Batemos um papo com a Beth Beli, responsável pelo Ilú Obá de Min
O Jornal Empoderado (JE) cobriu no último dia 9 de feverieiro, na região central de São Paulo, o desfile do Bloco Afro Ilú Obá de Min, que em novembro de 2024 completa 20 anos. E contou com a presença de Dep. Fed. Guilherme Boulos (PSOL), Dep. Est. Eduardo Suplicy (PT), vereadora Luana Alves (PSOL), Dep. Fed. Erika Hilton (PSOL), membros do MNU, maestra Girlei Miranda (Illú), além de outors parlamentares e pessoal do mobimento negro e social.
O bloco Afro se tornou referência, por preservar as raízes negras no carnaval de São Paulo e do Brasil. Aproveitamos para conversar com a diretora-geral e regente do bloco, Elisabeth Belisário, a Beth Beli, de 55 anos.
Como disse Beth, à Folha de São Paulo: “hoje, o Ilú Obá De Min é integrado por 400 mulheres que tocam os instrumentos no cortejo. A mais nova tem quatro anos de idade e a mais velha, 84”.
JE – Como nasce o Illu? E como você chega ao Illu?
O Ilú Nasce em 2004, antes eu era do Bloco Afro Sampista Oriashé, que foi fundado e presidido por Kika De Bessem, e sua socia Penha em 1998.
Kika dona do salão Orilê, juntamente com sua Social Penha, fundaram o Bloco Oriashé situado no bairro Bela Vista, na rua Santo antonio , 830
Num encontro de irmãs pretas, nas ruas do Bexiga, Kika convida Girlei Luiza Miranda e eu para fazer parte desse bloco como mestras de bateria, assim fomos.
Kika foi a mulher que me deu esse lugar de maestrina, cargo geralmente ocupado por homens!
Assim segui com o bloco durante 5 anos, depois do término do bloco Oriashé fiquei durante um bom tempo sem mãe e assim segui minha vida como percussionista. Passando por vários outros trabalhos como percussionista, até que em 2003 as mulheres que eram do bloco Oriashé, me chamam para retornar com o bloco na rua e assim eu volte, mas com algumas condições: que fosse para trabalhar para Xango, o orixá da Justiça e que fosse regido, dirigido e coordenado por mulheres.
Assim em 2004 Nasce Ilú Oba De Min, fundado por Adriana Aragão, Nega Duda, Beth Beli e como co-fundadora Girlei Luiza Miranda
JE – Como foi para você o desfile desse ano que falou de Marielle?
No Carnaval de 2024, o bloco Ilú Obá De Min traz o enredo Irúgbìn – Família Franco, Marielle, para reverenciar a memória de Marielle Franco e celebrar o legado de sua família: a mãe, Dona Marinete Francisco, o pai, Sr. Antônio da Silva Neto, a irmã, Anielle Franco, e a filha Luyara Franco. Trazida do iorubá, a palavra irúgbìn significa semente e representa justamente as ideias que Marielle plantou e que sua família continua a regar, além de ser símbolo da origem da vida. A nossa Opera em Marcha foi esse ano para celebrar a vida que brota a cada instante e entoando cânticos de justiça contra o genocídio da população negra, exigindo o devido respeito às matrizes africanas e aos corpos negres que carregam sabedoria e memória e são desumanizados e invisibilizados pela sociedade.
O Cortejo foi muito tranquilo cheio de afetos e reverencias a todas as Mães que perderam seus filhos assassinados pela Necropolítica.
O encontro das mães de Paraisópolis, mães de Maio, Maes de Osasco e Mães de Santo com dona Marinete mãe foi muito forte e potente juntas falavam palavras de ordem e pediam de justiça, e o publico gritavam junto com elas o pedido de Justiça para seus filhos (as).
JE – E só mulheres são homenageadas pelo Illu?
Não, já houve cortejo que homenageamos Sango no ano 2012 “Os 12 Ministros de Sango”o Patrono do Ilú, mas na maiorias desse 20 anos as honrarias foram para as femenageadas Leci Brandão, Raquel Trindade, Nega Duda, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Lia de Itamaracá, Sueli Carneiro , e Marielle
JE – Qual será a homenageada (o) do ano que vem?
Ano que vem será o “Título Carnaval 2025*Tambores sempre Tambores! Òkè Àró Girlei Luiza Miranda”. Estamos preparando a partir de abril, o carnaval de 2025, agora vamos descansar porque são seis meses de trabalho para casa saída do bloco Ilú Obá De Min- Educação Cultura e Arte Negra . Aguardem!
Presidenta, direção geral e regente Beth Beli
FOTOS: Ina Henrique
Nota: Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica. Clique aqui!
