Uma das dificuldades ao escrever esta matéria foi justamente mostrar a separação: escola de samba é uma coisa, samba é outra. A própria história das escolas de samba está ligada a essas expansões que levaram o samba aos subúrbios, primeiro, e às grandes avenidas, depois. É assim que o samba vai se adaptando e se reinventando a cada momento histórico. O tempo todo ele vem resistindo, se reinventando, por conta disso, e por isso ele sobreviveu. E retornamos as rodas de samba.
O samba se afirma como a expressão musical dos negros, vai alem de uma carteira de identidade cultural. Explicações são o que não faltam sobre a origem do termo “samba”. Enquanto uma linha de pesquisa afirma que o termo nasceu da língua árabe, sendo no início “zambra” ou “zamba”; outros afirmam que é originário de uma das diversas línguas africanas existentes, o quimbundo. Neste caso, morfologicamente, “sam” significa “dar” e “ba” significa “receber”, ou então, “coisa que cai”. Há, ainda, uma terceira versão, que afirma que o termo é de procedência angolana ou congolesa, que conta com a grafia “semba” (umbigada). Versão, que no Brasil, é a levada mais a sério.
O mito da criação do samba conta que ele nasceu em torno de uma delas, a grande mãe Tia Ciata — na verdade uma das muitas tias (quase todas) baianas que articulavam organicamente pela cidade uma rede negra, (afro)religiosa, de batuques e saberes em suas casas. Era nesse espaço de encontro, entre a festa e o rito, que se deu a alquimia que viria a resultar no samba.
Olhar para algumas letras compostas a partir do século XVII, no período escravocrata, percebemos a resistência, uma luta musicada, uma manifestação que entre batuques e cantos fez do samba uma arma de resistência negra. O samba foi se ressignificando, desde o período escravocrata, popularizaram-se em rodas, nas casas das tias negras, nos quintais e bares. Ganhando as cidades com seus improvisos e espontaneidades, com cantorias que expressavam e contemplavam as mazelas dos pretos, indignações, a vida cotidiana, e até os amores não correspondidos.
Um dos ritmos mais brasileiros, o samba completou 100 anos em novembro de 2016 e neste mês em alusão a Consciência Negra, nasce mais uma roda de samba ou samba de roda, na Zona Norte/São Paulo, para desmitificar o que poeta carioca Vinícius de Moraes afirmou em 1960: que a capital paulista seria o túmulo do samba.
O Samba Reúne, se baseia na re(união) de cincos pessoas envolvidas com o samba, em grande parte de sua história, fazendo do samba sua identidade cultural e que convida sambistas para essa roda. Com esse intuito a empresa “OSR – Produções Artísticas”, fomenta o negro na música unindo o passado e o futuro, um encontro de gerações.
As futuras edições, mostrará que o samba reune e compartilha espaço com outros ritmos musicais. A intenção é realizar essa reunião a cada 2 meses, falando sobre ancestralidade, resistência e história, ritmos que passeiam entre o samba e o Jazz, o Black Music e o Afoxé. Os componentes são Mildred Sotero (professora), Flávio Nascimento (engenheiro químico), Flávio Braz (Massoterapeuta), Neli Gomes (profissional liberal) e João Jesus (musicista e ex-integrante do grupo Sensação.
Dentre as atrações de amanhã, 17/11 teremos: João – sensação, Ronaldinho, Carica – sensação, Chiquinho dos Santos, Dhall Santos (aniversariante), Carlos Junior e Klebão.
Dentre os convidados estarão: Flavinho Mello, DJ Dinho e as interpretes Ana Paula Silva e Bruna de Oliveira empresariadas pela Djembê Produções e Entretenimentos.
A Djembe Produções e Entretenimentos é responsável pelo projeto ELLAS, que re(une) diversas mulheres, onde cada uma toca e/ou canta de maneira diferente, mas toca a todos. Fábio Aleixo, produtor musical e diretor da Djembe, tem a percepção do lugar da mulher no samba hoje e a consciência ativa da construção desse lugar pode ser ilustrada, de maneiras diferentes transpondo as fronteiras das rodas. Ciente de que no meio de tantos talentos e diversidade, as mulheres sacodem o cenário musical compondo, mixando, tocando e produzindo música.
E entre batuques e cantos o samba, especificamente, nesta primeira edição do evento “O Samba Reúne”, o CASSASP se constitui como um lugar de manifestação, resistência e permanência, neste domingo dia 17/11. Sejam bem-vindos, iremos cantar, dançar, criticar, reivindicar e sambar.
Evento de raiz brasileira, com os maiores nomes do samba paulista e carioca que exaltam a nossa cultura nacional e alegra os corações interpretando composições maravilhosas e consagradas pelo público. Ambiente familiar e contagiante, com estacionamento no local e toda a infraestrutura de qualidade que o público paulista, especialmente da Zona Norte já conhece.
Serviço
Dom, 17 de novembro de 2019
12:00 – 21:00 Horário Padrão de Brasília Horário Brasil (São Paulo)
Localização
Clube Associativo dos Suboficiais e Sargentos da Aeronáutica
387 Rua Tenente Rocha
Santana, SP 02022-110