Pesquisar
Close this search box.

» Post

O preço da gasolina é uma decisão política

Por Cesar Locatelli 
 
 
 
Gostaria muito que você me acompanhasse na ideia que a economia é muito mais política do que diz a maioria dos economistas que palpitam nas televisões, rádios, jornais, revistas e portais da internet.
 
Vamos imaginar um exemplo do que estou querendo dizer? 
 
A Petrobras tem o poder de determinar o preço da gasolina e do óleo diesel no Brasil. Se um feirante resolver vender suas laranjas pelo dobro do preço, não conseguirá vender nada. Mas, a Petrobras e outras grandes empresas têm esse poder de determinar o preço e as pessoas não conseguirem comprar de outros vendedores. É como a água da Sabesp, somos obrigados a pagar o preço que eles determinam, não somos?
 
Voltando à Petrobras. Quem consome gasolina e diesel, ou seja, todos que tem carro e todos que usam a rede de transportes do país, preferem que os preços dos combustíveis sejam mais baixos. Mas, preços mais baixos diminuem o lucro da Petrobras. Quem perde é quem tem interesse que os lucros da empresa sejam bem altos. Entre outros, são os investidores do mercado financeiro que perdem com preços mais baixos dos combustíveis.
 
A Petrobras, no governo Dilma, manteve os preços da gasolina, durante muito tempo, sem aumentos, mesmo quando o preço internacional do petróleo subia. Seus objetivos eram favorecer os consumidores e segurar a inflação. O preço da gasolina tem grande influência sobre muitos outros preços da economia, como os alimentos que precisam ser transportados do campo para as cidades. 
 
O governo Temer tomou o sentido oposto: resolveu alterar o preço da gasolina a cada vez que alguma mudança ocorre no preço internacional do petróleo. Os beneficiados são aqueles que têm ações da Petrobras, investidores privados brasileiros e estrangeiros e o próprio governo. São eles que lucram quando ela tem lucro. Além disso, tornam a empresa mais atrativa para ser privatizada. Esse governo ainda não falou em vender a Petrobras como um todo, mas já está vendendo pedaços dela e anunciaram muitas outras vendas de empresas públicas, como a Eletrobras.
 
Agora, me dê sua opinião. Você acha, então que o preço da gasolina é uma decisão econômica ou é uma decisão política? 
 
Acho que ficou claro que, pelo menos no curto prazo, é política: posso favorecer quem consome ou favorecer quem investe na empresa. Toda medida econômica favorece certos grupos e prejudica outros.
 
Vamos a mais um exemplo? Vimos, há algum tempo, o presidente Obama anunciar que aumentaria impostos das pessoas ricas. Metade dos americanos vibrou com a notícia e a outra metade odiou. E não foram somente os ricos que odiaram.
 
Influenciados pelos economistas mais tradicionais (ortodoxos), dos quais discordo, parte dos eleitores americanos acredita que é preciso diminuir os impostos das empresas e dos ricos para incentivar o investimento. 
 
Essa é a primeira característica do pensamento dos economistas ortodoxos que enfatizamos aqui: a política econômica deve favorecer as empresas e os ricos porque são eles os principais canalizadores de recursos para os investimentos. Dizem os ortodoxos que se mantivermos mais recursos com as empresas e com os ricos teremos mais investimentos e, portanto, cresceremos mais e geraremos mais empregos. 
 
A outra parte dos eleitores percebe que aquelas famílias muito ricas devem contribuir mais para o bem-estar de todos. Os EUA estão concentrando renda desde o governo Reagan, nos anos 1980. Isso que dizer ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres. Todas as pesquisas mostram que a desigualdade é crescente em solo norte-americano.
 
Os economistas heterodoxos, que também chamaremos aqui de keynesianos, acreditam que é preciso favorecer o consumo, porque quando os empresários percebem que há procura por produtos, eles se esforçam para investir e, assim, vender mais e lucrar mais. Com esse investimento provocado pelo consumo, cresceremos e geraremos mais empregos.
 
Você percebeu a diferença? Enquanto a política econômica ortodoxa deixa mais dinheiro com empresários e ricos, os keynesianos preferem que o trabalhador tenha mais dinheiro para consumir. Ambos dizem que, se seu método for seguido, teremos mais crescimento econômico. Você entende essa escolha como econômica ou política?

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

Esta gostando do conteúdo? Compartilhe!

Uma resposta

  1. Interessante é pensar em módulos de dinheiro. Ou seja, quantidade, patamares de renda.
    Ainda nos tempos de graduação, fiz um curso rápido na Bovespa sobre orçamento doméstico. Muito interessante. O palestrante disse, à época, que se uma pessoa ganhasse acima de R$”X”/mês, ela sairia da espiral da pobreza e entraria no ciclo virtuoso da riqueza. Disse que no Brasil ainda são poucos que tinham essa capacidade e os que tinham, não possuiam a informação necessária para fazer a roda girar positivamente. Tudo isso já tem mais de 15 anos, mas a tese ainda é válida. O acesso a produtos mais baratos faz com que a massa de dinheiro sobre ao final de um período e de posse de boa informação o agente pode fazer a sonhada poupança. Com preços de um produto que não pode ser substituído, no caso o combustível, fica claro que dificilmente os ajustes não atuem na formação de poupança da população. Se o governo quer fazer sobrar dinheiro, segura o preço da commoditie e prejudica o investidor. Se quiser ficar ao lado do investidor, solta o freio que segura o aumento dos preços. Como se vê, não se reza duas cartilhas ao mesmo tempo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

» Parceiros

» Posts Recentes

Categorias

Você também pode gostar

plugins premium WordPress

Utilizamos seus dados para analisar e personalizar nossos conteúdos e anúncios durante a sua navegação em nossos sites, em serviços de terceiros e parceiros. Ao navegar pelo site, você autoriza o Jornal Empoderado a coletar tais informações e utiliza-las para estas finalidades. Em caso de dúvidas, acesse nossa Política de Privacidade