Se tem uma coisa que estraga relacionamento é ela, a tal ansiedade. Aliás, estou para ver o que a danada não estraga. Tira a nossa paz, faz a gente parar de raciocinar e, principalmente, transforma qualquer gota d’água num tsunami.
O cérebro ansioso não raciocina como outro qualquer. Quando entramos nesse estado das coisas, é como se ele gerasse uma urgência em resolver. Aquela angústia, típica dos estados ansiosos, só pede para ser apaziguada. E é aí que começam os erros. Sequências e mais sequências de buracos que são preenchidos, sempre, pelas piores opções.
Isso é normal. É um mecanismo de defesa que nos faz pensar no pior para que a gente possa se defender dos perigos. Se um tigre faminto entrar na sala onde você está agora, sua reação vai ser ou sair correndo ou atacá-lo (eu, pessoalmente, ficaria com a primeira alternativa). Mas no momento em que o vemos, vamos, obviamente, pensar que ele quer nos devorar. Mesmo que seja um tigre vegetariano, por exemplo (como se isso realmente existisse).
Então, se o seu namorado ficou de ligar às três horas, já são quatro e nada, ai, ai, ai… A cabeça já começa a se encher de minhocas. Passando uma primeira preocupação de “Ele está vivo e bem”, a cabeça começa a preencher o buraco vazio, a hora sem explicação, geralmente com bobagens.
Nunca pensamos “Poxa, deve ter se enrolado numa reunião”. Ainda mais se já tivermos um histórico de traição na vida, não necessariamente com ele. Se já vimos isso acontecer em casa, por exemplo. Já pensamos que ele está com outra, que nos traiu, que nos enganou o tempo todo. As coisas começam a fazer um sentido enorme, mesmo que não tenham nenhum sentido e, simplesmente, nos perdemos numa série de pensamentos desconectados.
Esse é o princípio do ciúme. Na verdade, o ciúme nada mais é que uma fantasia. Uma coisa é você ver seu marido ou namorado aos beijos com outra pessoa, mesmo depois de ter terminado com você. Outra é essa loucura que vira a nossa mente, mesmo sem elementos que comprovariam isso.
Nossa tendência é nos diminuirmos frente ao outro. E esse é o maior problema. Não confiamos em nós mesmos e na nossa capacidade de amar e sermos amados. Queremos provas a cada cinco minutos, o que enche o saco do outro e o nosso. Isso cansa a ponto de querermos sim encontrar uma prova de uma suposta traição e acabar logo com isso.
O segredo para parar com isso: autoconfiança. E como conseguimos isso? Nos cuidando bem, com carinho. Fazendo as coisas que gostamos, estando com as pessoas que nos fazem bem. Nos tratarmos tão bem quanto gostaríamos que outra pessoa o fizesse. Isso aumenta a nossa autoestima, nossa autoconfiança e nos faz ver que não, não existe só aquela pessoa no Universo capaz de nos fazer feliz. E se algo de ruim acontecer sim, sobreviveremos muito bem, obrigada.
Invista em você para depois investir na relação. Isso torna as coisas bem mais fáceis e bem mais prováveis de darem certo. Ansiedade estraga relacionamentos saudáveis. Não entre nessa!
Serviço:
Andrea Pavlovitsch -Psicoterapeuta – http://www.andreapavlovitsch.com
Revisão de texto: Priscilla Silvestre
Créditos das Imagens: ShutterStock
