Carolina Ferrer cresceu em Ipanema, reduto de artistas e intelectuais durante sua juventude. Estudou dança, passando por conservatórios e chegando quase a engrenar uma carreira profissional. Mas formou-se em Letras – o amor pela palavra falara mais alto.
No entanto, era a musica o seu assunto preferido, desde os tempos de menina, quando acompanhava seus pais a shows e serestas, até a descoberta da vida noturna do bairro, quando circulava pelo Mistura Fina (que era na Garcia D’Ávila) ou pelo Cabeça Feita (então na Barão da Torre). Dizem os amigos que ela já era uma enciclopédia de musica popular brasileira, mas a artista se diz ouvinte principalmente do pop inglês, de Pixinguinha e de Dilermando Reis na época.
Nos anos de universitária, descobriu as rodas de samba de Santa Teresa e do Rio Cumprido. O samba então passa a ser sua trilha mais ouvida e mais cantada – até então somente em seu quarto, junto com a prima que estudava canto e violão.
Após trabalhar como caixa em hotéis, professora, tradutora, secretária e assistente de direção – para ninguém menos que Luis Carlos Barreto – se mudou para Paris para uma formação de roteirista. Foi trabalhar em bares, paralelamente aos estudos, passando pelo Blue Note, bar famoso pela programação musical. Uma noite, um músico a ouviu cantarolar e a convidou para uma canja. Caro (leia-se Ca Rô), como é conhecida em Paris, trocou o balcão pelos palcos dos bares, definitivamente, em 2006. No repertório: Lupicínio Rodrigues, Ary Barroso, Ataulfo Alves, Zé da Zilda, Cartola, Noel, Caetano, Gil, Djavan e as baladas de Marina, Zeca Baleiro, Adriana Calcanhoto. Numa outra ponta, ainda, Lenine, Chico César e Carlinhos Brown.
A partir de 2007 começa a estudar canto e a compor. Produz seu primeiro CD, “Jasmim no Ar”, onde reuniu suas primeiras composições. Seu talento de letrista foi rapidamente descoberto por pilares da musica brasileira na Europa, como Marcio Faraco, Jorginho Amorim, Acelino de Paula e Lameck. O disco abriu o festival Jazz in Ajaccio em 2009 e seu trabalho ganhou visibilidade dentro da world music francesa.
Em 2011 produz e lança seu segundo disco, “Samba pelo avesso”, inteiramente autoral, que seguiu em tournée por diversas cidades da França e Rio de Janeiro.
Em 2014, “Desarmada” chega para nos revelar sua veia pop. Produzido entre Rio e Paris durante todo o ano de 2013, com arranjos de Geovanni Andrade e de Vinicius Rosa, o disco é considerado pela artista seu “melhor trabalho”. A chegada de elementos eletrônicos e de um tom mais grave na voz e nas sonoridades anunciam uma fase mais densa na trajetória da compositora. O álbum a inscreve nas paginas da musica popular brasileira como uma de suas mais marcantes representantes; “concernée et rêveuse à la fois, mais surtout une interprète singulière” (Rémy KK – RADIO NOVA), ‘paroles graves ou insouciantes; mais toujours très élegantes” (Stéphane De Languenagen), “poetèsse” (Radio Clube do Brasil), “Caro c’est le blues dans la samba; je l’écoute les yeux fermés ” (Marcio Faraco)
Em Setembro de 2015 cria o grupo Lamparina, onde apresenta novas leituras de seus sambas preferidos. As rodas de samba do grupo contam com frequentes participações especiais de artistas brasileiros em trânsito pela cidade luz.
Após defender uma tese sobre Chico César, a artista acaba de retornar de sua primeira tournée por cidades do Nordeste brasileiro. O show, Balaio, estréia em Paris em outubro próximo.