A psicóloga angolana Maria Fernanda Pascoal, ativista dos direitos humanos e membro fundadora do Coletivo Diásporas Africanas, se emocionou e levou à emoção internautas e participantes do painel que com ela dividiam conversa digital sobre “Saúde Mental, Negritude e Migração”, transmitida ontem (11/09) no canal de Youtube “Pensar Africanamente”.
Abordando o assunto na primeira parte da sua intervenção (minutos 1:01:00-1:27:47 no vídeo cujo link segue abaixo), ela deu exemplos chocantes mostrando que comunidades migrantes africana e haitiana são as que mais sofrem com racismo e xenofobia no Brasil.
Citou casos de estudantes angolanos agredidos, perseguidos e humilhados na cidade paranaense de Maringá, tendo-a abandonado em consequência, de outro morto por supostamente querer tirar trabalho aos nacionais e de uma congolesa que se suicidou jogando-se com filhos em uma linha de metrô.
Falou também de como barreiras linguísticas agravam ainda mais a situação de migrantes negros falantes de línguas estrangeiras, mesmo para os mais qualificados, que não conseguem revalidação de seus documentos em razão de racismo e xenofobia, acabando em trabalhos precarizados. ”Qual o estado de saúde mental de alguém que fala três línguas, trabalhou em uma multinacional no seu país e acaba no chão de uma fábrica?”, questionou Maria Fernanda.
“Mulheres como eu que têm homens pretos toda a vez que o marido sai e vai para o trabalho o atraso de 10 minutos já significa preocupação extrema, atraso de 15 minutos já me põe na rua para ver se ele está vindo, atraso de 30 minutos ainda mais”, disse.
“Nós que temos filhos pretos, a gente não sabe se há probabilidade de eles chegarem aos 80/90 anos e quando começa a chegar na idade da adolescência e da juventude temos que dizer para eles que têm de ver bem certos tipos de roupas que vão usar porque há a probabilidade de serem confundidos. Certos territórios não podem pisar em certos horários porque parece que já estão delimitados geograficamente”, concluiu emocionada.
Maria Fernanda Pascoal falará para o seu país natal, Angola, no próximo dia 23 de setembro como convidada de Tânia de Carvalho, em conversa digital a ser transmitida no canal SOLUÇÕES, na plataforma Youtube.
Link do programa no Canal “Pensar Africanamente” https://youtu.be/HZCyVIqwf0I