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O SAMBA NÃO TEM FRONTEIRAS – Stellita Marcia de Oliveira.

 

Por Onesio Meirelles

Nascida  na capital paulista, 15/02/1967, terça feira de carnaval. Formada em Nutrição e Dietética, com Pós-Graduação em Química, lecionando no ensino médio.

Família paterna, no samba desde a década de 20. Avô  Manoel Serafim de Oliveira; Baliza e  presidente do Cordão Carnavalesco Campos Elíseos , nas cores roxo e branco; a avô Stellita Arruda Mello de Oliveira  desfilava como pastora; o pai José Carlos de Oliveira e o tio Benedito Lazaro de Oliveira, nascidos e criados no bairro do Bexiga em SP capital, desfilavam desde crianças no Cordão Carnavalesco Vai-Vai, adultos integravam a bateria do Cordão Vai-Vai, comandada pelo apitador Pato N’ Água.

A mãe Meirice de Oliveira,  a qual nunca teve o hábito de desfilar, devido a uma promessa feita a sua mãe que era Espírita.

Levada pelos pais as matines carnavalescas do Aristocrata Clube ( clube de negros ), onde seu pai era um dos fundadores do mesmo, aos dois anos de idade. Carnaval de rua começa aos 5 anos  levada pela mãe, que forrava o chão, da Avenida São João, que sentava ali com as filhas esperando a Vai-Vai passar e assim desfilar na escola,(A Vai Vai vira Escola de Samba em 1972, pois até então era Cordão Carnavalesco).  A família está no samba e no carnaval à 95 anos e na Vai -Vai há 79 anos. Desfilou em vários setores da escola ( destaque de chão, hoje chamam de Musa, harmonia de ala, diretora de ala) e hoje integra o departamento da Velha Guarda. Ainda criança desfilou abrindo o carnaval de SP, no Bloco da Criola, presidido e fundado por Erthes Brasil, e desfilou na Mocidade Alegre, hoje presidido por Solange Cruz Bichara Rezende, (Oriunda de família carnavalesca de Campos do Goytacazes, interior do Rio de Janeiro).Integrei o quadro de jurados do carnal, na FESEC (Federação das Escolas de Samba e Entidades Carnavalescas), e UESP (União das Escolas de Samba Paulistanas) durante 12 anos, julgando todos os quesitos ,inclusive bateria e melodia. Portanto o ritmo samba sempre fez parte de sua trajetória, através do radio, TV, e nas rodas de samba e comunidades de samba, escolas de  samba, (Rio e São Paulo)  que depois da religião e família e sua terapia cultural  preferida.

Por Stelita Marcia de Oliveira

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Após alguns dissabores, pois ser sambista  não é algo muita bonito sempre, as vezes nos deixa marcas difíceis de apagar. Passei um período difícil financeiro, mesmo já graduada na Universidade, me vi obrigada, a reciclar latinhas, sofri um grande preconceito, na velha guarda da escola, e fui expulsa do departamento, mas pela minha conduta, pois sou do tempo que sambista de verdade vestia a camisa, lavava os banheiros e girava de porta bandeira elegantemente na Avenida, a diretoria da escola me ofereceu um lugar no carro alegórico, aonde eu vim como Velha Guarda imortal da Vai-Vai com  mais  dez baluartes da escola. Após e episodio triste. Homenageada pelo Deputado Estadual Nivaldo Santana, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, no Dia do Samba, em 2006; Agraciada pelo titulo de Imperatriz e Baluarte do Samba do Estado de São, através da PL n° 26/2007, pelo Governo Paulista, ( Deputado Estadual Roberto Felício)no ano de 2007, e no mesmo ano junto as Imperatrizes e fundo o Império das Baluartes do Samba do Estado de São Paulo( o qual  agrega damas do samba  com mais de 40 anos militando ininterruptamente no samba de São Paulo); homenageada na Associação das Velhas Guardas do Rio de Janeiro, por Rosi Simpatia, porta bandeira da Associação; Tive a honra de ser homenageada pela Portela com mais 31 porta bandeira das Velha Guarda do Rio de Janeiro(2014), carregando o Estandarte do Império das Baluartes do Samba de SP, a primeira bandeira do samba de outro estado, a cruzar a Sapucaí.

“Digo de catadora de lata a Imperatriz e Baluarte do Samba do Estado de São Paulo”

Sou coautora do dia da Mulher do Samba Paulistano (autora  ex Vereadora Claudete Alves). (Madrinha da Comunidade do Samba Maria Cursi (SP), madrinha do Grupo Flor da Idade do RJ); homenageada  como Titulo Mulher que Faz Acontecer pelo Bloco Fome Zero por 3 vezes(presidido por Aldicéia Pereira); homenageada pela Velha Guarda do GRES Unidos de Padre Miguel( presidida por Selma Ventura), e Velha Guarda do GRES Sereno de Campo Grande(presidida por Vera Mendonça); homenageada no Dia da Mulher Negra Latino Caribenha, pela ASTEC( Associação dos Sambistas de Terreiros e Comunidades, presidida por João Carlos) no ano de 2016.

O Império das Baluartes do Samba do Estado de São, realiza uma integração, através de encontros, e unindo  as velhas guardas, baianas, casais de porta bandeira, comunidades de samba, do samba de vários estados, fazendo a união de sambistas, muitas vezes deixados de lado , São Paulo, Rio de janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina, mas ainda iremos mais longe. Principalmente reconhecendo e valorizando a mulher sambista, esquecida pela sociedade machista deste país.

As andanças, São Paulo, Rio, Bahia, apesar de alguns atropelos, me deu o prazer de conhecer e cantar compositores maravilhosos, conhecer suas sementes, familiares como Tia Surica( Velha guarda Musical da Portela), Nilcemar Nogueira  (Neta de Dona Zica e secretaria de cultura do município do RJ), Geisa Ketti ( filha de Zé Ketti), Selma Candeia( filha de Antônio Candeia de Sá), Ivete dos Prazeres( Filha de Heitor dos Prazeres), Maria Esther de Camargo (Resistência do Samba de Bumbo de Bom Jesus de Pirapora), Helio Bagunça( Criador do Símbolo , do GRES Mocidade Camisa Verde e Branco ,de SP, fundador da GRES Tom Maior), Jamelão( cantava comigo no colo, nas festas de Santa Marta, eu tinha 2 3 anos de idade, intérprete do GRES Mangueira), Olga Von Simon ( Realizou o primeiro doutorado sobre o carnaval de SP),Maria Aparecida Urbano( Primeira carnavalesca de SP), Olímpia dos Santos Vaz ( Resistência e do GRES VAI-VAI), Seu Nenê da Vila Matilde, fundador GRES Nenê da Vila Matilde), Talismã, Osvaldinho da Cuíca( Primeiro Cidadão Samba Paulistano) , Jose Carlos de Oliveira( Catuaba, raiz do Morro do Salgueiro) e muitos outros amigos de verdade, e professores desta cultura maravilhosa.

Conheci não só o pulsar no asfalto, da Vai Vai, mas também, Nenê da Vila Matilde, Mocidade Alegre, Primeira da Aclimação, Mocidade Camisa Verde e Branco, Mangueira, Portela, Salgueiro, Alegria da Zona Sul, Unidos da Tijuca, Estácio de Sá. Vi o florescer de muitos compositores contando suas obras imortais.

Julgo-me sambista não de profissão mais de nascença e vivencia, gosto de aprender e ensinar um pouquinho.

O Samba e a Academia, me deram empoderamento, ganhei conhecimento intelectual,  sai da faixa dos negros analfabetos e perseguidos, par ter um lugar ao sol; e  debaixo dos pés dos sambistas machistas e dos preconceituosos.  Levo minha condição de mulher negra ativista  por onde passo, e dou oportunidades ,  transformando mulheres esquecidas em luzes no palco da cultura brasileira.   

 

 

NOTA

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