O Jornal Empoderado conversou esta semana com a psicóloga, Maria Fernanda, que nos enviou um texto contando sua história e o que pensa sobre estar no Brasil.
A imigração Africana especificamente Angolana se deu por volta dos anos de 1990 a 1992, nesse período o país enfrentava uma guerra civil que terminou em 2002 com a morte do Sr Jonas Savimbi líder do partido da Unita.
Nesse período o Brasil recebeu imigrantes vindos das 18 províncias(Estados) de Angola no intuito de salvaguardar suas vidas e consequentemente buscarem melhores condições de vida. Nesse processo de deslocamento os imigrantes mais da metade passaram a viver nos bairros periféricos já que na condição em que eles se encontravam enquanto pretos e solicitantes de refúgio estes imigrantes passaram a entrar na mesma estatistas que o povo negro brasileiro, vivendo e sofrendo com as desigualdades existe nesse país e o racismo que atravessa essas corpos.
A imigração Africana sempre teve um olhar e perfil masculino, por vivermos em sociedade patriarcal e machista, a história da mulher que migra foi apagada, a mulher tem sido vista como aquela que acompanha e, nunca a que toma a decisão sobre o seu próprio corpo de sair do seu habitar em busca de melhores condições de vida para si e sua família.
Enquanto mulher negra Africana decidimos sair dos nossos países em busca de formação (Graduação, Mestrado e Doutorado), trabalho, capacitação, intercâmbio, proposta de grandes multinacionais ou saímos no intuito de salvaguardar a vida por ser ativista dos direitos humanos.
São inúmeras as razões que levam as mulheres a migrar.
No decorrer da carruagem foi possível enxergar quem tem o poder da narrativa conta a história a partir das suas referências e perspectivas que muitas vezes é uma das formas de perpetuar o racismo e xenofobia. Para qualquer mudança a existência de elementos que descrevem e narram sua história é fundamental e necessário. As mulheres Africanas decidiram narrar suas histórias, e deixar escrita para que as futuras gerações consigam acessar e dar continuidade a este legado.
O Diásporas Africanas foi pensado e idealizado por duas mulheres, sendo uma Angolana e a outra do Burquina Faso. A criação deste coletivo teve como principal finalidade trazer o olhar sobre o continente Africano sendo um continente que acompanhou o processo de desenvolvimento mundial, ele não parou no tempo; a África do safari também é a África da ciência e da tecnologia.
O dia 25 de Maio, dia que comemoramos a berço da humanidade e das civilizações é um dia de suma importância para todos Africanos, Afro- Brasileiro, Afro-Europeia, Afro- Asiático e Afro Americanos. Essa data é importante para todas as pessoas que o Afro surgiu antes do País ou continente, todas as pessoas que possuem em seu DNA a mamãe África. Lembrando que os nossos antepassados que foram sequestrados e trazidos para as américas eram Reis e Rainhas Africanas muitos deles.
O dia de África é muito importante o fato de trazermos nessa data reflexões sobre a importância
do Ubunto, o estar unidos tendo em vista que vivemos em sociedades racistas, onde o racismo que atravessa os corpos pretos Brasileiros também atravessa sobre os corpos pretos Africanos.
O dia que mostramos ao mundo a existência dos 54 países existentes no continente Africano, suas múltiplas culturas, moda, musicalidade, gastronomia, línguas, artes plásticas…
Comemorar esse dia, acabamos por prestar também tributo a todos que lutaram em prol da
libertação dos irmãos que foram escravizados pelo colonizador e morreram buscando liberdade para o continente.
O continente Africano está mais presente do que as pessoas imaginam, podemos encontrar no dia a dia dos Brasileiros, por intermédio da gastronomia (uso do dendê e pirão, caruru);
Na musicalidade com a batida do tambor(Batuque); nas vestimentas no jeito como as mulheres adornam o cabelo, na nota de um jornal por intermédio dos provérbios nos portões de casa com símbolo do Sankofa enfeitando os portões e portas das casa.
Os nossos ancestrais deixaram suas marcas, é possível ver essas marcas no comportamento das pessoas, o jeito como criam seus filhos e a forma como foram passadas as brincadeiras.
África continua presente na vida dos Brasileiros de forma direta contudo precisamos dizer que todas essas manifestações ou presença não são enxergadas ou reconhecidas, e o fato de vivermos um uma sociedade racista, sociedade esta que valoriza a opera, o fado e outras manifestações culturais enquanto diabolizam tudo quanto quem vem de África.