Na tarde deste Domingo (27), o Palmeiras ratificou o que já era esperado há algum tempo, o merecidíssimo título do Brasileirão 2016, após um campeonato muito regular, um trabalho muito bem feito de todos dentro do clube, que culminou (quem diria) com o gol do jogador talvez mais desacreditado do elenco, o lateral Fabiano, que foi o derradeiro na conquista Verde. Analisando o ano do Verdão, fizemos uma seleção de 11 motivos para a conquista após 22 anos do Campeonato Brasileiro, com este são cinco campeonatos brasileiros (da Era ‘Pós 71’) somados as Taça Brasil de 60 e 67, ao Torneio Roberto Gomes Pedrosa também de 67 e 69, totalizando nove conquistas com peso de liga, mais três Copa do Brasil (sendo uma na gestão Paulo Nobre e ainda um título da Copa dos Campeões de 2000, totalizando assim 13 conquistas nacionais.
1 – O gol: O Palmeiras sempre foi conhecido pela sua magnífica escola de goleiros, seria chover no molhado aqui falar de tantos grandes goleiros que o Palmeiras revelou, talvez o maior deles, lembrado por Jaílson na festa da conquista.
Mas a verdade é que nos últimos tempos a Academia de Goleiros do Palmeiras tem decepcionado, Bruno era uma grande esperança na base, mas se queimou, Cavalieri acabou deixando o clube cedo e Deola também não vingou. Coube ao Palmeiras então trazer de fora talentos para fazer valer a estrofe “Defesa que ninguém passa”. Trouxe Fernando Prass após grandes momentos com o Vasco, e o goleiro conseguiu a idolatria da torcida com defesas incríveis, liderança e gol de título, mas o “São Prass” se lesionou quando iria defender o Brasil nas olimpíadas. Então veio o desespero, e agora, não havia substituto. Vagner, que se destacou no título paulista do Ituano teve a chance e não aproveitou, a apreensão foi total. Eis que surge um goleiro que havia sido contratado “apenas para compor grupo”, que já tinha 35 anos, muita rodagem, mas que jamais havia despontado como um grande goleiro, era o camisa 49 Jaílson, com passagem recente pelo Ceará. O goleiro mostrou que apesar de não ser conhecido, tinha qualidade e experiência pra honrar a camisa de Prass e que um dia foi de Marcos, Leão, Velloso, Sérgio, Oberdan e tantos outros. O goleiro fechou o gol, fez valer a máxima de que um grande time começa com um grande goleiro e junto a Prass, faz da meta verde, a primeira razão para esta conquista.
2 – O lado direito: Formado pelo menino Tchê Tchê, destaque do Audax de Fernando Diniz e pelo experiente Jean, os dois tiveram uma sincronia perfeita, se revezando pelo lado direito e fazendo do setor, um dos grandes trunfos na conquista.
3 – A zaga: Setor que até o início da temporada dava calafrios no torcedor verde, foi consertado com a chegada de reforços e o trabalho de Cuca. Mina tem um futuro espetacular como jogador, arrumou a defesa ao lado de Victor Hugo, mais contratações de espetacular visão da diretoria e da comissão técnica, que tornaram o setor seguro e fundamental para segurar a onda nos momentos de queda de rendimento, Edu Dracena queimou a língua de muitos (inclusive a minha) mostrando que não é um ex-jogador em atividade, e sempre que exigido atuou bem.
4 – Alexandre Mattos – O dirigente já foi muito criticado por nós, pelas suas “baciadas”, realmente, no começo o “mago das contratações” parecia se deslumbrar com o orçamento que tinha e contratando quantidade ao invés de qualidade. Mas nesta temporada ele acertou a mão e foi responsável por contratações pontuais, que acertaram o elenco e credenciaram o time a conquista.
5 – A meia: Além de Tchê Tchê e Jean que fizeram um grande trabalho e já foram citados, Moisés foi um grande destaque na transição ofensiva da equipe. Gabriel, Thiago Santos e Matheus Sales se revezaram na contenção com Jean e passaram a dar a segurança que até esta temporada o time não tinha.
6 – Paulo Nobre: O mandatário esteve com o clube em um dos momentos mais difíceis que foi a disputa recente da Série B, quase voltou no ano seguinte, mas depois com muito amor ao clube, praticamente cedeu dinheiro pra que o clube se reestruturasse. Um caso raro de desprendimento e de um dirigente que diferente de quase toda sua classe, cede ao clube ao invés de apropriar-se do que pertence ao clube, parece inacreditável, mas Nobre é um mandatário confiável, no podre meio do futebol.
Paulo fez jus a seu sobrenome, quando influía de forma direta nas decisões do campo e bola, as coisas não foram bem. Quando passou a ser o chefe e o aporte financeiro, passando a gestão do futebol pra quem é do meio (o quarto motivo, Mattos) a cisa fluiu, e fluiu muito bem. Sua imagem estará sempre ligada ao clube e seu legado será sempre lembrado, mas agora, Nobre volta a ser o que sempre foi, um apaixonado torcedor.
7 – “O Palmeiras é Grande”: Zé Roberto oscilou entre grandes jogos e jogos muito abaixo do que ele já pôde um dia apresentar. Egídio também não encheu os olhos da torcida, a lateral esquerda em si não foi um trunfo do time nessa conquista.
Mas esta preleção onde se diz algo óbvio: “O Palmeiras é grande” tem um significado enorme. Evidente que o Palmeiras é grande, mas Zé viu que o Palmeiras precisava de uma liderança, precisava de alguém que tomasse a palavra e reafirmasse ao grupo de atletas e a todos os envolvidos no clube, o tamanho e a responsabilidade de vestir essa camisa, é claro que o Palmeiras sempre foi e nunca deixará de ser grande, mas esta preleção foi um marco da retomada do time, é como se pudesse se dividir o Palmeiras entre antes e depois desse momento histórico, a retomada.
8 – Allianz Parque e Torcida: A volta do estádio reconstruído e um dos grandes estádios/arenas do planeta inflamou a torcida, que em peso foi conhecer sua nova casa. Se a gestão de Belluzzo foi conturbada (não por desonestidade, tenho convicção) ficou esta parceria com a W Torre que gerou a construção dessa Arena, um belo templo de adoração, imponente como o alviverde! A torcida deu um verdadeiro show, conduzindo o time a conquista.
9/33 – O homem gol: O ataque verde funcionou perfeitamente, com Jesus que “nasceu gigante” pro futebol e já é o artilheiro da seleção, já está a caminho de Manchester para ser o cara de Guardiola. Jesus pode ir tranquilo, com a certeza de que não será esquecido jamais pelo torcedor.
10 – O “chapeleiro” capitão: Dudu amadureceu demais, deixou nervosismo e picuinhas de lado e com isso seu futebol só cresceu, sendo um verdadeiro capitão para a equipe e conduzindo o time ao título, é outro jogador com um futuro brilhante pela frente.
11 – O comandante: Cuca fez um trabalho extraordinário com o time. Afirmou que o time seria campeão, e com muito trabalho conseguiu cumprir sua promessa.
Soube administrar um elenco absolutamente inchado pelas inúmeras baciadas de Mattos, soube manter todos motivados para quando necessário serem úteis ao time, o grande exemplo esteve nesse gol derradeiro, o jogador talvez mais desacreditado do elenco marcou em jogada ensaiada, os méritos são totais para Alex Stival. Aliás, um dos cânticos da torcida diz: “A taça Libertadores é obsessão..”. E seria também um grande marco na carreira de Cuca, é claro que é importante o treinador se qualificar fora do país, mas Cuca se notabilizou como dos mais competentes técnicos, a nossa torcida e certamente de toda a coletividade verde, é para que o treinador adie a ideia de viajar a Europa por um período mais prolongado e siga no clube.