O cinema muito mudou nos últimos anos ou décadas. A cada lançamento que desponta na mídia, mais me apercebo de mudanças na tônica da sétima arte.
O cinema, enquanto bem, ou produto, não pode fugir ao gosto popular. Mais do que isso, responde às expectativas de um público consumidor e, mesmo antes disso, representa a sua época. Vivemos um período peculiar da história humana. Antonioni, em “ Além das Núvens”, dizia que, infelizmente, estamos distantes da época em que se privilegiavam as palavras; hoje se privilegiam as imagens. Na intensa dinâmica cotidiana o cidadão comum não quer perder se em grandes reflexões. Tampouco quer sofrer ou emocionar-se muito ao assistir um filme ou acompanhar qualquer arte. O termo que melhor se encaixaria no contexto seria a “ temperança”, mas não se trata bem disso. Não vivemos com temperança nosso cotidiano. Grande parte das pessoas faz extensas jornadas de trabalho, se desgasta com o dia a dia áspero, e o cotidiano se apresenta como algo extenuante. Nesse sentido, o cinema se apresenta como produto a ser consumido de forma breve, sem maiores surpresas.
Assim, o cinema fast food é previsível. Não demanda grandes esforços mentais por parte do expectador. Não leva àquele que assiste a sofrer de grandes dores. Algumas vezes abusa da violência, porque talvez o cotidiano também seja violento, considerando-se aqui os vários tipos de violência. Da mesma forma, como o fast food, é consumido celeremente. Não deixa grandes impressões ou memórias na mente de quem dele faz uso.
O cinema, como a arte, sempre serviu a muitos propósitos. Antes dele o teatro grego falava dos deuses, mas também do cotidiano, das grandes alegrias e dores da vida. Com Balzac, talvez o pai do romance moderno, a literatura era usada, fina e ironicamente, para desvelar os padrões por vezes hipócritas da sociedade. O cinema novo, em nossas terras celebremente representado por Glauber Rocha, fazia experimentações visuais, transgredia e tratava de temas como a crítica social. Antes de depois dele a sétima arte serviu muitas vezes como veículo de propagação de conceitos ou filosofias.
Muitos experimentados consideram bastante o cinema da ação. Ele, como o western e tantos outros gêneros , cumpre bem o seu propósito, que é entreter as pessoas que esperam aquele tipo específico de estética. Sou dessa opinião também, acho que o cinema é rico porque pode abraçar múltiplas tendências contemporâneas. Entretanto, padece o cinema de autor e tantas outras formas de arte. Talvez o nosso tempo peque pela abundância desse gênero em detrimento de outros que são igualmente ricos.
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Mulher Maravilha não é da Marvel. Estes filmes estão mais imagéticos que conteudistas.
Sim Vilmar. Mas falava mais no sentido da sua segunda frase. Ridley Scott por exemplo é um diretor que gosta de efeitos especiais, mas bom seria sempre se houvesse espaço para todas as vertentes