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O que será do mundo com o Trump no poder?

 

Republican U.S. presidential nominee Donald Trump gestures to the audience at a campaign rally in West Palm Beach, Florida, U.S., October 13, 2016. REUTERS/Mike Segar TPX IMAGES OF THE DAY
Imagem da REUTERS/Mike Segar TPX IMAGES OF THE DAY. Trump na época de campanha.

Especialistas do Brasil e da América Latina opinam sobre o assunto em entrevistas exclusivas

Por Priscilla Silvestre

Contrapondo-se a todas as estimativas e, porque não dizer, opinião de muitos norte-americanos, que criticavam e até mesmo temiam a vitória de Donald Trump, o republicano ganhou as eleições para a presidência dos Estados Unidos e agora será a figura que governará um dos maiores países do mundo, em diversos sentidos.

Cheio de manchas em sua reputação, considerado sinônimo de machismo, racismo, egocentrismo e repleto de envolvimentos em diversas polêmicas, ainda que tenha criticado o seu partido e os ideais republicanos, não há como voltar atrás ou até arriscar citar fraude nas urnas: ele é o 45º presidente do “país do Tio Sam”.

Independentemente da opinião de qualquer um, não podemos tirar o mérito de seu empenho na campanha: até a meia-noite que antecipava a data das votações ele estava fazendo comícios em Michigan, um dos Estados que poderiam definir a sua vitória. Após isso, ainda nas redes sociais, continuou brigando por seu triunfo e postando citações em vídeo, com o slogan “Nós faremos a América grande de novo”, frase que citou assim que iniciou seu discurso após vencer. E, com certeza, foi esse esforço em lugares indecisos que deram a ele o posto alcançado.Diante disto, fica a pergunta: O que será dos EUA e de todos os demais países com ou sem vínculos criados na gestão de Barack Obama?

De acordo com Osmar Visibelli, professor de Relações Internacionais na Escola de Negócios da Universidade Anhembi Morumbi (SP), agora a tendência protecionista tende a aumentar. “O conjunto de ações do governo Obama já sofria forte resistência interna nas casas e o voto de ontem tende a fortalecer a tendência. Creio ser pouco provável a rejeição integral do conjunto, mas a renegociação dos termos acordados, mediante a reabertura de processos, é algo a ser fortemente considerado”, ressalta.

Por que Trump venceu as eleições?

Stephen Clark Harris, advogado aposentado e norte-americano que vive em Boston, diz estar indignado com o resultado. Na verdade, durante a entrevista, ele não quis nem falar mais sobre o assunto, diante da incredulidade por agora os Estados Unidos terem republicanos no Senado e na Presidência, em uma espécie de “domínio total” do país. Segundo ele, há duas semanas a maioria das pessoas com quem conversava estava focada em não votar em Trump, por inúmeros motivos. E, deste modo, o inesperado aconteceu.

Visibelli explica que aplica esta vitória a um movimento difuso, sem lideranças formais, que resigna o status quo(expressão que significa ‘a mesma situação de antes’). “Não é uma exclusividade norte-americana, trata-se de um fenômeno internacional, assumindo direções contrárias ao grupo político que exerce o poder formal. Por exemplo, a Espanha, dirigida por partido de centro-direita, apresentou como resultado das últimas eleições forte crescimento de organizações mais à esquerda. Na França, governada pelo partido socialista, observamos crescimento da Frente Nacional, de direita”.

O professor de Relações Internacionais ressalta que respeita as questões particulares de cada sociedade, mas que percebe uma comum rejeição do existente, destacando que, após a queda do Muro de Berlim, permanece uma grande proximidade entre o que as diferentes visões políticas de mundo percebem como real e que isto acaba por aproximar a percepção de “mais do mesmo” por parte do eleitor. “O voto em Trump assume, a meu ver, características próximas de tal fenômeno. Ele colocou-se como o outsider do sistema, identificando a candidata democrata como a continuidade. As questões mais explosivas foram o muro na fronteira mexicana, o comércio com a China, dentre outras, que se enquadram nessas particularidades locais citadas”, exemplifica.

Michigan, Pensilvânia, Ohio e até mesmo a Flórida foram decisivos nessa briga pela Casa Branca, pois são Estados considerados “titubeantes” e a intensificação de comitês de Trump por lá podem ter feito uma grande diferença. “Toda ação amplifica a presença do então candidato. Mas creio que não podemos minimizar que a candidata Hillary sempre apresentou alta rejeição. O apoio do senador Bernie Sanders, com perfil à esquerda, pode ter colaborado para unificar os democratas, mas também ter motivado que os anteriormente indecisos tenham avaliado que as concessões feitas por ela ao projeto de Sanders a afastaram do centro político tradicional. E a candidata já não era, originalmente, tão próxima assim deste centro”, esclarece o Professor Osmar.

Ele ainda complementa falando sobre a Flórida, local considerado por muitos como “democrata”, mas que deu a maioria dos votos ao candidato Trump. “Não podemos nos esquecer de que o Estado teve como governador o republicano Jeb Bush, filho e irmão de dois presidentes republicanos, de 1999 a 2007. Classificar automaticamente a Flórida como simpática aos democratas ignora o período anterior. Não podemos deixar de lembrar que após Jeb Bush, o governador que o sucedeu e o atual também são republicanos. Em minha opinião, não há fundamento para pensarmos que o voto hispânico é, necessariamente, dado aos democratas”.

Os Estados Unidos e as relações com outros países a partir de agora

Dilber Smith Castillo Lopez, economista da Pontifica Universidad Católica del Peru, dá a sua versão de como a América Latinapode esperar as reações econômicas diante desta caixa de surpresas que pode vir a ser o governo de Trump. “A eleição gerará uma volatilidade do Dólar em curto prazo, provocando países como a Rússia, que querem dominar o mercado internacional. Por outro lado, o novo presidente aumentará os preços das matérias-primas, o que é uma maneira de beneficiar os países latino-americanos, visto que são os maiores abastecedores do mundo neste sentido”.

Outros especialistas encaram o bilionário como um personagem, que voltou a sua campanha política mais para um lado teatral. “Eu creio que muito que se fala da vitória de Trump seja especulação. Os EUA são um país muito conservador e consideravam a Hillary como progressista, algo um pouco ‘louco’. Campanhas políticas são genuinamente‘feitas de palavras’ e essa, especificamente, foi pura ficção midiática, onde parecia ser mais importante atacar um ao outro a defender os seus propósitos. Neste sentido, mesmo com esse resultado, é muito difícil mudar as estruturas produtivas de um país, já que o presidente não pode controlar as empresas privadas, impor quem deve investir em determinado local ou ainda obrigar que se use mão de obra interna. Muito do que ele disse em sua campanha eu encaro como utopia”, opina o argentino Sabat Alzamendi.

O estudante de Ciências Econômicas da Universidad de Cartagena, na Colômbia, Francisco Javier Rojas Restrepo, levanta um argumento que muitos estão acreditando virar um grande “boom”. “Eu acredito que, a partir de agora, haverá um colapso na sede da imigração para o Canadá”.

E, claro, não deixando de expor a opinião de uma pessoa brasileira, a escritora Ieska Labão destaca que torce pela sobrevivência dos Estados Unidos e, consequentemente, de todos que tem vínculos com eles. “Só não tenho certeza sobre a ideia de um mundo mais tolerante, igualitário e que pregue mais respeito pelas diferenças. Essas situações estão em sério risco”.

O novo cenário, a China e o Brasil: o que esperar?

 Vamos primeiramente entrar no contexto da China e a sua ascensão mundial, tanto economicamente, quanto na expansão em outros segmentos. De acordo com o Professor Osmar, a questão chinesa passa por dois processos: segurança nacional (projeção do poder chinês no sul do mar da China) e econômica. “Lembrando que a China é detentora de enorme volume de dívida norte-americana, acho pouco provável que o aspecto econômico possa ser relevado pela nova administração. Considero que ajustes no comércio entre ambos devam ser feitos em médio prazo, enfatizando a tendência protecionista dos Estados Unidos”.

Em relação à segurança, ele acredita que Trump tende a ser mais flexível do que a Hillary seria se fosse a nova presidente, observando a extensão do poder e peso chineses como consequência no sistema internacional. “Somente uma postura mais incisiva do Japão, exigindo um fortalecimento norte-americano, poderia fazer com que a nova administração confrontasse a China nesta questão. Poderemos também ver uma inflexão na disposição das forças de defesa dos Estados Unidos em relação à região do Pacífico”.

Já para o Brasil, o especialista lembra que o nosso País e toda a América do Sul não fazem e não farão parte das preocupações imediatas da nova administração norte-americana. “A possibilidade de acordos bilaterais pode ser ampliada e creio que poderá constituir-se em uma oportunidade para o Brasil, sacrificando em troca o atual conceito de MERCOSUL”.

Sendo assim, a maior justaposição entre o Brasil e os Estados Unidos nas questões relativas ao agronegócio internacional pode concretizar uma parceria contundente em busca da abertura de mercados, especialmente da União Europeia. “Se o Brasil conseguir estabilidade inflacionária e institucional, espero que poderá candidatar-se como destino de investimentos dos EUA, inclusive no setor de infraestrutura”, finaliza.

 

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