população negra; e 2- é na escola que se aprende a ser racista e, portanto, onde se pode aprender a ser antirracista.

Desde julho deste ano, temos nos reunido virtualmente e nos organizamos em frentes de trabalho para atuar no que consideramos ser as primeiras ações necessárias: um grupo de Agenda, que está trabalhando em um manifesto; um de Sensibilização, que prganiza eventos e conteúdos para sensibilizar a comunidade destas escolas para o tema; e um de Pesquisa, que está trabalhando em uma pesquisa que possa indicar de onde estamos partindo com relação ao número de alunos, mães e pais e profissionais negros no universo no qual queremos atuar. O trabalho está apenas começando mas há bons sinais.

O primeiro é o número de pessoas interessadas, muitas delas dedicando tempo ao trabalho. O outro é a boa penetração do discurso antirracista nesse meio, que nem sempre foi receptivo.”

Tatiana Nascimento, do Colégio Vera Cruz

A ideia é um programa de implementação de uma educação antirracista – que envolve, contratação de profissionais pretos (as), aprofundamento da aplicação da Lei 10.639, sensibilização da comunidade e corpo docente, preparação dos professores brancos e entrada de novos alunos pretos (as) bolsistas. – 

Rosa Maria Tavares Andrade é Bióloga (professora) e locutora TV.

“Negra, bióloga, professora do ‘Universitário Vestibulares’ há 20 anos, desde que entrei nessa instituição, com pouquíssimas mulheres professores e única negra, coloquei como condição para a minha permanência a inclusão da presença negra, tanto na publicidade do Universitário, quanto na postura e conversa com os professores do curso. Para solidificar essa política educacional, organizei o livro “Aprovados! Cursinho Pré-vestibular e População Negra”, uma coletânea que até a atualidade é bastante citada na bibliografia de teses e artigos. Como palestrante em escolas públicas e privadas, pude perceber a urgência de reflexão e Ações Afirmativas nesses estabelecimentos de ensino para, realmente, termos pluralidade étnico-racial no corpo docente e um Projeto Pedagógico que incluía a Lei 11.645/08 na sua totalidade. Portanto apoio o movimento ‘Escolas Particulares Antirracistas’ –  que suas propostas sejam legitimadas até que tenhamos equidade étnico-racial.”

Caterina Rino falou ao Jornal Empoderado qual importância do Movimento das Escolas Antirracista?

É um movimento de extrema importância. Nenhuma das gerações antes dessa teve qualquer ação parecida no que tange a compreensão do ser negro, da cultura negra, da história do Brasil revisada, considerando a participação de grandes personagens negras, antes apagadas e compreendendo as inúmeras violências que a colonização trouxe consigo. É grande a possibilidade das pessoas não negras das gerações de hoje, que agora começam a ter acesso a um olhar mais cuidado nesse sentido nas escolas, se tornarem pessoas menos racistas. Consequentemente, o sofrimento de crianças negras com bullings e falta de representatividade será menor também.
Por outro lado, não adiantará todo esse movimento vindo das escolas, se as mudanças não se tornarem efetivas, representarem apenas uma fase, um alarde instantâneo e fulgaz, numa busca para exibir um “selo antirracista” e só. As mudanças devem ser intensas e abranger diversos aspectos.

… Somente colocar crianças e professores (as) negros (as) nessas escolas resolve?

Não resolve. Colocar crianças e professores negras(os) nas escolas será um passo importante em direção a uma escola que possa se dizer antirracista, sem dúvida, mas está longe de ser o único. A aplicação da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas redes públicas e particulares, só vai se tornar efetiva quando o quadro docente adquirir conhecimento suficiente sobre o assunto, ou seja, é necessário que se incentive entre o corpo docente, a realização de cursos e aprofundamento no conhecimento da história da África e do país antes de se tornar Brasil.

Além disso, é necessário ainda, que as escolas compreendam a importância de manter a diversidade visual nos materiais de divulgação, cartazes de conscientização, ou de orientação, fazendo uso de modelos negras(os), indígenas, etc. possibilitando uma maior representatividade. Para além da aplicação da Lei 10.639/03, é importante a compreensão das particularidades presentes no corpo negra, como o cuidado com os cabelos ou pele por exemplo.

A imagem de pessoas que fujam do padrão estabelecido por tantos anos no Brasil, ou seja, da pessoa branca, cisgênero e magra, também nomeada por “heteronormativa” precisa mudar. Pessoas negras e indígenas, ou de outras etnias que não a branca, pessoas gordas, pessoas com deficiência também são normais e precisam ser tratadas desta maneira pela sociedade. Branco também é raça, assim como negro, indígena, etc. Mudando isso nas crianças, garantimos uma grande mudança para agora e para a posteridade.

Leia Dasmaceno, mãe do Lucas e do Miguel

Quanto a sua última pergunta, a resposta é um não gigante !! A impressão que tenho Anderson, é que nada será suficiente para sairmos deste lamaçal que nos colocaram. Pode existir cotas em vários setores, ainda assim, não será suficiente enquanto sermos vistos como “inferiores”. Mas sigamos, mas não muitas vezes sem desanimar.

Mildred Sotero – mãe, professora e mulher negra!

Lembram da Pequena Ruby Bridges e a História do Racismo nos EUA?

“Ruby Bridges, uma criança de Nova Orleans protagonizou um das fotografias mais importantes do século XX. O que deveria ser rotina, sua caminhada até a escola, se transformou em uma cena inesquecível: Ruby, na estatura de seus seis anos de idade, desce uma escadaria sob a escolta de policiais federais” – Dj Black Josie
Norman Rockwell, fotógrafo e ilustrador. – fonte: Geledes

https://www.geledes.org.br/a-pequena-ruby-bridges-e-a-historia-do-racismo-nos-eua/

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