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A Revolta dos Malês: um dos maiores movimentos políticos negros da história das Américas

Muito do que estudamos na escola fica conosco. Somos tocados por estes conhecimentos que nos fazem enxergar mais longe. Outro tanto é esquecido. Existe porém um conteúdo sequer lecionado nas salas de aula. Esse é ignorado da maioria.

 

É o caso, por exemplo da Revolta do Malês de 1835, um dos maiores movimentos políticos da nossa história que é esquecido pelo descaso dos brasleiros.

A Revolta do Malês foi uma das maiores revoltas de escravos na Bahia. Dava voz à insatisfação de um povo privado da liberdade e que vivia em terra estranha e hostil.

Inúmeros fatores concorreram para que muitas revoltas de escravos se dessem na Bahia no começo do século XIX: a intensificação da economia canavieira, o aumento dos escravos, a intensificação do trabalho demandado, as crises cíclicas de abastecimento e o clima de divisão entre os setores livres da população.

Salvador, cenário da revolução, tinha características particulares que corroboraram com o ocorrido. Como primeira capital do Brasil Colonial, tinha muitos escravos e ex escravos. Metade de sua população era composta de escravos. Aproximadamente 25% da população era composta de negros livres e somente um quarto dos habitantes da antiga capital era de brancos. A maior parte da população era de negros, negros estes que viviam em ambiente hostil. Existia ainda contato intenso entre os negros cativos e os negros forros, livres, que podiam ir e vir. Muitos escravos em Salvador na época tinham relativa liberdade. Eram escravos de ganho, trabalhavam de forma independente, remetendo parte de seu sustento para os seus senhores. Esta autonomia contribuiu para ajudar no fomentar da revolta.

Os escravos muçulmanos arquitetaram a grande revolta de 1835. Diferentemente dos outros, muitos destes sabiam escrever, e escrever num dialeto, árabe, completamente estranho ao português. Vale lembrar quer por isso muitos escravos negros sabiam escrever ao passo que a maioria portuguesa era analfabeta.

Os escravos muçulmanos tencionavam organizar-se, tomar Salvador e partir para o interior do país, onde lá formariam um novo reino. Uma denúncia frustrou o movimento. Um casal de nagôs libertos denunciaram planos escutados de pessoas próximas. Eram muitos os que falavam do assunto na véspera. No sábado que antecedeu o movimento um murmúrio espalhou se em todos os lugares onde os negros se reuniam.  Outros negros vieram de Santo Amaro para unir-se a Ahuna, o grande líder. As patrulhas conduziram as revistas sem sucesso até um sobrado de dois andares na ladeira da praça. O senhor do sobrado, negro, atendeu a porta nervosamente. As autoridades escutaram o ruído de muitas vozes e logo se deu uma grande luta. Muitos negros escaparam para agregar-se aos seus companheiros. Outras tantas lutas se deram então, pela revolução precipitada, nas várias ruas de Salvador. Muitos tiros foram escutados. Os revoltosos batiam em todas as portas, apontando que o levante se precipitara mais cedo. Alguns entendiam, outros despertavam desesperados com o movimento. Os revoltosos foram a cadeia para tentar libertar Pacifico Licutam, estimado muçulmano. Tendo a investida sido frustra, vários sucumbiram, atacados por vários flancos. Atacaram também o quartel, de forma igualmente frustra. Pesado tiroteio se deu enfim na rua do palácio.

No fim da madrugada, muitos escravos morriam, outros tantos fugiam. Uma longa sindicância se seguiu para apurar o ocorrido. De seus autos o estudioso João José Reis fez um livro com o vasto material sobre o assunto.

A Revolta do Malês foi um grande evento político negro da história do Brasil, evento que deve ser sempre rememorado

 

Observação: A foto do artigo é do antropólogo francês radicado o país Jean Pierre Verger

NOTA

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3 respostas

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