O “JE” bateu um papo com Mc Soffia e a sua mãe, Kamilah Pimentel, sua grande incentivadora.
Soffia Gomes Rocha Gregório Correa, nasceu em 22 de fevereiro de 2004. Nacionalmente conhecida como MC Soffia, a rapper mirim fala sobre como se orgulha de ser negra, sobre racismo, e de poder oferecer cultura e conscientização para as crianças. Suas letras trazem temas fortes e socialmente responsáveis, tais como racismo, questões de gênero e autoestima para crianças e ainda arranja tempo para ser criança.
Esta é MC Soffia que começou a sua carreira aos 6 anos de idade, logo após participar do projeto “O Futuro do Hip Hop”.
JE: Quando nasceu a sua chama para ser rapper? Conte-nos sobre seu primeiro show e suas referências musicais.
Eu não sei o porquê de virar rapper, mas eu senti vontade de cantar depois que aprendi a rima na oficina de Hip Hop. Posso dizer que foi meio assim. Meu primeiro show foi no aniversário de São Paulo, no Anhangabaú. E eu gosto da Rihanna, Beyoncé, Nick Minaj, Willow Smith e várias mulheres negras americanas.
JE: Qual sua rotina para conciliar estudos, ser criança (suas brincadeiras) e a vida de artista?
Eu brinco bastante, até mesmo nos dias de show. Eu agora estudo de manhã, mas antes era integralmente, sendo assim, eu consigo fazer de tudo, pois minha mãe que cuida das minhas coisas e ela sempre dá um jeito para eu brincar mais.
JE: Criança negra sofre racismo na escola, principalmente por causa do cabelo afro e crespo. Como mudar isto?
A criança, mesmo quando sofre na escola, precisa pesquisar sua história e se amar. Aí, quando alguém vier xingá-la, ela nem vai ligar, porque já se conhece e tem orgulho da sua cor e do seu cabelo.
JE: Você já fez duras críticas por chamarem as mulheres negras de “exóticas”. Como é ser mulher negra no Brasil? Você sofre ou sofreu já algum preconceito? Aproveita e fale da Kamilah (mãe) e Lucia Makena (avó), estas duas mulheres da sua vida.
Quando eu não vejo mulheres negras e crianças sendo protagonistas, eu sofro racismo. Enquanto o jovem morre na periferia, eu sofro racismo. Se uma criança é xingada na escola eu sofro racismo. Assim, minha mãe e minha avó sempre me ajudaram quando eu falei que queria cantar. Ela me deram muita força e até hoje é assim, sempre me ajudando.
JE: Sua matéria favorita na escola é Historia. Como você vê a reforma da educação que tira a obrigatoriedade do ensino de História, Cultura Afro-Brasileira e Africana (LEI 10.639/03)?
Essa lei é mais velha que eu e até hoje poucas pessoas conhecem. Essas matérias são muito importantes e tem que ser trabalhadas nas escolas urgentemente.
JE: Como foi a sua ida ao monumento histórico Pedra do Sal, no Rio de Janeiro, onde fica localizada uma Comunidade Remanescentes de Quilombos, para gravar o seu mais novo clipe “Menina Pretinha”?
Eu fui gravar o clipe lá por esse motivo: a história. E adorei, deu tudo certo com a participação de todo o pessoal.
JE: Fale sobre sua canção “África”.
Eu fiz essa música com base em uma pesquisa sobre mulheres que ajudaram a construir esse País. Minha mãe me ajudou e adoro essa música.
JE: Você tem noção que já é referência de mulher que empodera e é militante contra injustiça social e racismo?
Eu fico muito feliz. Muita gente vem falar comigo, me agradecer, mas eu quero que tenham mais e mais crianças fazendo a mesma coisa que eu.
JE: Quando crescer você disse que deseja ser de “jogadora de futebol e médica”. Ser criança é poder sonhar com o que quiser. Quais seus sonhos e projetos para o futuro?
Meus sonhos são todos esses que você falou e os projetos para o futuro é gravar mais clipes e lançar músicas novas.