O site da Prefeitura de São Paulo define o COMPIR ( Conselho Municipal de Promoção a Igualdade Racial) como “um órgão colegiado e deliberativo, criado para formular, acompanhar, avaliar e fiscalizar políticas públicas de promoção da igualdade racial. Sua missão é assegurar que todos os cidadãos, independentemente de sua raça ou etnia, tenham seus direitos respeitados e possam viver em uma sociedade livre de discriminação e preconceito”.
Para que o propósito do conselho seja alcançado é necessário construir uma equipe com diversas características entre elas a experiência, pesquisa, conhecimento técnico, resiliência, ações afirmativas e o principal – pessoas engajadas a causa. São a base da fórmula para construir um trabalho bem sucedido, e foi com essa receita que Claudinei Corrêa se tornou um dos principais membros da COMPIR, ao ser eleito em 2023 a posição de Presidente do conselho na cidade de Aparecida – SP.

Em 1990, participou do 1º Fórum de formação de lideranças negras, promovido pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) cujo o objetivo era formar jovens para trabalhar na política. Anos depois, Claudinei ingressou na Prefeitura de Osasco como Assessor de Igualdade Racial, onde permaneceu até 1998. Mas, a sua ligação com a luta operária se manteve e no ano de 2000, iniciou sua caminhada como Coordenador de formação profissional na Federação dos Metalúrgicos de São Paulo atuando nas cidades de Coronel Macedo, Itaporanga, Taquarituba, Itabera, Barão de Antonina e Taguai.
Ao se mudar para a cidade paulista de São José dos Campos em 2004, atuou em uma terceirização da Petrobrás, durante os anos de 2009 a 2011 e assumiu como coordenador no PROMINP ( Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural) em 2012. Em sequência, recebeu o convite para se tornar assessor parlamentar na ALESP no mandato do Deputado Gerson Bittencourt, onde permaneceu até 2016.
Ao receber um novo convite em 2017, Claudinei prontamente aceitou o desafio e se tornou assessor da Igualdade Racial de São José dos Campos – SP mas, em 2019 tomou a decisão de deixar o mandato para abrir a própria empresa e escolheu atuar de 2018 a 2022 como Coordenador dos cursinhos populares promovidos pela UNEAFRO Brasil no Vale do Paraíba – promovendo 48 palestras em 23 cidades, realizando 28 eventos de formação – colaborando para criação de inúmeras ações de combate ao racismo, destacando projetos como a articulação ao nome da Casa Afro Professora Odila e, a idealização e implementação da ducha comunitária que visava garantir a higienização de moradores de rua durante o período da pandemia do Coronavírus em Aparecida – SP, como as ações de maior alcance e impacto social.
E. desde de 2023, Claudinei Corrêa atua como Presidente da COMPIR e acumula diversos outros títulos como Educador Social, Empresário da área de estruturas metálicas e educação, sendo um dos fundadores da COALIZÃO NEGRA POR DIREITOS através da empresa Corrêa ME educação antirracista. Ganhador do PROAC (Programa de Ação Cultural) EtnoVale, Co-Fundador do AFRONORTE 2004, Ganhador do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) de cultura 2007, Idealizador do Cursinho Popular Luiza Mahin e dos prêmios Maria Figueira e Gente do Bem, Coordenador do ABC sem preconceito com participação do TEDXITA em 2021. Nota máxima no edital da Lei Paulo Gustavo com o documentário Visibilidades Mulheres Negras em 2023.
Apesar do seu vasto conhecimento, histórico de trabalho e de conhecer todos os atos racistas mais comuns, não lhe impediu de sofrer, em sua vida pessoal, uma agressão policial em 2014, pelo simples fato de comprar um tênis à vista para o seu filho, que também é negros. Mas, Claudinei soube transformar esse crime em ações, que futuramente se somariam para o fortalecimento da luta antirracista.
O caso foi gravado e publicado nas redes socias e viralizou conquistando a atenção do Brasil para o crime, o Estado foi processado e após 7 anos de batalha judicial e a construção de uma rede de apoio sólida e diversa de grupos em todo Brasil, Claudinei ganhou o caso e foi indenizado pelo Estado.

Natália Leles – Comente sobre o caso de racismo sofrido em rede Nacional e o que foi revertido, a partir dele, em benefício a promoção de igualdade racial.
Claudinei Corrêa – “A OAB de SJC – SP criou uma comissão de igualdade racial, conseguimos fazer o governo de SJC ter eleições democráticas no COMPIR. Criamos a sala Empodera Vale Cursos de educação antirracista, Implantamos a rede de apoio psicológica e jurídicas para pessoas vítimas de racismo na região de SJC. Ampliamos o prêmio “Gente que faz”. Ampliamos o festival Dandara. Fizemos uma Ducha para dar banho em moradores em situação de rua em Aparecida – SP.”
N. L. – O cenário político em Aparecida do Norte tem o desafio de ter seu eleitorado, composto por muitos devotos e muitos deles compartilham do mesmo pensamento da extrema direita, qual é a relação desse público com os trabalhos da COMPIR?
C. C. – “A esquerda vota quieta inverso o Lula, teve 40% dos votos. Por exemplo: O Boulos teve 1000 votos para deputado. Estar presidente é extremamente difícil pois, a cidade trás o histórico de não reconhecer e valorizar a mão de obra negra!”
N. L. – Quais são os principais trabalhos em andamento hoje, sob seu mandato no COMPIR?
C. C. – “A função do COMPIR é dar formação, fiscalizar, propor políticas afirmativas. Na nossa gestão, conquistamos reservas de 40% para negros na Lei Paulo Gustavo e PNAB ( Política Nacional de Atenção Básica). Realizamos 4 cursos de formação antirracista.
Temos desafios em conquistar a adesão do negro de direita, a minha gestão é técnica e coloco o IBGE na mesa. A cidade tem 50% de negros declarados. 96% do PIB é oriundo do turismo religioso em dois santos, que são pretos – São Benedito e Nossa Senhora Aparecida.
Infelizmente a situação da população negra não é legal. A cidade faz a maior festa de São Benedito porém, a cidade não tem nenhum grupo de Congada ou Moçambique. 90% da frente de trabalho são negros”.
Uma resposta
O papel fundamental da COMPIR , Claudinei Corrêa Presidente do Conselho da Cidade de Aparecida – SP, como eu sempre digo ao nosso povo negro precisamos abrir os espaços para os nossos , equidade na prática se faz com atitudes antirracista. O racismo cresce em nossa sociedade cada dia mais , as táticas de crueldade e do genocídio negro sempre existiu e existe , combater o racismo é tarefa de todos . Que possa existir mais espaço de poder na prática para os nossos. Não podemos aceitar migalhas jogada aos porcos. Somos um povo de resistência, resiliência e superação sim , mas queremos sim PODER PARA O POVO NEGRO e isto se faz como os nossos . Parabéns Claudinei por tudo que vem fazendo. Sonia Santos