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Elza Soares, negra, feminista, militante Elza

Elza Soares atrai a simpatia de grande parte dos brasileiros. As razões são muitas. Na sua história se vê representado o povo, de onde veio,  a comunidade negra,  a população das favelas do Rio e de outros estados e mesmo gente de outros estratos sociais.

Talvez a trajetória inspire um pouco dessa simpatia, mas não nos esqueçamos da personalidade. Elza é uma feminista, defende a liberdade de qualquer minoria. Seu comportamento reflete todo o ideário em que sempre acreditou. Há menos de um ano um internauta pediu que a artista não levasse conteúdo político para o turnê do seu show “ A mulher do fim do mundo”, vencedor com louvor do Grammy Latino. Elza logo de retrucou:

““Acho que não ouviram o disco. Honey, o show é meu … Vou continuar falando do racismo, da homofobia, da fome, da miséria, da falta de água…”

Talvez sua  vida inspire tamanha militância, tamanho exemplo de vida.

Elza Soares passou a infância na favela Agua Santa, no Rio de Janeiro. Tudo do que se lembra é que foram anos duros.  Foi lavadeira, encaixotadora, empregada doméstica. Sobre essa fase fala na  autobiografia Minha Vida com Mané: “Fui doméstica na flor dos anos. O difícil é conter os avanços do dono da casa. Minhas pernas levaram muito beliscão avulso pelos corredores”.

Só no ano de 1953 subiu ao palco pela primeira vez. O apresentador era Ary Barroso, grande nome da música brasileira, mas que como Chacrinha, zombava de alguns músicos menos experientes. Elza foi aconselhada a produzir-se. Pegou uma saia da mãe e uma camisa larga. Não tinha mais do que 40 quilos. As roupas caiam largas na silhueta fina. Em cada lado do cabelo fez uma trança. Ao aparecer, recebeu gargalhadas do auditório. Ary perguntou: “De que planeta você veio, minha filha?”. A réplica foi dura. Mais risadas. A cantora não se intimidou. A resposta veio quase que imediatamente: “Do planeta Fome”.

Com a resposta a plateia calou. Mais tarde calaria, de espanto, com a habilidade da menina ao palco.

Elza teve filho com doze anos. Passou mesmo fome. Viveu preconceito. Apanhou em casa. A despeito disso, de naqueles tempos ser mulher, pobre e negra, Elza Soares foi muito mais do que a “ amante de Garrincha”. Em sua época  foi eleita pela BBC de Londres “a cantora do milênio”.  A filha de Água Santa compunha e executava canções com o seu timbre inconfundível de voz. A fala característica casava com o jazz, com o samba, com o gosto do brasileiro.

Este ano Elza Soares faz  79 anos. Esperamos que sua carreira e vida de luta se prolongue por muitos e muitos anos

Referências:  https://oglobo.globo.com/cultura/musica/elza-soares-recebe-pedido-para-nao-abordar-politica-em-show-rebate-show-meu-21392266

https://almanaquebrasil.com.br/2017/11/06/elza-soares-habitante-do-planeta-fome-deixa-ary-de-boca-aberta/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Elza_Soares

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/10/1689464-elza-soares-renasce-das-cinzas-com-seu-ja-historico-novo-disco.shtml

NOTA

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