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MANGUEIRA E MOCIDADE: ESCOLA DE BATERIA!

 

O SAMBA NÃO TEM FRONTEIRA de hoje vai falar das baterias de Mangueira e Mocidade. 

 

Como se sabe a Estação Primeira de Mangueira quando foi fundada em 1928 ainda não tinha uma bateria com identidade. Somente em 1928 quando o cantor seresteiro Silvio Caldas, morador de São Cristóvão e  frequentador do Morro de Mangueira doou um surdo para a escola.

Com esse único surdo que foi tocado pelo inesquecível ritmista Lúcio Pato a Mangueira ganhou sua identidade e ritmo, ou seja, sua marcação unica.  

Com o tempo outros surdos foram integrados a bateria. A bateria continuava com sua batida única, No jargão dos sambistas: “sem resposta”, a batida de Lúcio Pato iria se eternizar na Mangueira. O que caracteriza a batida da escola até hoje.

Não foi atoa que durante a gestão do presidente Ivo Meirelles, a bateria que anteriormente não vinha tendo um desempenho favorável para a escola, ganhou o nome fantasia de “Surdo Um”, Isso de certa forma mexeu com o brio dos componentes e com a alta estima elevada, brilhou na Sapucaí com notas máximas em vários desfiles e muitas premiações.

Se antes existia a paradinha, a Surdo Um inventou a paradona o que foi copiado por várias escolas de samba do Brasil inteiro.

Há um samba de terreiro da antiga e que virou hino da Mangueira que diz “Todo mundo te conhece ao longe/ pelo som do seu tamborim/ E o rufar do seu tambor/ Chegou oh oh oh/ A Mangueira chegou oh oh…

Tamborim. Esse instrumento também é uma marca muito forte da Bateria da Mangueira e por questões políticas passou a ter seu nome como símbolo da bateria no nome fantasia “Tem que respeitar meu tamborim” e não mais “Surdo Um”. É um peso forte e característico a levada dos tamborins da Mangueira.

Surdo e tamborim os instrumentos que identificam a bateria da verde e rosa, como marca inconfundível.

Uma bateria com uma batida inigualável e que se mantem ao longo do tempo, graças também a uma tradição na escola de ter como mestre de baterias alguém que pertence a “escola Mangueira de bateria” e que ali se formou.

Um fato interessante a cerca de como se da a substituição de um Mestre de Bateria. caso esse Mestre venha falecer, se faste por doença,  voluntariamente ou involuntariamente, ou seja, mandado embora a o apito(instrumento usado pelo Mestre de bateria) passa para alguém da casa(Mangueira). Ali, em Verde e Rosa, não se contrata mestre de bateria oriundo de outra escola de samba.

Mestre a gente faz em casa como se diz no popular.

 

De certa forma isto faz com que o ritmo da sua bateria não se altere, pois a escola que contrata mestre de bateria vindo de outra escola corre o risco de ter sua batida alterada, mudando sua identidade.

Como um técnico de futebol ele impõe suas preferencias aumentando ou diminuindo certo número de determinado instrumento e assim fica difícil de reconhecer aquela escola pela sua bateria.

Outra Escola de samba com um ritmo bem identificado é o da Mocidade Independente de Padre Miguel

De um bloco criado por um time de futebol, surgiu a escola de samba que tem como padroeiro São Sebastião, santo católico que no Candomblé  é representado por Oxóssi.

O aguêre  desse orixá tem uma batida que se assemelha a batida da Mocidade Independente de Padre Miguel.

Comandando a bateria desde seu principio Mestre André que também foi técnico do time que originou a escola, introduziu o surdo de terceira na bateria. Dando assim uma alternância rítmica através do cortador, nome que se dá ao instrumentista que toca este surdo.

Com um ouvido de dar inveja, Mestre André era capaz de detectar dentre quase trezentos ritmistas quem estivesse atravessando o ritmo da bateria e assim como seu colega e contemporâneo Mestre Valdomiro, da Mangueira gostava de dar baquetada no infrator.   

A principal marca dessa bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel é a famosa paradinha criada por Mestre André, que na verdade foi acidental.

Ele, mesmo dirigindo a bateria, se empolgava e sambava, mas  no  ano de 1959 durante o desfile se desequilibrou com um escorregão, neste momento a bateria parou, ele mais que depressa e mesmo caído sinalizou para o marcador de repique que fez com que os outros ritmistas o acompanhassem de imediato. Nascia aí a paradinha que ganhou muitos aplausos e deu fama ao Mestre André.

A partir daí e com Mestre André no comando a paradinha passou a fazer parte da apresentação dessa bateria e até 1975  a escola levou nota máxima neste quesito.

Naquele período, Elza Soares até gravou um samba que iria batizar a bateria: 

“La vem a Bateria da Mocidade Independente/ Não existe mais quente/ Não existe mais quente”.

E  a bateria ficou conhecida com o nome “Não existe mais quente”.

Assim a escola ganhou fama, mantendo o mesmo ritmo até hoje. E igual a Mangueira, tradicionalmente, seus mestres são crias da escola.

Quanto a bateria boa ou ruim, devo dizer que o bom desempenho é fruto de muito treinamento e o mau desempenho é exatamente ao contrário.

Para que isso não aconteça a bateria deve estar afinada, puxando  e animando  os componentes fazendo com que  aquele grupo apresente boa evolução seguindo o seu ritmo e sua cadencia.

Uma boa bateria deve manter e sustentar a cadencia para uma perfeita conjugação dos sons dos instrumentos com criatividade e versatilidade.

Hoje com tempo de desfile determinado e com o gigantismo das principais escolas de samba, para não estourar o tempo as baterias tiveram a necessidade de acelerar sua cadencia e aí o samba perdeu sua essência maior, o samba para se sambar e dançar e não para marchar. O pé já não acompanha o ritmo.

Salve Mestre Valdomiro, da Mangueira e Salve Mestre André, da Mocidade Independente de Padre Miguel  que deixaram um legado.

NOTA

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