Mistura de congado, capoeira e maracatu, evento reuniu centenas de pessoas para consagrar as memórias dos antepassados negros, que ajudaram a construir e eternizaram a cidade com um importante legado histórico
No sábado passado, dia 24 de novembro, a realização da Missa Inculturada, também conhecida como Missa Negra, envolveu o centro da cidade mineira de Tiradentes com uma energia especial. Cortejo com tradição própria retomado este ano por Vilma Lourenço e Ana Carolina Barbosa, uma das coordenadoras do projeto Tiradentes Mais – coletivo que reúne 56 empresários e artistas para promover o turismo local –, o grupo saiu da Igreja do Rosário dos Pretos, no fim da tarde, e seguiu com batuques e cantos que atraíram transeuntes em direção Chafariz de São José, onde a celebração seguiu até às 22h com participação especial do Grupo Raízes da Terra e um público de 500 pessoas.
“Trata-se de uma missa com influência africana, nos cânticos, nas danças e nas oferendas, obedecendo todo o rito tradicional de uma missa católica, mas abordando aspectos particulares de manifestação da cultura negra. Mistura de congado, capoeira e danças do maracatu, esse é um rito tradicional próprio, um rito feliz, uma cerimônia de encontro, de retomada da cultura perdida que foi, aos poucos, tiradas de seus descendentes”, explica a pesquisadora Beatriz Estima.
Ainda de acordo com a pesquisadora, Minas Gerais foi um dos últimos estados a abolir a escravidão e, por isso, guarda os resquícios de uma cultura que ficou sempre às margens da sociedade. “Nas ruas, nas igrejas, nos monumentos, em todos os cantos que compõem a cidade de Tiradentes há marcas histórica da presença negra escravizada, rica na cultura, no saber, na luta e na resistência.”
Realizar a missa nessa igreja específica e no chafariz ocorreu por bons motivos. “A Igreja do Rosário já é dos negros, já é nossa. Ser em outro lugar é uma tentativa de expansão da nossa área, de onde a gente pode estar, lugares que sempre nos foram cerceados. O chafariz é um lugar que marca muito pela questão de onde os negros foram judiados e maltratados, onde eram violentados”, conta a organizadora Ana Carolina Barbosa.
A Missa Negra é um projeto com mais de 10 anos, que deriva de quando a também organizadora Vilma Lourenço era da diretoria da Escola Estadual Basílio da Gama e promovia a iniciativa dentro da instituição. “A homenagem foi perdida ao longo dos anos, sendo retomada agora pelos grupos que lutam pela resistência da cultura negra. É uma forma de resgate da memória daqueles que também constituíram a sociedade, dos negros escravizados que fizeram parte de grandes capítulos da história do Brasil e que ajudaram a construir a cidade que hoje chamamos de nossa, Tiradentes”, conclui Beatriz Estima.
Missa Inculturada – Ficha Técnica
Realização: Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia
Organização: Ana Carolina Barbosa e Vilma Lourenço
Produção: Hosanan Conceição
Participação especial: Grupo Raízes da Terra
Crédito: Helena Leão Érika
SOBRE O TIRADENTES MAIS
Fruto da união de empresários e artistas apaixonados por Tiradentes que atuam na área da hospitalidade, o coletivo, criado originalmente em 2012, inicia sua segunda fase de atuação com o objetivo de alavancar a demanda turística, beneficiando moradores e prestadores, com consequente contribuição para a qualificação dos serviços propostos. Também faz parte dos objetivos desse segundo momento da iniciativa unir o maior número de empresários em prol do fomento do turismo regional e criar ações direcionadas que promovam a cidade no Brasil e no exterior, valorizando seus diferenciais, entre eles a arquitetura preservada, as tradições culturais e culinárias, sua importância histórica e seus diferentes apelos turísticos, seja como destino de casamento ou viagem romântica, destino de lazer ou de esportes de aventura. O site tiradentesmais.com.br reúne informações sobre o que há de mais especial em hotelaria, culinária, compras, cultura e arte, além de dicas de quem entende do assunto e têm o maior interesse de que o turista volte para casa com as melhores lembranças da cidade.
Integrantes do coletivo Tiradentes Mais por segmento:
Pousadas/hotéis: AlmaSerra Vila, Armazém 26, Pousada Ouro de Minas, Arraial Velho, Mãe D’água, Pequena Tiradentes, Pousada Dom Xavier, Pousada Encanto da Serra, Pousada do Largo, Pouso Alforria, Santíssimo Resort, Solar da Ponte, Solar da Serra, Trem do Imperador, Villa D’ouro
Restaurantes: Angatu, Atrás da Matriz Pizza & Bacalhau, Barouk Chopp Beer Café, Biroska Santo Reis Empório Bar e Restaurante, Butiquim Pizza Bar, CasAzul Bistrô, Cultivo, Restaurante Empório Santo Antônio, Gourmeco, Nonna Buffet, Pacco & Bacco, Padre Toledo, Pátio Libertas, Pau de Angu, Raiz Mineira Espaço Gourmet, Taberna dos Inconfidentes, Tapioca Maria Bonita, Templário, Tragaluz, Uaithai Tiradentes, Estalagem do Sabor
Cafés: Casa do Sino Loja e Café, Confeitaria Tiradentes, Xocolatl Carolina Fernandes.
Cachaçaria: Cachaça Mazuma Mineira
Lojas: Antiquário Casarão, Flor de Lótus, Joelma Marques Móveis, Ligno Vitaee, Marcas Mineiras, Marcenaria Tiradentes.
Ateliês: Galeria Luiz Rocha, RM Cerâmica Artística, Sergio Ramos Atelier e Galeria de Arte, Daniela Karam Loja-Galeria
Empreendimento: Condomínio Terraço Tiradentes
Produto: Bem Mineiro Pão de Queijo e Biscoito de Queijo, Ouro Canastra Q’jaria, TremBier – Festival de Cerveja Artesanal e Cultura de Tiradentes
Serviços: Agência Estrada Real , Original Trip
SOBRE TIRADENTES
A 190 km de Belo Horizonte (e a 330 km do Rio de Janeiro e a 484 km de São Paulo), Tiradentes foi fundada por volta de 1702, quando paulistas descobriram ouro nas encostas da Serra de São José, dando origem a um arraial batizado com o nome de Santo Antônio do Rio das Mortes. Posteriormente, o então arraial passou a ser conhecido como Arraial Velho para diferenciá-lo do Arraial Novo do Rio das Mortes, a atual São João del Rei. Em 1718, foi elevado à vila com o nome de São José, em homenagem ao príncipe D. José, então futuro rei de Portugal, passando, em 1860, à categoria de cidade. Durante todo o século 18 a Vila de São José del Rei viveu da exploração de ouro e foi um dos importantes centros produtores de Minas Gerais. Foi nas primeiras décadas desse século que foi construída a maior parte de seu casario e de suas edificações religiosas, como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (1708) e a Matriz de Santo Antônio (1710). Ao redor das igrejas e capelas, localizadas em pontos elevados da cidade, as casas foram se firmando numa configuração que permanece até hoje. Após anos de esquecimento, esse conjunto arquitetônico foi tombado pelo então Serviço do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), fato determinante para sua conservação ainda hoje quase intacta. Além do quesito patrimonial, na cidade encontra-se uma diversificada produção artesanal em madeira, pedra sabão, latão, folha de flandres e tecelagem. Isso sem contar os tradicionais doces mineiros, ainda hoje produzidos em casa.
Site: tiradentesmais.com.br
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Distância de algumas cidades:
São Paulo : 484 km
Belo Horizonte: 190 km
Rio de Janeiro: 330 km
Campinas: 480 km
Ribeirão Preto: 501 km