UPCYCLING: A SOBRA NOS INSPIRA

Decifra-me ou te devoro, tras uma nova versão para o enigma, o upcycling, onde a sobra nos inspira a criar novas histórias a roupa. Por de trás de cada movimento da moda, há sempre uma história, um porquê. Não há regras claras, nem verdades absolutas.  Amo as memórias afetivas que a roupa carrega, mas enlouqueço quando as sobras e retalhos de tecidos, dão vida a novas peças e quando o desapego acontece e novas histórias são criadas quando esta é passada para frente.

Confesso que não fico conectada com o que há de mais novo nas vitrines e não sou a melhor pessoa para preparar um superguia de compras. Não percorro centenas de lojas nos shoppings, não seleciono milhares de peças ou fotografo só as melhores, as chamadas emblemáticas da estação. Sou amante de brechós, se tiver um no meu caminho, com certeza, paro e entro. Entre investimentos certeiros, quebro a monotonia dos clássicos com complementos inusitados, faço escolhas que reafirmam minha personalidade e ressaltam minha predisposição para experimentar, combinar e descombinar.

Convido você a transformar roupas que seriam descartadas em artigos recuperados que podem ser reutilizados, como novos, o upcycling. O upcycling é possível em quase tudo: móveis e outros artigos para a casa, sapatos, materiais de trabalho, uniformes, cobertores dentre outros. Vale debruçar sobre o tema, onde o foco principal é o processo criativo na transformação das peças, proporcionando o reaproveitamento das roupas, tecidos e aviamentos que passam por um processo de transformação, ganhando novos significados, podendo voltar ao uso pelo cotidiano.

Uma nova exigência mostra que a forma de consumir moda mudou e a moda se reinventa, ela flerta e namora sério com os profissionais e consumidores. pois existem várias formas de ver o futuro da moda, porém uma só direção, a resignificação. Upcycling, sobressae à reciclagem por não envolve o uso de aditivos químicos para a sua realização, alem de transforma o reuso em algo inédito e em muitos casos até exclusivo, “Do lixo ao luxo”, literalmente, qualquer coisa pode virar um item fashion.

Em uma sala sem máquinas de costura e repleta de retalhos coloridos, a Fabrica de Cultura da Vila Nova Cachoeirinha na Rua Franklin do Amaral, 1575 servirá de palco no próximo dia 17, para mais uma oficina de moda. Na prática teremos um  workshop de upcycling com calça jeans, das 14:00 as 16:00, 20 vagas, tendo como facilitadora a estilista Michelle Fernandes Alves, formada em vestuário e modelagem pelo SENAI. Engajada no projeto Silva & Silva Luluzinha Boutique, que baseia-se no consumo consciente, na roupa de reuso e na criação de novas roupas através de sobras de tecidos. Idealizado por esta empreendedora e colunista no segmento da moda, que vos escreve e à convite da Professora Sheila Andrade, fará parte do projeto Colorizando.

Costureiras e alguns atelies estão disponibilizando materiais e sobra de tecidos para que o conceito seja apresentado na Fabrica de Cultura da Vila Nova Cachoeirinha, no dia 17. Confesso que não esperava tamanho barulho, mas a repercussão estende-se a grupos do whatsapp e elogios pela iniciativa de ligar você a moda circular. Evento gratuito.

Felizmente alguns gigantes da moda já se uniram nesta nova onda de slow fashion, movimento contrário ao fast fashion, que prega a valorização da sustentabilidade e a diminuição do frenesi das compras. Várias marcas fazem uso de resíduos de tecidos descartados pela indústria e peças seminovas em bom estado para criar produtos; de peças produzidas pela indústria de confecção impedidas pelo controle de qualidade  de chegarem ao mercado em função de pequenos, médios e grandes defeitos servem de matéria-prima; jeans e outros resíduos também estão incorporados, como, por exemplo, o tecido daquele guarda-chuva descartado, a lona de caminhão.

A reinvenção dos estilistas se faz necessária,  para toda criação, é preciso conhecimento, criatividade, planejamento e visão ampla a respeito das tendências para criar itens que atraiam os olhos do consumidor. Paciência também é importante para o upcycling, pois grande parte dos trabalhos são realizados à mão. A Gabriela Mazepa é uma das pioneiras em upcycling no país e em 2009 foi vencedora do British Council Fashion Awards e também é embaixadora do Fashion Revolution no Brasil e produz coisas incríveis na re-Roupa.

A matéria prima utilizada é descartada sem nenhum valor, logo, não há gastos nesse processo, tornando as peças mais baratas em comparação com as que são feitas por matéria prima orgânica ou refeitas através de processos químicos. Entretanto, as roupas produzidas dessa maneira ainda são mais caras devido a  limitação de matéria prima e a peça ser original. Você paga pela originalidade. O custo de produção é mais barato, mas o custo da criação tem que ser levado em consideração no preço final.

A economia circular é um conceito que já se configura como prática e se alia à visão do “lowsumerism” e do “slow fashion”, praticados pelos consumidores.