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Tabus, a indústria porno e a responsabilidade de quem consome

O sexo já foi por muito tempo uma esfera de domínio masculino, porém a mulher conseguiu invadir a bolha masculina e ter emancipação sobre esse tema, além de interesses, idéias e fetiches. Também será esse o futuro da pornografia?

Assunto polêmico e cheio de tabus, a pornografia passou de sinônimo de indecência e imoralidade, para a naturalidade. Pelo menos quando o consumo é  para homens adolescentes, os que permanecem com o hábito após a puberdade também são pouco julgados. No entanto a figura muda de juízo quando retrata mulheres, jovens ou não, a sociedade nega a mulher prazeres e conhecimento sobre o próprio corpo.

changepornEssa discriminação gera anomalias tanto em quem produz quanto em quem consome. A ex-atriz Shelley foi vítima de um aliciamento criminoso, exposta a situações precárias de trabalho e violência durante as gravações. Hoje, ela combate os abusos de dentro e fora do set, sua organização Pink Coss Foundation ajuda psicológica e financeiramente profissionais da pornografia. Uma indústria responsável por movimentar cerca de 97 bilhões, isso em 2006, a mesma não se responsabiliza por seus danos. Dados da organização Treasures revelam que:

  • 89% das mulheres que estão na indústria pornográfica gostariam de abandonar o meio mas não conseguem por não encontrarem outra forma de sobreviver,
  • 48% das 304 cenas analisadas em filmes pornográficos continham agressão verbal, enquanto mais de 88% apresentaram agressão físicas,
  • 15 novos casos de DSTs de atores e atrizes pornô são reportados a cada semana.

Outros dados apontam as condições em que as atrizes se encontravam quando foram contratadas; 70% das entrevistadas em um estudo realizado pela Silbert e Pines observaram que o abuso sexual na infância teve influência sobre a ingressão à trabalhos sexuais. 50% das mulheres viviam em um estado de pobreza, 36% foram das mulheres foram abandonadas na adolescência.

Os impactos aqui analisados não vão além do ambiente legal, porém o tráfico de seres humanos é o segundo maior crime organizado no mundo, gera aproximadamente 31,6 bilhões de dólares a cada ano. Especificamente, o tráfico para exploração sexual gera 27,8 bilhões de dólares por ano. Há 1,39 milhões de vítimas de servidão sexual comercial em todo o mundo. São feitas 116.000 pesquisas por pornografia infantil todos os dias

Tamanha negligência e violência da indústria atinge também os 40 milhões de consumidores, 10% dos usuários que assistem pornô admitem ser viciado à pornografia, dentro desse número encontrasse o ator Terry Crews, em um vídeo publicado em 2016 o ator revelou que era viciado em pornografia e como sua vida foi terrivelmente afetada. O site your brain on porn estuda que alterações o cérebro está exposto com o consumo de pornografia, quando viciado, o impacto pode ser semelhante ao do alcoolismo.
O risco do consumo do pornô está na inumanidade do sexo, a relação é desconstruída para ser consumida em pequenos fetiches, com uma adição de violência nos atos, para pessoas fora do consumo de pornografia, os filmes parecem mecânicos, totalmente irreais, porém quando consumido por quem não tem experiência, que condição os filmes ilustram?

Toda essa degradação acaba por estigmatizar a pornografia e faz com que um universo menos obscuro seja oprimido.
No documentário After Porn a ex-atriz Asia Carrera conta como abandou a universidade atraída pelo glamour e dinheiro da pornografia, talvez por sua condição Asia foi além da carreira de atriz, sendo também escritora, diretora e produtora de filmes adultos.
A fotógrafa Suze Randall foi pioneira na fotografia adulta, primeira mulher contratada da playboy, no documentário Hot Girls Wated a fotógrafa revela como visualizou uma oportunidade na falta de tato de fotógrafos e produtores ao realizar ensaios com as modelos, a sensibilidade e a beleza de seus ensaios renderam o sucesso de sua carreira. Atualmente a filha de Suze, contínua a frente do estúdio da mãe, e luta contra um mercado de baixa qualidade e preço.
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Nessa mesma luta encontrasse a diretora Erika Lust, dona da A Lust Films, Erika produz filmes eróticos, sem os excessos das pornografias convencionais, apesar de ser direcionada tanto ao publico masculino quanto ao feminino, seus filmes são associados a pornô feminino, porem esse termo, é um tanto quanto errôneo, já que a própria defende que a pornografia pode ser um instrumento educativo, além de prazeroso, e que pode ajudar-nos a conhecer melhor a sexualidade humana, viver com maior liberdade e explorar os desejos de forma mais natural. A produtora espera que seus filmes ajudem a mudar a percepção de gênero e os papéis sexuais estereotipados.

Talvez seja esse o mais próximo do papel da pornografia no sexo. É inegável que a masturbação, a sensação de bem-estar causada pela liberação da endorfina e dopamina podem auxiliar na diminuição de tensão e stress e no conhecimento do próprio corpo e prazer, são esses apenas dois das dezenas de benefícios tanto para homens quanto para mulheres.
Excesso de moralidade sobre o tema apenas expande o espaço das barbáries expostas no começo deste texto, o escritor William Margold diz que a sociedade é perversa e não a pornografia, já que é a mesma que consome e repulsa a pornografia, impelindo-a para a marginalidade.

Aos produtores e todo o meio da pornografia fica a necessidade de mais fiscalização, responsabilidade e verdadeira profissionalização. Aos consumidores fica a questão. Prazer a que custo? Prazer ao custo de quem? É o seu consumo que vai dizer #changeporn

 

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