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Estou aqui almoçando e tenho na minha frente quadros gigantes relembrando a São Paulo da época dos bondes, chapéus, lenços e as charmosas charretes.

Mas não vim aqui falar de lembranças e sim de valores, pequenos atos que valem muito.

Ontem, após um convite do meu grande amigo professor Álvaro dos Santos, fomos até a Faculdade Zumbi dos Palmares bater um papo.

Após, mais uma vez, perder a paciência tentando (em vão) pegar um táxi – assunto para um próximo texto -, chego até a faculdade para batermos um papo, falar da vida.

Após um ótimo tour pela faculdade, com meu cicerone fazendo comentários sobre as homenagens que são prestadas a personalidades estampadas na entrada de cada sala de aula, somos surpreendidos com jovens subindo escadas, carregando bandeiras, faixas e se apropriando de cada espaço daquele espaço estudantil.

Ficamos espantados e aos poucos fomos entendendo aquela “ocupação”.

Descobrimos que ali acontecia o Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG) e o 4º Encontro de Mulheres Estudantes (EME) organizado pela União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES).

Uma mesa composta por pessoas que dialogam com as jovens mentes, as quais mostraram ali que não são os adultos que a conduzem e sim estes que precisam aprender com estas estudantes secundaristas.

Laura Capriglione, dos Jornalistas Livres falou sobre a “cultura do ódio” que querem que vivamos, onde todo mundo odeia o outro.(seriam os quadrados que desejam nos impor), mas que devemos nos unir nas nossas diversidades. Um belo exemplo foi quando falou ser muito fácil alguém odiar o que não conhece, e que, portanto, devemos refletir sobre nossos prejuízos, porque nem todo evangélico é o Marcos Feliciano.

“O melhor jornalista do mundo não contará melhor que um negro sobre o que é ser negro”.

Por fim, lembrou que a nossa principal energia é para que nós (periferia e minorias) não deixemos a coisa voltar para trás, não aceitamos retrocesso, e não aceitamos o que esta mídia velha, golpista e de direita nos serve.

Kerison Lopes, presidente da Casa do Jornalista de Minas Gerais, falou da sua época na presidência da UBES e do papel da revista Plug, criação de sua administração. Reafirmou como perdemos a luta na internet para os conservadores e o domínio e atuação dos USA nas redes, inclusive sobre o financiamento internacional para o MBL.

Outra boas falas foram da Brenda Amaral, do Teatro Oficina, César Agaras, músico e Ativista, Camila Ribeiro, Coordenadora do Centro Universitário de Cultura e Arte-Cuca da UNE. Além das ótimas declarações de Beto Teoria, presidente da Nação Hip-Hop do Brasil, sobre a história, a diferença entre Cultura Hip-Hop e Movimento Hip-Hop e o significado dos movimentos de Break e sua representatividade contra a guerra, por exemplo. Beto lembrou como o movimento punk anarquista ajudou o início do Hip-Hop no Brasil.

Por fim, tivemos a fala mais contundente e que mais agitou os jovens: a de Bruno Ramos, vice-presidente da Liga do Funk. Bruno tomou o microfone como um bom MC e, com palavras ácidas, diretas e sensatas, passou o recado, pedindo para que a sociedade aceite o Funk, pois ele é realidade, e sua história é a de milhares de jovens da periferia e da classe média. Ao falar em preconceito, lembrou que faz cem anos que tentam marginalizar a cultura popular, antes o alvo era o *Samba, já hoje quem sofre é o Funk .

Bruno chutou todos os preconceitos para escanteio quando mostrou a cara do Funk como instrumento de luta e voz de jovens tanto da periferia como da classe média. Afirmou que o Funk hoje agrega e une todas as classes, e que realmente tem uma diversidade. Ele falou com eloquência e na linguagem dos jovens, atacou os conservadores e recebeu aplausos, sendo ovacionado, como um pop star do Funk, que depois tirou dezenas de fotos com seu “público”.

No fim do evento, Laura e Beto Teoria também foram paparicados pelos jovens que ali estavam presentes.

Mas o ponto máximo deste evento foi a eloquência nas falas dos jovens que pegaram nos microfones, e a representação teatral em textos muitos bem escritos, por alunos que mostram que há esperança.

Um fala que encheu a sala de energia foi a do estudante Willian, de Salvador, que lembrou da retirada das artes das escolas e a imposição de colocar cultura europeia em detrimento de estudar heróis e heroínas negras e indígenas.

Você que pensa em mudar o mundo e ainda canta “Ideologia”? Mude, cante o Funk dos jovens secundaristas e aprenda com elas e com eles, uma galera que não parou mesmo após o(s) golpe(s), continuaram ocupando, gritando, cantando e agindo!

Sem dúvida este evento foi um dos mais energizantes que o “JE” já presenciou, e pode ter certeza que saímos de lá com uma missão de voltarmos todos a sermos secundaristas e lutar sempre.

Nota de agradecimento: às organizadoras do evento (UBES) e ao Michel Peterson, da UMEC  Cotia, que me emprestou o carregador, obrigado!

Nota do evento: 16º CONEG e o 4º EME, aconteceram entre 4 e 9 de setembro, na Faculdade Zumbi dos Palmares e no Auditório Elis Regina, no Anhembi, neste ano de 2017.

Nota histórica: Ouçam: “Pelo Telefone” – Donga,de 1916 e “Delegado Chico Palha” – Zeca Pagodinho, de 2000. E assim saibam em prosa, batuque e versos, como eram as relações entre estado/policia militar e sambistas.

Um evento que trouxe coisas novas ao debate atual e mostrou que existem caminhos, basta olhar para o novo.

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NOTA

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0 resposta

  1. Não esperava por, e nem sabia do evento, (estou em TCC produzindo material hipotético a ser ou não validado) considerei a “Z” por ser território neutro, todos lá são bem recebidos, quando vi todo aquele movimento me espantei, muita coisa importante em andamento, você logo saca sua “maquininha” e sai registrando tudo, jornalistas como você (centrado e verdadeiramente engajado) é raro, parabéns Sr. jornalista Anderson, representa de forma competente e ética a arte de registrar eventos de tal magnitude, a Atlética da “Z” estende o tapete vermelho e rende homenagens à trabalho tão bem feito, WE CAN.

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