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conexões, divertimento e reflexões: O Diversão Offline

O diversão offline é um evento anual realizado na cidade do Rio de Janeiro desde o ano de 2015 e é um rico espaço para as pessoas que curtem os diferentes jogos analógicos: jogos de tabuleiro, jogos de carta e RPG. Este evento superbacana conta com a presença das principais editoras de jogos analógicos do Brasil, produtores de jogos, espaço para jogar jogos que ainda estão sendo construídos e também é uma oportunidade muito legal para conhecer novas pessoas.

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Espaço Catarse destinado aos protótipos


Um recado inicial: ainda não tenho a possibilidade (e experiência) de uma cobertura super aprofundada do evento, por isso, acho que seria muito legal se as pessoas que não puderam comparecer também buscassem outros sites legais que estiveram por lá, filmando, entrevistando as pessoas que estivam lá com as editoras, palestrantes… outras impressões podem ser encontradas nos canais que deixei como sugestão no nosso primeiro texto.

Algo que gostei de notar a foi a possibilidade de vivenciar o evento pelos seus corredores, na conversa com o Anésio da New Order sobre os financiamentos coletivos que estão bombando (aliás, gente, gente!! Late pledge de shadowrun está rolando!!), um bate papo super legal com Rogério Saladino da Jambô sobre tormenta (algo que eu ainda vou escrever, sobre fantasia medieval e alguns apagamentos)… Mas o que me chamou atenção foi a possibilidade de jogar sistemas e cenários de rpg nacionais em mesas mestradas pelos seus criadores! Como foi bacana entender melhor ainda a proposta de Deloyal escrita pelo Jorge Valpaços e o Rafão Araújo, entender melhor ainda como um rpg sobre movimentos de resistências, sobre ideais, luta pela liberdade foi pensado por um de seus autores.

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Meu personagem, um boxeador do movimento de resistência em Deloyal

Na mesa de Space Dragon do querido Igor Moreno, foi muito legal ver o encontro da ficção científica com a fantasia medieval pode ser realizado. Numa narrativa inspirada em um clássico como flash Gordon (durante a mesa fiquei com a trilha sonora do Queen na cabeça!), foi possível entender a intenção do Igor, ou pelo menos colocar algumas pulgas atrás da orelha desse cara que é uma máquina de criar jogos!  Aliás, nas duas mesas fiquei com uma impressão: como é importante jogar, se interessar pelo rpg indie nacional! Quando jogamos damos um retorno para quem produz, sobre a mecânica de jogo, sobre a ambientalização, sobre as tramas se constroem no cenário proposto!

Foi muito legal assistir algumas palestras  (que são muitas. Por isso, impossível de acompanhar todas elas), aqui eu destaco aquelas que pude acompanhar: Representatividade feminina nos Board Games, que contou com um bate papo super legal com a Aline Costa (Turno Extra), Vanessa (FunBox), Priscilla Terra (Board Games Girls) e a Patrícia Nate (Lady Lúdica). Nessa conversa foi bacana entender não só como os espaços dos jogos analógicos são restritos a participação das meninas, mas também sobre quais as mobilizações, construção de eventos estão sendo realizadas por e para elas.

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Bate papo sobre representatividade feminina!

A outra palestra que acompanhei mais de perto foi a de ilustração no mercado de jogos Analógicos, que contou com a presença da Annita Amedyr, Daniel Lustosa e Lucas Rodrigues. É legal notar a trajetória de ilustradores e ilustradoras, o envolvimento com os jogos analógicos e também muito da intencionalidade de suas ilustrações: quem é desenhado, como é desenhado… E também algumas impressões sobre o mercado dos jogos.

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Resenha sobre ilustrações em jogos analógicos!

Infelizmente não pude conferir a palestra do lendário Robert J. Schwalb, autor do recém financiado “Shadow of the Demon Lord” (que está à venda no site da pensamento coletivo) e foi mediada, de forma brilhante segundo alguns colegas que estiveram presentes, pelo Pedroka da Vertente Geek.

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Sim! Participei do financiamento coletivo do Shadow Of the Demon Lord!

Mas então o evento foi 100%? Irretocável? Não. Não mesmo. Algumas contradições que estão colocadas em nosso país parecem ganhar força no rpg. Como disse o Rafael Balbi, o rpg é um jogo super barato, que pode ser jogado da forma mais simples, mas ainda é excludente. E obviamente essa contradição tomou forma no evento. Não me parece mera coincidência que pessoas pretas, por exemplo, estão em espaços como esse somente (e majoritariamente) para trabalhar. Nada contra, nenhum problema com o trabalho, com o modo como a grande parcela da população sobrevive, mas somos minorias nesses eventos (ou estamos invisibilizados?). A minha amiga Eva Cruz, tradutora, autora, jogadora de RPG relatou, durante o evento, casos de assédio que ocorreram em mesas e espaços de jogos analógicos Brasil afora. Existe um silêncio muito grande sobre a presença da comunidade LGBTQ nas mesas de rpg. Esse é um problema do evento? Sim. O diversão offline pode acabar com essas contradições? Não. Mas, pode dar espaço para outras narrativas. Um passo importante foi dado com a mesa sobre representatividade e a palestra da Carolina Neves sobre o jogo de RPG “Goddess Save the Queen” (aliás, saiu o fast play do jogo) que está no processo de produção e foi escrito em parceria com Julio Matos. Mas outras possibilidades podem (e devem) ser realizadas. Ora, quantas mulheres estão interessadas falar de suas experiências nas mesas de rpg? Quantos autores negros que produziram grandes jogos poderiam ser atrações internacionais do diversão offline? (aqui deixo o crédito para o querido Stephinha que lançou a pergunta sobre autores e autoras não brancas e tivemos uma lista considerável, mas silenciada) O que mulheres transsexuais tem para dizer das mesas que elas jogam? Essas são algumas provocações sobre possíveis temáticas que poderiam ser abordadas em palestras do diversão offline e penso que as pessoas envolvidas com o evento precisam notar a importância do evento para propor novas narrativas. Não é possível cair na desculpa de que outras narrativas não aparecem (por que fantasia medieval é meramente branca?) porque o público não se interessa por outras narrativas. Esse tipo de pensamento esvazia um a importância de quem produz jogos de RPG! E sim, podemos ser intencionais com nossos jogos, nossos eventos, nossas mesas!

Confesso que cheguei ao Rio cheio de dúvidas, afinal fui a um evento que eu não conhecia, sozinho, não conhecia ninguém… Mas fui acolhido por um casal lindo (obrigado Bia e Rafa!), meu parceiro de cama era uma figura maravilhosa (Stephinha seu lindo), conversei com muito gente (foi muito legal a continuação do diversão offline nos bares da Lapa!), jogamos uma mítica mesa de Shotgun Diaries, que contou com aproximadamente 16 pessoas(!!!). Notei as contradições, mas também sai completamente inspirado por tudo que aconteceu.

Como ultima informação, uma boa notícia! A partir de 2018 teremos duas edições anuais do evento. No primeiro semestre e realizada em São Paulo e a segunda segue acontecendo no Rio de Janeiro, no segundo semestre.

 

Sigamos contando histórias e rolando dados.

ps: Não consegui jogar a mesa do querido Jefferson Neves. Belregard é um cenário que eu tô muito curioso em conhecer. Ainda jogarei!

ps2: Agradeço a todo mundo que me recebeu de forma linda no Rio. O pessoal da Vertente Geek, do RPG notícias, Sarjeta RPG, D&D da Depressão, Ordem do Dado, Tear dos mundos, Perdidos no Play, RedBox editora, Jambô, New Order… E em especial três pessoas que eu (re)conheci nessa vida – Eva Cruz, Thiago Rosa e Rafael Cruz!

NOTA

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