Um Carnaval de mal gosto que vivemos. Por que? Pois é falido o modelo imposto e a escola chamada Brasil não tem o mesmo compasso, elegância e alegria de outrora.
O Pierrô, pobre coitado que era humilhado na corte e servia como “entretenimento”, a galhofa dos corpulentos donos de terras e escravistas, hoje flerta com ideais de uma nobreza que ele nunca foi ou será e entoa o canto conservador que sempre o oprimiu. Algo que a Colombina que hoje não é mais a frágil e apenas dançante moça do Castelo, hoje se tornou a forte que diz que #ELE(S)NÃO(S). Ensina e dá o tom ao alienado personagem que não entende que é somente um soldado que será descartado após o Carnaval.
A vassalagem burguesa tupiniquim acha engraçado e cria um Mito que faz a piada homofóbica, machista, racista e tem ódio do social. Alguém que quer resolver na bala nada doce um problema que não foi criado pelo cidadão e sim por pessoas como ele.
A bateria da ala “Cidadão de Bem” bate em tom raivoso e descompassado, apenas para instigar o ódio a outra agremiação. Marcha de forma sisuda e entoa refrões estranhos a um país que teve na mãos estendida ao (a) outro (a) sua maior coreografia.
Tá, mas a vida está tão triste que Eu espero que nessa “quarta-feira de cinzas” e durante a ressaca sei que muitos voltarão a entender que o samba que estão entoando nada mais é que uma marcha fúnebre. Além de ser importante que estejamos alinhados e mais próximos assim as “perdas” serão menores.
O Carro Alegórico hoje se chama Caveirão, Camburão e a criança continua a TEMER o Vampiro que antes era história que causava pesadelo e hoje ele é real e dá GOLPE de várias formas.
Mas o samba desse povo tem história. Sua mão calejada por tocar este país, que aprendeu dançar a música do Senhor de Engenho e com humor bateu cabeça, criou sincretismo, encheu a panela de feijoada e nunca bateu em quem te alimentou e chutou a bola como forma de dizer que não aceita o açoite.
A Passista que se equilibra no metrô lotado, a porta bandeira que leva os filhos a escola aprende com a velha guarda que deve-se aprender com o passado para não repetir o futuro. E continua…Não é bala que resolve e sim educação, livros, saúde, respeito, amor… Sabedoria dos (a) mais velho(a)!
O samba assim como a política democrática e social responsável não morre – ele só toma novas formas e hoje ele está se transformando. A Escola está na rua e lá como cá no virtual deverão mais que dizer #ELE(S)NÃO(S) que estejam alinhados, unidos, pois baixas existirão e falsos amores serão desmascarados, ou seja, são as baixas da vida. O que se espera dessa “quarta-feira de cinzas” e durante a ressaca aonde muitos (as) errarão o compasso, a batida é que muitos (as) voltarão a entender que o samba que estão entoando, hoje, nada mais é que uma marcha fúnebre.
Mas o povo é um eterno resiliente, um forte e a já deu recado lá atrás com Paraíso do Tuiuti e seu com o enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?” e a Mangueira com “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco!”, duas históricas críticas a governos déspotas. E vem mais ai da verde e rosa em 2019.
E para o dia 7 de Outubro o povo canta e convoca: “Sacerdote ergue a taça…/ Convocando toda a massa…/ Nesse evento que com graça…/Gente de todas as raças../Numa mesma emoção…/Esta Kizomba é nossa constituição” – Kizomba, Festa da Raça, de Martinho da Vila
Foto: Carnavalcomthiago