De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas) o conflito na Síria é o maior do século XXI. Esse conflito já matou quase 300 mil pessoas, sem contar a quantidade de refugiados que buscaram asilo em outros países. A situação econômica do país também então em colapso, o que deixou uma grande parte da população vivendo abaixo da linha da pobreza.
O estopim da Guerra na Síria
Em março de 2011, adolescentes que haviam escrito mensagens revolucionárias no muro de uma escola na cidade de Deraa, localizada ao sul do país, foram presos pelas forças de segurança do Governo de Bashar al-Assad.
Esse foi o fator determinante para provocar diversas ondas de protestos e manifestações contra a repressão do governo de Assad. Os manifestantes se inspiravam na Primavera Árabe que foi um movimento ocorrido em vários países do Oriente Médio e o norte África em dezembro de 2010, onde os manifestantes foram para as ruas lutar pela liberdade de expressão, democracia e justiça social.
Tais protestos derrubaram os presidentes do Egito, da Tunísia e da Líbia, porém, cinco anos depois apenas na Tunísia ocorreram eleições diretas e foi promulgada uma Constituição de cunho progressista, nos demais países a situação se tornou um pouco mais complicada, pois deu início as disputas pelo poder entre as milícias o que fez surgir governos ainda mais autoritários do que os anteriores.
O início de um conflito sangrento
Após usar a força para combater os protestos contra os jovens, a resposta veio através da formação de diversos grupos armados com o intuito de combater as forças do governo para tomar as cidades. Nesse contexto a rebelião que se iniciou de forma pacífica deu lugar aos grupos armados e extremistas como o auto intitulado Estado Islâmico e a Frente Nusra, afiliada da al-Qaeda.
O Estado Islâmico ficou conhecido mundialmente por suas táticas brutais, sem contar que eles criaram uma “guerra dentro da guerra”, ao enfrentar tanto os rebeldes da oposição pacífica síria quanto os jihadistas da Frente Nusra. Esses conflitos também deram espaço ao Exército Curdo que são uma milícia que opera nas áreas de maioria curda no norte e Síria apoiados pelos Estados Unidos.
Quem disse que a Guerra Fria acabou!
O conflito na Síria chamou a atenção do mundo inteiro, inclusive os países que após a Segunda Guerra Mundial iniciaram um conflito ideológico entre o Capitalismo e o Socialismo, esse conflito ficou conhecido como “Guerra Fria”.
Vamos aos fatos.
Com o crescimento e avanço do Estado Islâmico que passou a conquistar muitos territórios, em 2014 os Estados Unidos fizeram ataques à Síria em tentativa de enfraquecer o Estado Islâmico e conseqüentemente evitar que tais avanços pudessem de fato beneficiar o governo de Assad. No ano seguinte, a Rússia não deixou por menos e fez o mesmo contra terroristas na Síria, porém diversos ativistas da oposição dizem que os ataques estão matando milhares de civis e rebeldes apoiados pelo Ocidente.
Os interesses estrangeiros
O que a Rússia e os Estados Unidos têm em comum é que as duas potências bélicas querem o fim do Estado Islâmico. Mas os objetivos em comum param por aí, pois os Estados Unidos querem a queda do governo de Bashar al-Assad, por considerarem que seu regime ditador é algo prejudicial à Síria deixando evidente seu apoio aos rebeldes; por outro lado, a Rússia acredita no poder e na força de Bashar al-Assad e está apoiando incondicionalmente seu regime. E a Síria, então, está submetida a um fogo cruzado dentro desse palco que eles escolheram para guerrilhar de forma indireta como ocorrido na Guerra do Vietnã e Guerra da Coréia.
O “suposto” motivo para o ataque à Síria em 06 de abril
No dia 04 de abril de 2017 o Governo de Assad na Síria fez ataques aos extremistas onde de acordo com os opositores do governo e os Estados Unidos, foram utilizadas armas químicas que haviam sido proibidas pelo Conselho de Segurança da ONU. De acordo com o grupo britânico de monitoramento do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, 86 pessoas – 27 delas crianças – foram mortas no incidente químico em Khan Sheikhoun, na província de Idlib.
A Organização Mundial da Saúde aponta que algumas das vítimas apresentavam sintomas consistentes de exposição a agentes que afetam o sistema nervoso.
Em resposta ao “suposto” ataque químico, o governo americano de Donald Trump na madrugada dessa quinta feira dia 06, tomou a decisão de disparar 59 mísseis Tomahawk contra a base de Al Shayrat, perto de Homs, na Síria.
De fato essa é a primeira ação direta dos Estados Unidos contra Assad. O que pode vir a se tornar um conflito de grandes magnitudes, pois até então os Estados Unidos estavam focados apenas no Estado Islâmico.
Na visão do governo russo de Vladimir Putin, o ataque americano foi uma “agressão a um Estado soberano” e condenou a ação que, segundo ele, é baseada em “pretextos inventados”. O país tem negado que o governo sírio foi o responsável pelo ataque químico. Os russos dizem que as forças sírias bombardearam um depósito de armas dos rebeldes que continha substâncias tóxicas. O chefe do Comitê de Defesa do Parlamento da Rússia disse que o país irá convocar uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU após o ataque aéreo dos EUA à Síria e que a ação pode enfraquecer o combate ao terrorismo no país.
A presidência síria afirmou que o ataque dos Estados Unidos foi irresponsável e imprudente. Em apoio a Bashar al-Assad, a Rússia anunciou que irá reforçar as defesas antiaéreas do exército sírio.
O fim desse conflito não esta próximo
Alguns fatores nos permitem prever que esse conflito ainda não tem uma data para o fim. Os motivos que me remetem a isso é a intervenção das nações estrangeiras.
As nações estrangeiras contribuem de forma incisiva para a continuidade dos conflitos através dos apoios financeiros e militares.
A intervenção externa também é responsável por instituir a intolerância onde antes era um Estado imparcial em relação à religiosidade da população síria.
Isso trouxe um contraste ainda maior entre maioria sunita e a minoria alauita onde de certa forma alimentou atrocidades de ambas as partes, não apenas milhares de mortes, mas também a destruição de comunidades, e destruindo a esperança de que esse conflito possa ter um fim.