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Conheça o proheto Zumb’Ilê – Axé Pastinha

O projeto ZUMB’ILÊ – AXÉ PASTINHA consiste na realização de uma grande vivência cultural e de formação sócio histórica sobre ancestralidade e Consciência Negra, celebrando a resistência impressa pelo povo negro no Brasil, destacando, sobretudo, duas grandes personagens dessa história: Zumbi dos Palmares e Mestre Pastinha.

O primeiro é nosso maior símbolo de resistência guerreira, enquanto o segundo é um grande ícone da resistência de nossa cultura. A ideia é a reunião de três elementos da cultura afro-brasileira – Capoeira Angola, Samba de Roda e Afoxé – que representam um pouco do nosso posicionamento de luta, do jeito de festejar e de se conectar com o sagrado, trazendo à tona o que entendemos por ancestralidade.

O projeto traz no centro o nome de nossa academia “Ilê Axé”, entre dois grandes ícones da resistência do povo negro no Brasil. Nosso Ilê é guardado pela essência guerreira de Zumbi dos Palmares, enquanto Mestre Pastinha representa o nosso Axé, a força vital, transmitida por gerações através da cultura.

Não há riqueza nesse país que não tenha sido construída à base de suor e sangue negros. Ainda assim, tentam nos matar a todo custo, haja visto o grande número de jovens negros e negras cujas mortes violentas denunciam a prática de um genocídio ainda em curso. Além disso, as tentativas de apagar nossas raízes culturais são constantes: “capoeira gospel”, “capoeira sem mestre”, etc. são alguns dos muitos exemplos de branqueamento e apropriação cultural daquilo que o povo negro construiu e vem mantendo a custos bastante onerosos. Mas o povo preto resiste bravamente há séculos e nosso projeto visa contribuir nessa

resistência contra todas as tentativas de aniquilamento de nossas vidas, de nossa história e de nossa cultura.

ZUMBI DOS PALMARES

Francisco, nome ocidental dado por um padre a ZUMBI DOS PALMARES, é o maior símbolo da resistência negra contra a escravidão no Brasil. Nascido em 1655 em Alagoas, ainda com 7 anos de idade é capturado e vendido a um padre, que o batizaria com o nome de Francisco.

Aos 15 anos, foge para o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, onde se torna posteriormente um respeitado estrategista e guerreiro na luta contra as forças do estado que tentam destruir o Quilombo. Por volta de 1678, Zumbi discorda de Ganga Zumba, então líder em Palmares, na decisão de aceitar a proposta do governador da Capitania de Pernambuco, de libertar os quilombolas, alegando que não poderia aceitar tal liberdade enquanto milhares ainda continuariam escravizados nas fazendas.

Com a partida de Ganga Zumba, Zumbi torna-se o novo líder de Palmares. A cisão entre as lideranças palmarinas custou a queda do quilombo, derrotado pela expedição de Domingos Jorge Velho após várias investidas. Sabe-se que para isso, Domingos teve acesso a informações privilegiadas sobre as táticas e sobre as entradas e saídas de Palmares, através da coroa que as teria conseguido daqueles quilombolas que haviam decidido deixar a Serra da Barriga.

Em 20 de novembro de 1695, Zumbi é morto, sua cabeça é exposta em praça pública no Recife, a fim de mostrar aos demais negros que Zumbi não era imortal como alguns acreditavam. Apesar de conseguirem destruir o maior quilombo da história, o povo negro imortalizou os ideais quilombolas e de Zumbi, que

vive em nós até os dias atuais, onde vivemos as consequências desse período e onde a luta por uma sociedade mais justa e igualitária continua. Os quilombos foram muito mais do que esconderijos de escravos, foram a maior forma de protesto, luta e resistência contra o sistema escravista e um espaço onde negras e negros puderam desenvolver seus costumes e reafirmar sua identidade. Hoje, mais do que nunca, precisamos nos AQUILOMBAR.

 

MESTRE PASTINHA

Capoeira é Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista

 

Vicente Ferreira Pastinha nasceu aos 5 de abril de 1889, em Salvador-BA, Filho do espanhol José Señor Pastinha e da baiana Eugênia Maria de Carvalho. Por volta dos 10 anos de idade, conheceu Benedito, um africano recém liberto da escravidão, conhecedor da capoeira, que o convida para aprender a se defender de seu rival na infância, um garoto mais alto e mais forte, de quem Pastinha sempre perdia as brigas.

Daí em diante, Pastinha passa a frequentar a casa de Benedito, que tornou-se seu mestre, para aprender a capoeira. Concomitante a isso, frequentou o Liceu de Artes e Ofício, aprendendo, dentre outras coisas, a arte da pintura. Até que, em 1902, entra para e escola de aprendizes marinheiros, onde ficou por oito anos.

Nesse período, além de praticar música e esgrima, ensinava capoeira a seus companheiros. Em 1910, Pastinha pede baixa da Marinha e passa a ensinar a capoeira em sua própria casa,

escondido, pois a capoeira figurava no código penal da época. Em 1941, Pastinha é incumbido por seus camaradas capoeiristas a tomar conta da organização da capoeira Angola, na época enfraquecida pelo surgimento da capoeira Regional de Mestre Bimba. Funda o CECA – Centro Esportivo de Capoeira Angola –, que mais tarde seria oficializado e ganharia sua sede no Largo do Pelourinho nº 19. O CECA foi um Centro formador de Mestres e de divulgação da Capoeira Angola para o Brasil e para o mundo, tanto que, em 1966, Mestre Pastinha vai à Dakar, Senegal, no continente Africano, representar o Brasil no Primeiro Festival Mundial de Arte Negra. Mas vale lembrar que apesar desse momento ilustre, Mestre Pastinha quase nunca teve apoio do estado para o que fazia pelo país através da capoeira.

Tanto que, anos mais tarde, em 1971, perde sua sede no Pelourinho, numa evidente tentativa de higienização social daquele lugar. Depois desse episódio, o mestre, que já não enxergava bem, perde totalmente a visão e, depressivo, passa a situação mais difícil de sua vida num pequeno quarto úmido no Pelourinho. Em 13 de novembro de 1981, a Capoeira Angola chora a morte de seu grande Mestre, porém suas sementes deram frutos e se espalham levando seu legado adiante.

ACADEMIA DE CAPOEIRA ANGOLA ILÊ AXÉ

Foi criada no ano de 1989 na cidade de Catu, Bahia, por Fábio Thomé Pita dos Santos (hoje conhecido como Mestre Formigão), filho de Mestre Bigo. Inicialmente recebeu o nome de Academia de Capoeira Ilê Axé, pois naquele momento Fabio praticava e ensinava a capoeira da região onde

morava, sem a denominação de Capoeira Angola ou Regional. Em 1991, mestre Bigo, que estava no Estado de São Paulo desde 1986 trabalhando como pedreiro da construção civil, volta à cidade de Catu, onde residia com sua família, e passa a acompanhar as atividades da Academia. Em 1992, Fabio é levado por seu pai para treinar com Mestre João Pequeno, no Forte Santo Antônio, passando a morar em Salvador.

As atividades se encerram em Catu em 1993, quando Mestre Bigo volta para São Paulo para trabalhar novamente na construção civil e, dessa vez, decide mudar para a cidade, no bairro da Pedreira, zona sul, trazendo sua família em 1994. No mesmo ano, Fábio vem morar com a família, se envolve com os capoeiristas da região que apoiam o retorno de seu pai, que em 1995 reabre os trabalhos da Academia Ilê Axé junto com seus filhos Fábio e Iran – o mais novo que também já era capoeirista naquele momento.

Nesse contexto, a Academia se dividia entre as aulas de capoeira ministradas por Fábio e Iran e a Capoeira Angola ensinada por Mestre Bigo, mantendo essa configuração até meados de 1997, quando Iran se afasta da Capoeira e Fábio reencontra a capoeira de Mestre João Pequeno em São Paulo, dessa vez nas mãos de Mestre Jogo de dentro, com quem passa a treinar, dedicando-se exclusivamente à Capoeira Angola desde então.

Mestre Bingo ainda manteve a configuração anterior do trabalho, que era desenvolvido com crianças e adolescentes na Associação de moradores do bairro do Jardim Selma, contando com Jairo – seu aluno mais velho em São Paulo – Edson e Tica, dois professores do Grupo Capoeira Obà Ytalogy, de mestre Kleber (hoje já falecido), que concordaram em tocar uma parte do trabalho. Já em 1998, o trabalho com as crianças e adolescentes na associação se desfaz por questões estruturais; mestre Bigo vai para o interior de São Paulo trabalhar como pedreiro por seis meses e nesse período seus alunos, tendo à frente Jairo e Di, que se junta ao grupo a partir de então, configuram o espaço para o trabalho exclusivo

de Mestre Bigo, no fundo do quintal da aluna Di, também no bairro do Jardim Selma. As atividades iniciam-se em 1999, ano em que o trabalho muda sua nomenclatura para Academia de Capoeira Angola Ilê Axé. Nesse espaço, o trabalho de Mestre Bigo em São Paulo ganha corpo e fica nove anos, com treinos e rodas todas as semanas sem interrupções, até a família de Di decidir se mudar do local. Por pouco mais de um ano, mestre Bigo tocou o trabalho no quintal de sua casa, naquela época localizada no Jardim São Jorge, também na zona sul, até que em 2010, consegue espaço na Associação de Moradores da Favela do Jardim Selma.

Em 2014, a sede da Academia passa a ocupar o espaço da Associação de Moradores de Vila Portela, onde o Mestre passa a ministrar suas aulas e conduzir as rodas. Na segunda metade de 2019, numa decisão familiar, mestre Bigo decide mudar-se para o bairro de Vila Chabilândia, na zona leste, para ficar mais próximo de sua filha Fabiana, para que esta pudesse cuidar mais de perto da saúde do mestre e de sua esposa, dona Isabel (a dona Beca).

Nesse bairro, no ano de 2020, Mestre Bigo abre um novo espaço de Capoeira, para conseguir manter-se ativamente na capoeira todos os dias, como fazia na zona sul. Ao longo de todos esses anos, Mestre Bigo reconheceu quatro contramestres em seu trabalho: Cabo Jairo, em 2014; Leandro, Néris e Tunaína em 2018. Sua Academia, além de seu espaço na zona leste, conta atualmente com seis núcleos: Vale do Ribeira (2004), sob responsabilidade de Kau, Dierrim e Pequeno; Vila Portela (2014), sob responsabilidade dos Contramestres Jairo e Leandro; Cidade Dutra (2015), sob responsabilidade do Contramestre Tubaina; Jardim Selma (2010-2013 retomado em 2016), sob responsabilidade do aluno Cabelo; Cocaia (2019), sob responsabilidade do Contramestre Néris; e ainda, um núcleo em transição desde 2018, em Barretos, sob responsabilidade do aluno Cláudio.

MESTRES PARTICIPANTES DESSA EDIÇÃO

Mestre Bigo

Foto: Gil Silva
Foto: Gil Silva

Conhecido como Francisco 45, discípulo de Mestre Pastinha, nasceu em 1946 e iniciou a capoeira em 1954, no CECA de Mestre Pastinha, após ser levado por seu tio Agnelo para ver o mestre e sua academia numa apresentação na base da Marinha.

Conviveu com grandes mestres antigos importantes, como o mestre Bobó, mestre Caiçara, mestre Paulo dos Anjos, entre outros, além de ter outros tantos grandes como seus companheiros de academia, como mestres João Pequeno e João Grande (com quem tomava aulas frequentemente no CECA) e outros de sua geração como mestre Bola Sete, mestre Eliseu Trovoada e Junta de Ferro.

Em 1969, vem pela primeira vez à cidade de São Paulo, representar o CECA de mestre Pastinha, ao lado dos Mestres João Pequeno e Bababá, onde fizeram uma apresentação na feira do couro (nessa época, mestre Bigo mantinha um trabalho de capoeira em São Tomé de Paripe, bairro de Salvador, onde morava). Encantou-se pela cidade onde, tempos depois, se fixou de vez, trazendo esposa e filhos.

Antes disso, veio algumas vezes, trabalhando na construção civil. Seu trabalho na Academia de Capoeira Angola Ilê Axé, iniciou-se na Bahia, na cidade de Catu, em meados de 1992 e, em São Paulo, teve início em 1995, no bairro da Pedreira, na Zona Sul da cidade.

Mestre Lua de Bobó

Foto: Fonte: http://etnicomhum.blogspot.com/
Foto: Fonte: http://etnicomhum.blogspot.com/

Exímio capoeirista, mestre de tradição e muito conhecido por sua elegância dentro e fora das rodas, Edvaldo Borges da Cruz, Mestre Lua de Bobó, nasceu em Arembepe, no ano de 1950. Ainda pequeno vai com a mãe morar em Salvador, onde, com 15 anos de idade, conhece Mestre Bobó com quem passa a treinar no fundo de quintal, “em terra batida”, no Dique Pequeno do Tororó, em Salvador, BA, sempre na Academia de Capoeira Angola Cinco Estrelas.

Depois de mais de vinte anos acompanhando seu Mestre – período em que conviveu com grandes nomes da capoeira –, em 1987, recebe oficialmente seu diploma de Mestre de seu Mestre Bobó. Depois funda o Grupo de Capoeira Angola Menino de Arembepe (GCAMA), que ganha sua sede em Arembepe, Camaçari, BA, Brasil em 2005.

Dona Nicinha

Fonte: Casa Mestre Ananias

Maria Eunice Martins Luz, a Dona Nicinha do Samba, nasceu 1949 em Santo Amaro da Purificação. De vida simples, ajudava sua mãe desde cedo lavando roupa, trabalhando no mangue, na roça e vendendo também na Feira de São Joaquim em Salvador. Nessa rotina, foi aprendendo a rica cultura do lugar onde nasceu com amigos e familiares. Por intermédio de Maria Bethânia, passou fazer apresentações de samba, inclusive viajando para fora do país.

Foi nora de Mestre Popó, do Maculelê e sua família foi de fundamental importância na preservação dessa arte. Em 1950, mestre Popó forma o grupo Maculelê de Santo Amaro, onde Dona Nicinha introduziu o samba de roda no grupo que passou a se chamar Raízes do Samba de Santo Amaro. Hoje, Dona Nicinha é uma das sambadeiras mais conhecidas no Brasil e no mundo.

Mestre Aurino de Maracangalha

 Fonte: Casa Mestre Ananias
Fonte: Casa Mestre Ananias

Aurino de Jesus ou Aurino de Maracangalha, hoje com 71 anos, nasceu em Teodoro Sampaio, mudando-se aos 11 anos com a família para São Sebastião do Passe, distrito de Maracangalha. É um dos mais importantes violeiros dessa geração. Grande conhecedor de afinações na viola machete, Aurino traz o Samba como tradição familiar, pois em sua casa todos tocavam viola: pai, mãe, irmão, todo mundo tocava, inclusive era sobrinho de Clarindo Silva um famoso construtor de viola do Recôncavo.

Ainda menino acompanhava o pai nos sambas da região e logo já era notado pelos cantadores e cantadores. Dono de um conhecimento ímpar, destrincha as várias modalidades do samba, seus tons e ritmos. Sua musicalidade e versatilidade são impressionantes, além do vasto conhecimento no samba toca baião, xaxado, marzurca, xote e quadrilha.

Mestre Limãozinho

Foto: Yakíni Liberto
Foto: Yakíni Liberto

José Carlos dos Santos é filho de Santo Amaro da Purificação, Bahia, onde nasceu em 1957. Sobrinho e aluno do saudoso Mestre Paulo Limão, com quem aprendeu na famosa Associação de Capoeira Quilombo dos Palmares, mestre Limãozinho vive na arte da Capoeira desde 1965. Fundador do Terreiro Original de Capoeira Angola (TOCA), desenvolve trabalhos com a Capoeira Angola e com o Samba de Roda do Recôncavo Baiano.

É também da ala de compositores do Afoxé Amigos de Katendê, além de ser um exímio tocador de berimbau. Educador/Arte-Educador, ministra aulas nas Fábricas de Cultura para crianças e adolescentes em São Paulo, buscando desenvolver um processo educativo a partir dos saberes das culturas de Matriz Africana de que faz parte.

Mestre Jogo de Dentro

Fonte: página do capoeirista no facebook

Nascido em 1965, em Alagoinhas/BA, Jorge Egídio dos Santos iniciou a Capoeira Angola com Mestre João Pequeno de Pastinha em 1982, no Forte Santo Antônio, em Salvador/BA. Mestre Jogo de Dentro, como ficou conhecido no mundo da capoeira, recebeu esse nome de Mestre João Grande, devido a seu estilo de jogo. É fundador do grupo Semente do Jogo de Angola – com atuação desde 1990 –, a partir do qual busca difundir e preservar os fundamentos da Capoeira Angola no Brasil e no mundo.

Com uma produção cultural bastante ativa, além dos eventos que organiza junto a seu grupo, o mestre já produziu diversos materiais entre discos e vídeos, além de ter passagens pelo teatro, sempre com a Capoeira Angola. Em 2020, lançou o livro “Capoeira Angola e Ancestralidade”, no qual fala sobre fundamentos e preceitos da Capoeira Angola a partir de sua vivência com grandes mestres antigos de nossa cultura.

Mestre Zequinha

Fundador da Escola de Capoeira Raiz de Angola (Campinas, 1996), mestre Zequinha busca transmitir os valores culturais, as origens históricas e significados verdadeiros dos conhecimentos técnicos e filosóficos da Capoeira Angola, a partir da simplicidade no aprender e no ensinar.

Formado por dois grandes nomes da Capoeira Angola: Mestre Boca Rica e Mestre Lua de Bobó, iniciou capoeira em 1975, passando a se dedicar à Capoeira Angola em 1986, momento em que conhece grandes nomes dessa arte, sendo consagrado a mestre em 2001 e 2002 pelos referidos mestres.

Mestra Janja Araújo

Fonte: http://revelarmulheres.blogspot.com/

Rosângela Costa Araújo nasceu em Feira de Santana – BA, em 1959, iniciou a capoeira com Mestre Moraes e Mestre Cobrinha Mansa, colaborando com a formação do Grupo de Capoeira Angola Pelourinho/Bahia no início dos anos 1980, permanecendo no grupo até 1994.

Depois desse período, parte para São Paulo para seguir seus estudos acadêmicos. Em 2005 funda o Instituto Nzinga de Capoeira Angola (juntamente com Mestra Paulinha e Mestre Poloca) visando a pesquisa e difusão da Capoeira Angola e das tradições de matriz africana banto. Mestra Janja é uma intelectual orgânica. Essencialmente capoeirista de linhagem tradicional, é Historiadora, Mestra e Doutora em educação.

Docente do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da FFCH/UFBA, suas pesquisas são de muita relevância não só para a capoeira, mas também para pensar as culturas tradicionais e populares de matriz africana no Brasil de um modo geral, num trabalho que atravessa os muros da universidade de fora pra dentro e de dentro pra fora.

Mestre João Angoleiro

Fonte: https://www.saberestradicionais.org/

Mestre João Angoleiro (João Bosco Alves da Silva), nasceu em Belo Horizonte –MG em 1961 e começou sua trajetória na capoeira de rua, com o Mestre Dunga, em Belo Horizonte, permanecendo nesse movimento de 1973 a 1980. Ingressou na capoeira Angola em 1982, treinando com Mestre Rogério (Angola Dobrada) no Rio de Janeiro, de 1982 a 1985, passando em seguida a aprender diretamente com Mestre Morais, na Bahia.

Em 1993 fundou a ACESA – Associação de Capoeira Eu Sou Angoleiro – na intenção de cultivar e divulgar a prática da Capoeira Angola, promovendo seu estudo e pesquisa. Além da Capoeira Angola, o mestre é bailarino, coreógrafo, artista plástico, acupunturista e professor de yoga. Ativista pela justiça e liberdade em todos os lugares e em tudo que faz, também se dedica à dança de matriz africana moderna, sendo também percussionista, atuando fortemente no teatro.

João faz do seu corpo um instrumento divino de cura e uma escola de vida e dedica a vida aos pobres e oprimidos, numa celebração do que de mais sagrado existe na arte e cultura Africana.

Mestre Plínio

Fonte: angoleirosimsinho.org.br

Plínio Cesar Ferreira, iniciou capoeira na rua do bairro onde morava, em 1979, em São Paulo. Em 1993 encontra Mestre Jogo de Dentro, com quem treina durante 5 anos até ser reconhecido Contra Mestre em 1998, pelo mesmo. Ainda em 1993, cria o grupo Angoleiro Sim Sinhô, com espaço na Consolação, que abrigou o grupo por um ano, passando a funcionar na Turiassu em 1996. Em 2007, recebe das mãos de mestre Jogo de Dentro o título de mestre de Capoeira Angola, em reconhecimento ao grande trabalho que vinha desenvolvendo há vários anos em São Paulo. Além disso, mestre Plínio é grande percussionista, tendo conhecido, ainda bem jovem, Mestre Môa do Katendê, com quem trabalhou ainda no início da década de 1990, passando a conviver com o mestre até sua partida. É um do fundador-diretor do Afoxé Amigos de Katendê, criado em 1994, na Praça da República em São Paulo.

Mestre Topete

Fonte: http://cottidianos.blogspot.com/

Valdislei Ribeiro Lacerda, o Mestre Topete, nasceu em 1971, na cidade de Cambira, no Paraná. Iniciou na capoeira em 1986, com os mestres Maya e Godoi. Ainda em 1989, iniciou na Capoeira Angola com o Mestre Bahia até 1992, ano em que o mestre viaja para o exterior. Durante um período, treinava capoeira regional e capoeira angola, mas com o retorno de Mestre Bahia, em 1998, Topete passa se dedicar intensamente para a capoeira Angola, com exclusividade a partir de 2001. Em 2009, após rompimento com seu antigo grupo, funda a Escola de Capoeira Angola Resistência, tendo seu reconhecimento como mestre em 2013, pelas mãos de Mestre Bahia. Em sua escola, mantém um trabalho importante no terminal central de Campinas, onde acontece, sob seu comando, a famosa Roda do Gueto. Sua escola já está difundida por vários cantos do Brasil e tem alcance internacional. Além da Capoeira Angola, mestre Topete preocupa-se em divulgar outras manifestações de mesma origem, como puxada de rede, samba de roda dentre outras.

Mestre Formigão

Fonte: http://sementedeangolasp.blogspot.com/

Filho de Mestre Bigo e aluno de Mestre Jogo de Dentro, Fábio Thomé dos Santos Filho nasceu em Salvador/Bahia no ano de 1973, tendo como primeira referência seu próprio pai, que o levava desde muito cedo para aprender os primeiros passos da capoeira. Em 1980, passa a morar na cidade de Catu, onde conheceu mestre Almir, em 1987 (um ano após seu pai viajar para São Paulo a trabalho), com quem treinou pouco tempo desenvolvendo um estilo de capoeira diferente ao de seu pai.

Em 1992, teve uma breve passagem pela academia de Mestre João Pequeno, no Forte Santo Antônio, partindo para São Paulo já em 1994, onde estabeleceu, junto com mestre Bigo, o trabalho da Academia Ilê Axé em 1995.

Em 1997, conhece mestre Jogo de Dentro, com quem passa a treinar, dedicando-se exclusivamente à Capoeira Angola desde então, sendo reconhecido como mestre dessa arte em 2018. Desde 2002, é responsável pelo núcleo de São Paulo do Semente do Jogo de Angola.

Mestra Nani de João Pequeno

Fonte: mestrananidejoaopequeno.blogspot.com

Cristiane dos Santos Miranda é conhecida na capoeira como Nani de João Pequeno. Neta e discípula do grande mestre João Pequeno de Pastinha, cresceu no convívio com grandes nomes da Capoeira Angola no forte Santo Antônio, ao lado de seu avô. Com uma infância intensamente influenciada pela capoeira, passa a dedicar-se a ela em 1995, junto com seus dois irmãos, embora apenas Nani tenha dado seguimento à tradição do avô.

Em 2006 é reconhecida como professora e em 2018 como mestra de Capoeira Angola, por seus padrinhos e alunos de Mestre João Pequeno (Mestres Ciro e Roberval). Ao longo desse tempo, vem se dedicando amplamente a projetos sociais que envolvam a Capoeira Angola, sobretudo com crianças.

Com a partida de Mestre João em 2011, segue firme no trabalho de preservação do CECA e da valorização e preservação da memória de seu mestre e avô.

Rodrigo Minhoca

Nascido em 1978, Rodrigo Bruno Lima é conhecido no mundo da capoeira como Minhoca. Iniciou sua trajetória em 1993, iniciado pelo professor Palito, através de quem conhece Mestre Geraldo Baiano com treinou por 2 anos.

Com Mestre Geraldo Baiano, passou a frequentar a roda na Praça da República, onde conhece Mestre Ananias e passa a acompanha-lo partir de 1995 até a passagem do mestre em julho de 2016. Mestre Ananias o inseriu também no universo do Samba de Roda, para o qual passou a se dedicar desde 1995 viajando ao Recôncavo da Bahia para conhecer e conviver com Sambadores antigos e pesquisar os universos da Capoeira e do Samba.

Junto com outros seguidores de Mestre Ananias, abriu, em 1997, o espaço de Capoeira que abrigou o trabalho do mestre por três anos, sendo o embrião da atual Casa Mestre Ananias, fundada em 2007.

Contramestre Cabo Jairo

Nascido em 1981, na periferia da zona sul da cidade de São Paulo, Jairo Ferreira de Souza é filho de baianos, que vieram da cidade de Entre Rios ainda em meados da década de 1970. Seu primeiro contato com capoeira foi vendo seus irmãos que praticavam numa academia do bairro onde morava. Em 1995, a convite de seu irmão Raimundo, foi numa roda na Academia Ilê Axé, recém inaugurada.

Vendo um jogo entre Mestre Bigo e Mestre Geraldo Baiano, se impressionou com o estilo de Mestre Bigo e no ano seguinte, 1996, matriculou-se na academia, que na época ensinava duas modalidades de capoeira. Entre 1998 e 1999, articulou junto com outros alunos a possibilidade do trabalho solo de Mestre Bigo, que rebatizou a academia como Academia de Capoeira Angola Ilê Axé. Aluno mais velho da casa, após 18 anos de dedicação, em 2014, foi reconhecido contramestre de Mestre Bigo, tendo como padrinhos Mestre Limãozinho e Mestre Môa do Katendê (hoje falecido).

Através da Capoeira, tornou-se também ativista do movimento negro e educador da escola pública em São Paulo, onde defende uma educação plural e descolonizadora, a partir do olhar desenvolvido na cultura de matriz africana.

Contramestra Flávia Soares

Bailarina, pesquisadora, contramestra de capoeira Angola, educadora social, professora de patrimônio cultural, professora em design popular, raizera e ativista. Essa é Flávia Aparecida Soares, discípula de mestre João Angoleiro. Nascida em Belo Horizonte, no ano de 1978, iniciou a Capoeira em 1997, quando conheceu a ACESA (Associação de Capoeira Eu Sou Angoleiro) e iniciou sua prática com mestre Edison (na época treinel da casa).

No mesmo ano, passa a se dedicar também à Dança Afro Brasileira, com mestre Willian, passando a praticar diretamente com Mestre João em 1998. Em 2016, no grande evento “Lapinha Museu Vivo”, é reconhecida Contramestra de Capoeira Angola por seu mestre, sendo apadrinhada por Mestre Bigo.

Contramestre Alan

Fonte: https://www.facebook.com/sementedojogodeangolasp/photos

Alan Amaro nasceu em 1977, na zona sul de São Paulo. Conheceu a Capoeira aos 13 anos (1990) e começou a praticar com os colegas no bairro do Grajaú, onde morava desde os 6 anos. Nessa época um rapaz mais velho ensinava o que sabia para ele e seus colegas num campinho da região onde morava. Parou pouco tempo depois, voltando a treinar aos 18 anos, no grupo Força Negra que mantinha atividades no bairro na ocasião.

Em 2000, vai à Bahia, passando pelo Forte Santo Antônio, Terreiro de Jesus e pelo Quilombo Cecília onde tem contato com a Capoeira Angola, fato que o instigou a buscá-la. Em 2001, participando de uma oficina com o Mestre Jogo, soube que o Mestre Fábio Formigão (na época ainda aluno) iniciava um trabalho na Zona Sul e se integrou ao Grupo Semente do Jogo de Angola.

Seu reconhecimento como contramestre veio em Janeiro de 2018, em Salvador, no mesmo evento em que seu mestre, Fábio Formigão, foi reconhecido como Mestre. Além de capoeirista, Alan também é educador na área de história, músico, cantor e compositor.

Samba de Roda Garôa do Recôncavo

O movimento é um trecho do legado de Mestre Ananias em São Paulo. Mantém as antigas formações do Samba no Recôncavo da Bahia, preservando a Viola Machete e suas afinações, as técnicas vocais, a dança e a formação da Roda. Sua manutenção social acontece em torno das Festas Populares da Casa Mestre Ananias e envolve desde crianças até a terceira idade.

 

Afoxé Amigos de Katendê

Fonte: razabanda

 No dia 20 de novembro de 1994 nascia o afoxé “Amigos de Katendê”, numa celebração do Dia Nacional da Consciência Negra entre músicos, artesãos e capoeiristas na Praça da República, onde o afoxé começou a passar todos os domingos. Amigos de Katendê, que homenageia o saudoso mestre Môa do Katendê, nasceu da influência do Badauê, movimento criado pelo mestre na década de 1970, na busca pela reafricanização do carnaval de Salvador, a partir do resgate da herança africana do Candomblé. Forte elo entre a Bahia e São Paulo, já em 1994 o “Amigos de Katendê” participou do carnaval da Zona Leste, “José Bonifácio”, do projeto “Show do Meio Dia” da Secretaria Municipal de

Cultura e do projeto “Recriança” na FEBEM-SP, conquistando a participação no carnaval da Bahia em 1996 na inauguração do palco Gilberto Gil em Salvador. Tendo em vista a importância cultural desta manifestação, o afoxé “Amigos de Katendê” conta com o apoio de diversas entidades como grupos de capoeira, o movimento negro unificado, Grupo Soweto e o apadrinhamento de Caetano Veloso e do Ministro da Cultura do Brasil Gilberto Gil. “Amigos de Katendê”, conta também com núcleos no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Amazonas e Santa Catarina. Em São Paulo o “Centro de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô” desenvolve o projeto deste afoxé através do Mestre Plínio

 

 

VAI – Programa de Incentivo e Valorização à Cultura – PMSP – 2019 Coordenação: Ciça Lessa (coordenadora da Supervisão de Pluralidade Cultural); William Silva de Moraes (coordenador Programa VAI) Técnica: Flávia Ribeiro

Proponente: Francisco Thomé dos Santos Filho (M. Bigo)

Equipe Organizadora: Carlos Alberto Moreira de Souza, Edielson Severino Tenório (Cabelo), Francisco Thomé dos Santos Filho (M. Bigo), Jairo Ferreira de Souza (Contramestre CB. Jairo), José Édios Martins (Tubaína), Leandro Nascimento Mota (Contramestre Leandro), Tiago Tomaz Gomes (Guerreiro), Yakíni Liberto Alves de Souza

Apoio técnico de execução do projeto: Bruno Lima Anjos (Cabelo – ECAIG), Gil Silva, Jéssica Silva, Luis Antônio (Cabeleira), Paulo Miranda Lima (Paulinho Assombração – ACAIA), Valdinei Freire da Silva (ACAASS), Wilson Oliveira Santos (Semente do Jogo de Angola)

 

Oficinas e Vivências: Mestre Bigo; Mestre Lua de Bobó; Mestre Aurino; Mestra Nicinha; Mestre Limãozinho; Mestre Jogo de Dentro; Mestre Zequinha Mestre; Mestra Janja Araújo; Mestre João Angoleiro; Mestre Plínio; Mestre Topete; Mestre Formigão; Rodrigo Minhoca (Casa Mestre Ananias); Contramestre Cabo Jairo (ACAIA de M. Bigo); Contramestra Flávia Soares (ACESA-MG); Contramestre Alan (Semente do Jogo de Angola); Treinel Preto, Treinel Chocolate, Treinel Mazinho (CCAASS); Movimento Garoa do Recôncavo; Afoxé Amigos de Katendê

Texto sobre o projeto: Jairo Ferreira de Souza

Revisão: Fernanda Miranda e Sueli Cruz

REFERÊNCIAS

Cartilha do Samba Chula

 https://www.saberestradicionais.org/joao-bosco-alves-da-silva-mest

 re-joao-angoleiro/

 http://nzinga.org.br/pt-br/grupo_nzinga

 https://capoeira.iphan.gov.br/user/infor/1798

 http://www.angoleirosimsinho.org.br/

 https://mestrananidejoaopequeno.blogspot.com/

 http://www.meninodearembepe.org/site/mestre.php

https://capoeiraraizdeangola.wixsite.com/manhas-e-mandinga-/gallery

http://mestreananias.blogspot.com/

 http://www.escolaresistencia.com.br/p/mestre-topete.html

 https://www.mostracineafrobh.com/single-post/2019/07/06/entrevist

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