Abuso sexual e pedofilia. Esse é um assunto comentado e discutidos nos bastidores do futebol, sobretudo nas categorias de base. Todos já ouviram falar de casos isoladamente, aqui é ali. Sempre com o mesmo perfil, jogadores pobres, que ficam em alojamentos, em situação vulnerável.
O caso repercutiu na Argentina pela denúncia de um menino, jogador de apenas 14 anos da base do Independiente de Avellaneda, atual campeão da Copa Sul Americana. O jogador procurou o clube, que tratou de fazer uma denúncia de abuso e exploração sexual de menores em sua categoria de Base.
Segundo a denúncia apresentada, um jogador de 19 anos que mora nos alojamentos do clube forçava jogadores dos alojamentos a manter relações sexuais com homens mais velhos em troca de dinheiro, segundo Carlos Montaña, vice presidente do Independiente.
Após investigações preliminares, a justiça argentina descobriu uma rede de exploração sexual, não somente no Independiente. A promotora María Soledad Garibaldi em entrevista ao jornal El País relatou como agiam os abusadores (como ela os define): “Davam-lhes 200 pesos [33 reais], uma cueca, uma carga no cartão SUBE [de transporte coletivo], e eles aceitavam. São crianças pobres, longe das suas casas, sem seus pais, muito vulneráveis”
Em geral, segundo as investigações, os abusos não chegavam a ter acesso aos adolescentes que tinham um poder aquisitivo mais alto ou algum empresário, que eram logo bloqueados no WhatsApp ou em redes sociais.
Garibadi diz ainda: “Ofereciam a eles um pouco de dinheiro, uma viagem ao interior para visitar os pais ou chuteiras novas. São meninos que não têm meios de conseguir tudo isso. Os abusadores chamavam os rapazes para apartamentos especialmente reservados para isso e os molestavam. Pagavam entre 200 e 800 pesos [entre 33 e 130 reais], de acordo com o que faziam”
A denúncia no Independiente começou com o seu próprio psicólogo. Agora, uma nova denúncia no River Palte, onde os abusados seriam dois garotos e uma garota. A denúncia veio de uma médica do clube no período de 2004 a 2011. Já há seis pessoas já presas pelo escândalo, entre elas estão o árbitro Martín Bustos, um relações públicas e um organizador de torneios de jovens.
O River Plate se mostrou favorável a investigação e promete colaborar com o que for necessário.
As investigações ainda estão no começo e terão desdobramentos maiores segundo a promotora: “Tenho um quarto cheio de vídeos, CDs e pen drives que ainda não pudemos analisar. Vamos ver o que temos ali. E há muitos telefones que temos que cruzar. Ainda há muito a descobrir”
Com a denúncia, a tendência é que outros jovens também se sintam encorajados a denunciar também. O caso ganha repercussão no futebol mundial, mexe em um assunto complicado e promete mais desdobramentos.