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O choro pelo fogo no Borba Gato!

Ontem (24/07) um grupo intitulado “Revolução periférica” colocou fogo em uma estátua de Borba Gato, na região da zona sul de São Paulo. No mesmo dia aconteceram os atos contra Bolsonaro, em todo país. 

Um pouco sobre Borba Gato

Antes de falar do incêndio falemos do bandeirante Borba Gato, pelas letras do jornalista Walter Falceta: “(A) Incerta esquerda conservadora acadêmica deu de considerar como “vândalos” quem pugna por reparação histórica. Recurso intelectualmente desonesto de difamação. Revisem seus conceitos.” e continuou “É uma falácia atribuir ao ciclo bandeirante da mineração um caráter inofensivo. Vamos procurar fontes primárias, gente. A prospecção e exploração extrativa envolvia violência e destruição de comunidades nativas, bem como uso infame da mão de obra escrava.”

Outros trechos do escrito do jornalista que não é negro:

“Borba Gato era um elemento bestial, caudatário da tradição genocida do bandeirantismo. Pesquise-se a respeito do assassinato de Dom Rodrigo Castelo Brando, e de como logrou obter perdão da coroa.”, “Nunca se ouviu falar de bandeirantes dando a vida por índios ou se sacrificando para defender as populações nativas. Se não fossem alguns dos antigos pregadores, talvez não existisse um único índio no Brasil de hoje. Desonesto forçar uma simetria entre Borba Gato e Anhanguera, de um lado, e Torquemada e Padre Júlio Lancelloti, de outro.

“O conservadorismo acadêmico alega que as fontes primárias de registros históricos devem ser preservadas. Correto. Seria o caso de um arcabuz ou de um machado dos séculos 17 e 18. Não é o caso. O Borba Gato de Santo Amaro foi inaugurado em Janeiro de 1963, como mais uma peça da propaganda suprematista paulista. O bandeirantismo está na base de outras farsas históricas locais, como o inventado heroísmo do MMDC e a Marcha da Família que teria salvo o Brasil do comunismo, em 1964.”,

“Esse conservadorismo acadêmico teria protestado contra a demolição da Bastilha. Argumentariam que, destruído o prédio, o futuro desconheceria a Revolução Francesa. Bem, não foi o que ocorreu. E a Bastilha está na memória coletiva do Ocidente.”

“O autor da estátua é Julio Guerra, um morador de Santo Amaro. O que fez foi colocar um guardinha de guarita, armado, como peça de interdição social, na entrada da localidade. Iniciativa extemporânea, indevida e, sobretudo, cruel.”.

Para apimentar ainda mais esse papo bora ler, o sambista e sociólogo, Tadeu Kaçula:

“(…) A historiografia sempre oculta, esconde, camufla, invisibiliza e desconfigura a verdadeira história de como esse país foi edificado. Desde a invasão européia aqui no território sulamericano rebatizado com o nome de Brasil, os massacres, estupros, roubos, sequestros e banalização seguida de extinção de dezenas de etnias indígenas foram mascaradas. Os Bandeirantes cometeram dezenas de crimes contra a vida humana. A branquitude descendente desses genocidas erguem monumentos em homenagem à eles como se esses genocidas fossem heróis do nosso país: Raposo Tavares, Fernão Dias, Tobias de Aguiar (leva o nome da ROTA – Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar) são homenageados com nomes de estradas, ruas, rodovias, batalhão da polícia militar, além da própria sede do governo paulista que leva o nome de “Palácio dos Bandeirantes”. 

A estátua do genocida Borba Gato, ao meu ver, está fazendo hora extra na Av. Santo Amaro, pois é o símbolo de um período colonial, patriarcal e opressor que a branquitude insiste em manter como estratégia de manutenção dos lugares de privilégio, bem como de manter uma narrativa falaciosa que transforma assassinos opressores em símbolos de heróis nacionais. Fogo é pouco, pois, na real, essa estátua deve ser demolida!Se olharmos com atenção para as fumaças, conseguimos ver os espíritos das vítimas de Borba Gato sendo libertos… O que espanta é a raiva de uma branquitude masculina de meia idade, em sua maioria, que nunca se importou com a falta de representatividade negra, indigna ou até com o Museu Nacional que queimou e até hoje não aconteceu o reparo histórico necessário. 

E…

Um outro ponto para analisar no dia de hoje é a necessidade que alguns “cultos” seja de esquerda ou direita tem em ENSINAR HISTÓRIA PARA NEGROS E OPRIMIDOS, ou seja “VAMOS CATEQUIZAR OS VÂNDALOS E INCULTOS E MOSTRAR QUE ZUMBI TINHA ESCRAVOS”. Nesse momento volto ao samba: “Brasil, meu dengo /A Mangueira chegou /Com versos que o livro apagou…Desde 1500…Tem mais invasão do que descobrimento/ Tem sangue retinto pisado…Atrás do herói emoldurado / Mulheres, tamoios, mulatos…Eu quero um país que não está no retrato”– História pra ninar Gente Grande – Mangueira (2019).

Por fim…

A atual situação de desgraça do Brasil Não precisa contar com a opinião covarde de homens ricos, brancos e que se declaram “de esquerda”, que do conforto de suas espreguiçadeiras destilam ódio sobre a queima da estátua do Borba Gato, bandeirante que, no interior do país, literalmente caçava e escravizava indígenas e negros. Ele é o responsável pelo extermínio de diversas etnias que foram vítimas em confrontos capitaneados por esse genocida.

O sintoma de colite que esses homens sentiram e por isso, recorreram desesperadamente à crítica vazia do “não contem comigo”, vem do medo de perder audiência em seus canais que faturam cifras milionárias com a monetização de programas no Youtube. Tudo isso porque o foco desse sábado, 24 de julho, era mesmo falar o dia inteiro sobre o Fora Bolsonaro, pauta não menos importante, e com a queima da estátua racista, as redes acabaram sendo tomadas por imagens de Borba Gato em chamas.

Ser propositivo, de dentro de uma realidade privilegiada, num momento tão trágico para o Brasil é sem dúvida, elencar prioridades da luta a favor de uma parcela do povo brasileiro que está fazendo sopa de ossos para sobreviver a fome, é fomentar o debate da Segurança Alimentar, é apoiar o debate antirracista, é falar sobre reparação histórica e exigir que as homenagens sejam recebidas por quem realmente merece e move esse país para a vida e não para a morte.

Foto de capa: Ina Henrique

NOTA

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