Dias atrás, Cintyerela acordou cedo, pegou a condução e partiu para sua luta diária. Faxineira orgulhosa, competente e muito querida, fazia seu trabalho caprichado quando ouviu seu telefone tocar. Atendeu, ouviu, e sem crer no que ouvia, desligou. Seguiu seu trabalho. Mas em sua mente ficou uma centelha de algo que seria impossível, que só acontece na ficção.
Sentou-se, e talvez levada pelo cansaço, um leve cochilo a levou a um sonho, Cintyerela pegava uma vassoura e começava a rodopiar como a porta bandeira e seu rodopio ia ficando cada vez mais intenso e vigoroso a ponto de fazê-la flutuar, subir, voar e seu vôo a levava para um Palácio onde já tinha um príncipe aguardando e uma multidão ansiosa. A ela era entregue a maior honraria da Casa, um lindo pavilhão que ela prontamente desfraldava, sorria e voltava a rodopiar, dançar, desta vez escoltada pelo príncipe para os gritos e aplausos de uma gigante Nação! De estalo, seu nome passou a ser falado nos quatro cantos de toda realeza e Cintyerela recebia amor e carinho em doses jamais sentidas. Tudo era muito lindo até que o som de seu telefone a tira daquele momento maravilhoso.
Assustada, corre pra atender. Era uma chamada de vídeo e nela a presidente da Estação Primeira de Mangueira. Confusa, Cintyerela atendeu:”Oi! Que surpresa!”
“Oi! Quer ser porta bandeira da Mangueira?”
“Nossa! Ser a segunda porta bandeira da Mangueira? Que honra!”
“E quem disse que é pra ser segunda? Quero você conquistando a nota dez pra Mangueira!”
Cintyerela chegou a pensar que ainda estava sonhando, estremeceu, chorou e sem pensar falou:”Você é minha fada madrinha!”
“Não, não sou. Mas vem comigo que te apresento uma.”
“Sério? E quem é?”
“É a Fada Bárbara. Mas pode chamá-la de Oyá”…
E ainda tem gente que não acredita em contos de fadas…
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Nota: Texto original publicado no site https://nacaoverdeerosa.com.br