Em razão ao mês da consciência negra o sindicato dos trabalhadores em telemarketing (Sintratel) realizou no último dia 8 de novembro, o 1° Encontro Para a Análise e percepção sobre a secularidade do Racismo institucional e o seus efeitos na Sociedade Brasileira. A proposta do evento era dialogar com os colaboradores afrodescendentes a fim de expandir o debate racial dentro das empresas de telecomunicação, visando estabelecer um ambiente de desenvolvimento intelectual e antirracista.
Para mediar o debate a Sintratel convocou nomes de grande relevância para a militância negra, dentre eles podemos citar Done Oyacy líder do quilombo de Araras, o Procurador de justiça da justiça Nadir de Campos, o Professor da Unesp Juarez Xavier e o Diretor do Esport Club Corinthians André Luiz. Compartilhando suas histórias e vivências os convidados intimaram os presentes a se desenvolverem enquanto potências negras.
Em entrevista ao jornal empoderado os convidados apresentaram suas opiniões sobre o evento e o papel do negro dentro do mercado de trabalho, o professor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) Juarez Xavier destacou a importância de promover diálogos neste nível “É necessário fazer debates como este em especial no universo de trabalho, o trabalho é o que distingue a questão racial no Brasil, é uma população que passou por longos períodos de escravidão, durante muito tempo foi a única que trabalhou e depois foi segregada no mercado de trabalho. Fazer esse debate no universo do trabalho é importante, no universo sindical é importante, é compreender que o avanço dos trabalhadores em geral vai se dá com o avanço do trabalhador negro, então o debate é importante por isso”.
Para além de questões trabalhistas Doné Oyacy destacou a importância de se manter conectado a si mesmo e entrar em comunhão com suas vozes ancestrais, desta forma tornar sua sobrevivência algo viável.
O Diretor do Esporte Club Corinthians André Luiz, também conhecido como André Negão, ao ser questionado sobre ocupar um cargo maioritariamente branco ele afirma que “historicamente a gente não vê negros em cargos de direção, principalmente num clube igual o Corinthians, então o cargo que eu cheguei hoje, para mim é um privilégio, e de lá eu estou tentando desenvolver algumas coisas para poder inserir os negros nesse mundo”.
Não poderia faltar as considerações de um dos organizadores, Valmira Luzia diretora do Sintratel afirmou “ Esse setor tem a presença maciça afrodescendentes em especial de mulheres jovens, ele é importante porque trata a problemática do racismo enquanto ferramenta de redução de salários de condições de trabalho e de opressão, Ele é importante como meio de luta e resistência para os trabalhadores”. Paulo complementou informando que o evento foi idealizado após o sucesso de um evento voltado para lgbts no mês de julho, e por que não incluir outras minorias? “O Sintratel luta pelas políticas e melhorias no trabalho em prol da categoria.”
A cerimônia ocorreu em parceria com o Sindicato dos Padeiros de São Paulo, que cedeu o local. Para finalizar a cerimônia foi oferecido um coquetel onde foram servidas entradas e café artesanal. Contando também com o comércio de livros com temas culturais e música para todos dançarem e se divertirem.